Eclipse do romance: autoconsciência narrativa e fatias de vida em Huxley, Döblin e Waugh
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v35i3p60-81Palavras-chave:
Crise do romance, Literatura comparada, Contraponto, Berlin Alexanderplatz, Vile BodiesResumo
O presente artigo desenvolve uma análise comparada de três romances publicados na passagem da década de 1920 para a de 1930: Contraponto ([1928] 2014), de Aldous Huxley, Berlin Alexanderplatz ([1929] 2019a), de Alfred Döblin, e Vile Bodies ([1930] 2012), de Evelyn Waugh. A análise pauta-se no conceito de crise do romance para investigar como esses escritores responderam às crises estéticas, políticas e sociais da primeira metade do século XX, traçando novos caminhos para o gênero novelístico a partir de procedimentos que envolvem contenção e dispersão, variação de pontos de vista, polifonia e autorreflexividade formal. A abordagem comparatista, centrada em autores de diferentes nacionalidades (dois ingleses e um alemão), permite uma compreensão mais abrangente desse momento crucial para a história do mundo tal qual representado pela ficção. Para tanto, é preciso também levar em conta as relações entre literatura e outras artes: a música erudita, em Huxley, e o cinema, em Döblin e Waugh.
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