As guardiãs das tradições religiosas: a representatividade das nochês em Os Tambores de São Luís e na poesia Comando Doce
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v35i3p82-98Palavras-chave:
Terreiro Mina, Candomblé, Mulher, Matriarcado, LiteraturaResumo
Este artigo propõe analisar comparativamente as nochês — mulheres negras, sacerdotisas e líderes — nos terreiros de Mina e Candomblé, respectivamente, na Casa das Minas e na Casa Jitolu de Os tambores de São Luís (MONTELLO, 2005) e a poesia Comando Doce (ILÊ AIYÊ, 2009). Ambas as obras destacam as sacerdotisas como guardiãs das tradições religiosas de matriz africana, sujeitos identitários e políticos que utilizam a religião como meio de resistência e de preservação cultural. Assim, busca-se, através deste estudo bibliográfico, evidenciar também o protagonismo feminino negro nos terreiros jeje-nagôs, oriundo dos povos iorubás, e o matriarcado como sistema de poder estrutural dessas comunidades. Além disso, este estudo mostra como a religião, com seus símbolos e rituais, continua sendo uma forma de resistência à dominação branca. Portanto, percebe-se que as mulheres têm papel fundamental na construção e na manutenção das comunidades religiosas e que os terreiros não são apenas lugares de orações, mas de preservação das tradições, dos costumes, da cultura e identidade negra.
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