A voz da mulher não especialista na (co)autoria de planos de parto: estratégias de acesso à escrita do gênero
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v37i2p9-29Palavras-chave:
Gestante, Plano de parto, Interacionismo Sociodiscursivo, Não especialistaResumo
O plano de parto configura-se como um instrumento de proteção ante à violência obstétrica, possibilitando à gestante o processo de tomada de decisão consciente sobre os processos do parto. Entretanto, nem todas as mulheres conseguem produzi-lo autonomamente e, assim, determinados agentes disponibilizam planos de parto pré-construídos para o preenchimento pela parturiente. Objetiva-se, neste trabalho, analisar as estratégias utilizadas pelos autores empíricos de dois planos de parto, a fim de possibilitar a construção do gênero por mulheres não especialistas. Na pesquisa, de caráter qualitativo-interpretativista, utilizamos, como aporte teórico-metodológico, o Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), valendo-nos das categorias do folhado textual (Bronckart, 2012). Observamos que a estruturação linguístico-discursiva dos planos objetiva trazer à mulher não especialista a capacidade de atuar em relação aos seus direitos reprodutivos e à sua saúde, orientando-a, para isso, com informações necessárias à compreensão dos processos e dos procedimentos relativos ao parto, o que coopera para o seu letramento em saúde. Ademais, constatamos a orquestração de diferentes vozes, que se fundem à da mulher ou se apagam nos textos, para torná-la a (co)autora final desses planos, possibilitando o letramento necessário para o exercício de sua cidadania e o seu reposicionamento como agente no cenário de assistência ao parto.
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