Letramento em saúde em documentos do século XVIII: contribuições da Filologia
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v37i2p252-283Palavras-chave:
Filologia portuguesa, Linguistica, Combate à varíolaResumo
O texto do primeiro documento apresentado neste artigo para ilustrar a questão do letramento em saúde, uma publicação de 1768, destaca-se por recorrer a diferentes formas de organização do conhecimento para convencer as autoridades sobre a necessidade da utilização, em massa, do processo de inoculação contra a varíola, doença que atingia a Europa e o Brasil. Trata-se de uma carta do médico inglês dr. Gualter Wade, que, vivendo em Portugal, respondia a uma consulta sobre o que haveria de novo e digno de se imitar no combate à varíola. Além da representatividade da linguagem utilizada no documento, amostra de esforço do referido médico para comprovar a segurança da inoculação para a eliminação das bexigas, o tema vem a calhar com os debates atuais, em que ainda se discute a eficácia de vacinas contra doenças infecciosas. O segundo documento, de 1775, manuscrito do capitão-general da capitania de São Paulo, Martim Lopes Lobo de Saldanha, dirigido ao então secretário de Estado da Marinha e do Ultramar, Martinho de Melo e Castro, mostra-se como um contraponto sobre a abordagem da questão sanitária, em relação ao documento de 1768, já que medidas caseiras e nada eficazes continuavam sendo utilizadas na colônia.
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