Considerações teóricas sobre a telicidade: uma abordagem comparativa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v35i2p140-159

Palavras-chave:

Aspecto semântico , Ponto final inerente , Interface sintaxe-semântica , Linguística comparativa , Tipologia linguística

Resumo

A telicidade é um valor aspectual semântico caracterizado pela presença de um ponto final delimitado linguisticamente na sentença. Tal categoria pode ser realizada de diferentes formas nas línguas. Neste trabalho, especificamente, realiza-se uma revisão da literatura sobre os meios pelos quais a telicidade pode ser expressa linguisticamente em português, espanhol, inglês, búlgaro, holandês, karitiana, sateré-mawé, dâw e japonês, com vistas à formulação de considerações teóricas sobre essa categoria aspectual semântica. Os dados indicaram que distintos fatores podem ser considerados na realização desse valor, abarcando artifícios fonológicos, morfológicos e sintáticos. Discutiu-se que os dados revisados neste estudo corroboram a argumentação de que a telicidade é uma informação codificada no sistema computacional, decorrente da concatenação dos elementos que compõem a sentença e, portanto, possui um status diferente dos demais valores aspectuais semânticos, considerados traços lexicais do verbo.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Jean Carlos da Silva Gomes, Universidade da Força Aérea

    Professor de Língua Espanhola na Universidade da Força Aérea. Doutorando e Mestre em Linguística, Licenciado e Bacharel em Letras: Português-Espanhol pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Já atuou como professor substituto de Linguística e de Espanhol na Universidade Federal do Rio de Janeiro e de Língua e Literatura em Espanhol na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Já atuou também como professor conteudista de Língua Portuguesa, Espanhol e Linguística na Universidade Estácio de Sá. Faz parte do grupo de pesquisa Biologia da linguagem, onde desenvolve pesquisas em linguística, centrando-se na área de descrição das línguas naturais e neurolinguística, com destaque em aquisição de L2 e déficits sintáticos em patologias da linguagem. Além disso, dedica-se ao estudo do processo de ensino-aprendizagem de espanhol como língua estrangeira.

Referências

ANDERSEN, R.; SHIRAI, Y. Primacy of Aspect in First and Second Language Acquisition: The pidgin/creole connection. In: RITCHIE, W.; BHATIA, T. (Org.). Handbook of second language acquisition. San Diego, CA: Academic Press, 1996. p. 527-570.

BACH, E. The algebra of events. Linguistics and Philosophy, v. 9, n. 5, p. 5-16, 1986. DOI: http://doi.org/10.1007/BF00627432.

BASSO, R. Telicidade e Detelicização. Revista Letras, Curitiba, n. 72, p. 215-232, 2007. DOI: http://doi.org/10.5380/rel.v72i0.7542.

BATTAGLIA, M. Aktionsart. Pandaemonium Germanicum, n. 3, v. 1, p. 259-271, 1999. DOI: https://doi.org/10.11606/1982-8837.pg.1999.63977.

BELIËN, M. Dutch manner of motion verbs: Disentangling auxiliary choice, telicity and syntactic function. Cognitive Linguistics, v. 23, p. 1-26, 2012. DOI: https://doi.org/10.1515/cog-2012-0001.

BERTINETTO, P. On a frequent misunderstanding in the temporal-aspectual domain: the perfective-telic confusion. In: CECCHETTO, C.; CHIERCHIA, G.; GAUSTI, M. (Org.). Semantic interfaces: reference, anaphora and aspect. Stanford: CSLI p. 177-210, 2001.

BORER, H. Structuring Sense: An Exo-Skeletal Trilogy. New York: Oxford University Press, 2005.

BRINTON, L. The Development of English Aspectual Systems. Cambridge: Cambridge University Press, 1988.

CARVALHO, M. Aspecto verbal na língua Dâw. 2016. Dissertação (Mestrado em Linguística). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. DOI: https://doi.org/10.11606/D.8.2016.tde-29082016-101849.

CELERI, W. A composicionalidade aspectual revisitada. 2008. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.

CINQUE, G. Adverbs and functional heads: a cross-linguistic perspective. New York: Oxford University Press, 1999.

COMRIE, B. Aspect: an introduction to the study of verbal aspect and related problems. New York: Cambridge University Press, 1976.

