As guardiãs das tradições religiosas: a representatividade das nochês em Os Tambores de São Luís e na poesia Comando Doce

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v35i3p82-98

Palavras-chave:

Terreiro Mina, Candomblé, Mulher, Matriarcado, Literatura

Resumo

Este artigo propõe analisar comparativamente as nochês — mulheres negras, sacerdotisas e líderes — nos terreiros de Mina e Candomblé, respectivamente, na Casa das Minas e na Casa Jitolu de Os tambores de São Luís (MONTELLO, 2005) e a poesia Comando Doce (ILÊ AIYÊ, 2009). Ambas as obras destacam as sacerdotisas como guardiãs das tradições religiosas de matriz africana, sujeitos identitários e políticos que utilizam a religião como meio de resistência e de preservação cultural. Assim, busca-se, através deste estudo bibliográfico, evidenciar também o protagonismo feminino negro nos terreiros jeje-nagôs, oriundo dos povos iorubás, e o matriarcado como sistema de poder estrutural dessas comunidades. Além disso, este estudo mostra como a religião, com seus símbolos e rituais, continua sendo uma forma de resistência à dominação branca. Portanto, percebe-se que as mulheres têm papel fundamental na construção e na manutenção das comunidades religiosas e que os terreiros não são apenas lugares de orações, mas de preservação das tradições, dos costumes, da cultura e identidade negra.

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Biografia do Autor

  • Welida Maria Gouveia Silva, Universidade Federal do Maranhão

    Mestranda no Programa de Pós-graduação em Letras de Bacabal – PPGLB; Membro dos Grupos de Pesquisa LECULT e GEPELIND. Possui graduação em Letras - Português pela Universidade Estadual do Maranhão(2018) e especialização em Língua portuguesa e literatura brasileira pela FAVENI-FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE(2020). Atualmente é Professor de Língua Portuguesa da Secretaria de Estado da Educação. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa.

  • Rubenil da Silva Oliveira, Universidade Estadual do Maranhão

    Professor Adjunto I de Literaturas de Língua Portuguesa, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Centro de Ciências, Educação e Linguagens (CCEL), Coordenação de Letras de Bacabal. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras de Bacabal - PPGLB-UFMA. Possui graduação em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (2004). Especialização em Mídias na Educação (UFMA); Especialista em Educação de Jovens, Adultos e Idosos (UEMA) e em Impactos da Violência na Escola (FIOCRUZ). Mestre em Letras (UESPI). Doutor em Letras - Estudos Literários (UFPA). Vice-líder do Grupo de Pesquisa Literatura, Enunciação e Cultura (LECULT). Líder do Grupo de Pesquisa em Literatura, Negritude e Diversidade (GEPELIND). Pesquisa Relações de Gênero na Literatura Afro-brasileira e homoafetiva, sobretudo, homoafetividade, feminino e sexualidades, erotismo, memória e estudos culturais.

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Publicado

2022-12-05

Como Citar

SILVA, Welida Maria Gouveia; OLIVEIRA, Rubenil da Silva. As guardiãs das tradições religiosas: a representatividade das nochês em Os Tambores de São Luís e na poesia Comando Doce. Linha D’Água, São Paulo, v. 35, n. 3, p. 82–98, 2022. DOI: 10.11606/issn.2236-4242.v35i3p82-98. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/linhadagua/article/view/191918.. Acesso em: 10 maio. 2024.