Narração postmortem em A casa dos mastros, de Orlanda Amarílis
Trauma pela lente marginal das mulheres cabo-verdianas
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9826.literartes.2018.148652Palavras-chave:
fantástico, narração póstuma, marginalidade, mulheres, Cabo VerdeResumo
Em 1989, a escritora cabo-verdiana Orlanda Amarílis publica A Casa dos Mastros, coletânea em que dois dos sete contos, “A Casa dos Mastros” e “Laura,” são narrados por mulheres defuntas, ambas com finais trágicos: uma suicidou-se saltando de uma varanda, e a outra foi atropelada ao atravessar a rua. Quem são estas mulheres? Por que morreram? Por que são as suas histórias importantes? Defendo que as narradoras póstumas dos contos de Amarílis, enquanto figuras transcendentes, têm a autoridade de falar a verdade, podendo, por fim, expressar-se livremente acerca dos seus próprios traumas ou dos traumas dos que as rodeiam. A sua posição marginal de mulheres defuntas dá-lhes, no entanto, a agência ativa que lhes fora recusada em vida, tempo em que foram silenciadas pela sociedade pelo facto de serem mulheres. As mulheres resistem a partir da margem, ainda que seja uma margem tão intransponível como a morte. Este artigo explora a necessidade de contar a sua história postmortem, bem como as implicações sociais e políticas das suas ações.
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