DAHL, O. Logic, Pragmatic and Grammar. Gotemborg: University of Göteborg, Departament of Linguistics, 1977.

DE MIGUEL, E. El aspecto léxico. In: BOSQUE, I.; DEMONTE, V. (Org.). Gramática descriptiva de la lengua española. Madrid: Espasa Calpe, 1999. p. 2977-3060.

DECLERCK, R. Aspect and bounded/unbounded (telic/atelic) distinction. Linguistics, London, n. 17, p. 761-794, 1979. DOI: https://doi.org/10.1515/ling.1979.17.9-10.761.

DOWTY, D. The semantics of verbs and times in Generative Semantics and in Montague’s PTQ. Dordrecht: Reidel, 1979.

FILIP, H. Lexical aspect. In: BINNICK, R. (Org.). The Oxford Handbook of Tense and Aspect. Oxford: Oxford University Press, 2011. p. 721-751.

FRANCESCHINI, D. C. A orientação e o aspecto verbal em Sateré-Mawé (Tupi). Revista de Estudos da Linguagem, v. 18, p. 161-186, 2010. DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2237-2083.18.1.165-186.

FUJIMORI, A. The correspondence between vowel quality and verbal telicity in Yamato-Japanese. 2001. Tese (Doutorado em Filosofia). University of Shizuoka, Shizuoka, 2001. DOI: https://doi.org/10.14288/1.0072106.

FURUYA, K. The DP hypothesis through the lens of Japanese nominal collocation constructions. 2009. Tese (Doutorado em Filosofia). The City University of New York, New York, 2009.

GOMES, J. Telicidade e sua compatibilidade com expressões adverbiais durativas no espanhol. 2017. Monografia (Graduação em Letras Português – Espanhol) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017. DOI: https://doi.org/10.13140/RG.2.2.23936.38408.

GOMES, J. Determinantes plurais na expressão de telicidade: o clítico aspectual “se” no espanhol da Colômbia e do Chile. Revista de Estudos da Linguagem, v. 30, p. 137-174, 2022. Disponível em: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/18308

GOMES, J.; MARTINS, A. Telicidade e determinantes plurais indefinidos no espanhol da Espanha. Domínios de Lingu@gem, v. 14, n. 2, p. 482-509, 2020a. DOI: https://doi.org/10.14393/DL42-v14n2a2020-6.

GOMES, J.; MARTINS, A. El “se” télico y la delimitación del complemento verbal en el español de Argentina y de Venezuela. Cadernos de Linguística, v. 1, n. 2, p. 01-23, 2020b. DOI: https://doi.org/10.25189/2675-4916.2020.V1N2ID183.

HOEKSTRA, R.; MULDER, R. Unergatives as copular verbs: Locational and existential predication. The Linguistic Review, v. 7, p. 1-79, 1990. DOI: https://doi.org/10.1515/tlir.1990.7.1.1.

HUYGHE, R. (A)telicity and the mass-count distinction: the case of French activity nominalizations. Recherches linguistiques de vicennes, v. 40, p. 101-126, 2011. DOI: https://doi.org/10.4000/rlv.1952.

KRATZER, A. Telicity and the Meaning of Objective Case. In: GUÉRON, J.; LECARME, J. (Org.). The syntax of time. Cambridge: MIT Press, 2004. p. 389-424.

KRIFKA, M. Thematic relations as links between nominal reference and temporal constitution. In: SAG, I.; SZABOLCSI, A. (Org.). Lexical matters. Stanford: CSLI, 1992. p. 29-53.

LEAH, C. A theoretical approach to telicity. Journal of Humanistic and Social Studies, v. 1, n. 2, p. 99-108, 2010.

LEHMANN, C. Interlinear Morphemic Glossing. In: BOOIJ, G.; LEHMANN, C.; MUGDAN, J.; SKOPETEAS, S. (Org.). Morphologie: Ein internationales Handbuch zur Flexion und Wortbildung. Berlin: W. de Gruyter, 2003. p. 1834-1857.

LOURENÇONI, D. O traço de telicidade e suas realizações no português do Brasil e no espanhol do Chile. 2014. Monografia (Graduação em Letras Português – Espanhol) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: https://pantheon.ufrj.br/handle/11422/2036.

LOURENÇONI, D. Telicidade e sua realização pelo operador aspectual se no espanhol. 2017. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

MARTINS, A.; GOMES, J.; LOURENÇONI, D. Telicidade e expressões adverbiais durativas no espanhol da Espanha: uma análise a partir do se télico. Caderno de squibs: temas em estudos formais da linguagem, v. 3, n. 1, p. 1-15, 2017.

MARTINS, S. Fonologia e gramática da língua Dâw: Tomo I e II. 2004. Tese (Doutorado em Linguística). Universidade de Amsterdã, Amsterdã, 2004.

MOREIRA, S. Aquisição do aspecto imperfectivo contínuo no tempo presente por falantes do português do Brasil/L1 aprendizes do Francês/L2. 2020. Dissertação (Mestrado em Linguística). Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020.

MOURE, T. El contenido aspectual telicidad en las cláusulas biactanciales del español. Verba, n. 18, p. 353–374, 1990.

MOURELATOS, A. Events, processes and states. Linguistics and Philosophy, v.2, p. 415-434, 1978. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/25000995.

NESPOLI, J. Representação mental do perfect e suas realizações nas línguas românicas: um estudo comparativo. 2018. Tese (Doutorado em Linguística). Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.

RAMCHAND, G. Verb Meaning and the Lexikon: a First Phase Syntax. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.

RIGAU, G. Les propietats dels verbs pronominals. Els Marges, v. 50, p. 29-39, 1994. Disponível em: https://raco.cat/index.php/Marges/article/view/111162.

RITTER, E.; ROSEN, S. Delimiting events in syntax. In: BUTT, M.; GEUDER, W. (Org.). The Projection of Arguments: Lexical and Compositional Factors. Stanford, CA: CSLI Publications, 1998. p. 135-164

ROTHSTEIN, S. Theoretical and crosslinguistic approaches to the semantics of aspect. Amsterdam: Benjamins, 2008.

SANCHEZ-MENDES, L. A modificação de grau no domínio verbal em Karitiana: Evidência para escalas indeterminadas. Llames, v. 15, p. 125-147, 2015. DOI: https://doi.org/10.20396/liames.v15i1.8641499.

SANZ, M. LAKA, I. Oraciones transitivas con se: El modo de acción en la sintaxis. In: LÓPEZ, C. (Org.). Las construcciones con se. Madrid: Visor Libros, 2002. p. 309-336.

SIGURðSSON, H. Meaningful silence, meaningless sounds. Linguistic variation yearbook, v. 4, p. 235-259, 2004.

SLABAKOVA, R. L1 Transfer revisited the L2 Acquisition of telicity marking in English by Spanish and Bulgarian native speakers. Linguistics, n. 38-4, p. 739-770, 2000.

SUÁREZ CEPEDA, S. Pedro comió la torta vs. Pedro se comió la torta: L2 Acquisition of Spanish Telic se constructions. Anuario, n, 7 - Fac. de Cs. Humanas - UNLPam, p. 277-295, 2005.

SMITH, C. The Parameter of Aspect. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1991.

TAYLOR, B. Tense and continuity. Linguistics and Philosophy, v. 1, p. 199-220, 1977. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/25000953.

TRAVIS, L. Event structure in syntax. In: TENNY, C.; PUSTEJOVSKY, J. (Org.). Events as Grammatical Objects: The Converging Perspectives of Lexical Semantics and Syntax. Stanford: CSLI, 2000. p. 145-185.

VELUPILLAI, V. An introduction to linguistic typology. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins, 2012.

VENDLER, Z. Linguistics in Philosophy. Ithaca: Cornell, 1967.

VERKUYL, H. Aspectual composition: surveying the ingredients. In: DE SWART, H.; VAN HOUT, A.; VERKUYL, H.. (Org.). Perspectives on Aspect. Dordrecht: Kluwer, 2003.

WACHOWICZ, T. Telicidade e classes aspectuais. Revista do GEL, v. 5, n. 1, p. 57-68, 2008. Disponível em: https://revistas.gel.org.br/rg/article/view/133.

Downloads

Publicado

2022-08-15

Como Citar

GOMES, Jean Carlos da Silva. Considerações teóricas sobre a telicidade: uma abordagem comparativa. Linha D’Água, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 140–159, 2022. DOI: 10.11606/issn.2236-4242.v35i2p140-159. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/linhadagua/article/view/192015.. Acesso em: 18 abr. 2024.