Boxing Cravan: cinematógrafo, estranhamento, subitaneidade
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i20p132-147Palavras-chave:
Documentário cinematográfico, “ostranenie”, subitaneidade.Resumo
Proponho, neste ensaio, uma leitura de alguns aspectos da cinematografia do documentário Cravan vs Cravan (2002) do realizador catalão Isaki Lacuesta. O filme centra-se na figura de Arthur Cravan (1887-1918), que nos tempos inflamados das primeiras décadas do século XX, concretamente em 1916, se bateu com Jack Johnson em Barcelona. Destrudo radical, a que animou este poeta-boxeur: negação paroxística, pelo viés de uma espécie de performance agônica, da arte museificada ou póstuma. Neste sentido, trata-se de um gesto emblemático do ato criativo no tempo das vanguardas históricas. Defuntas as obras de arte, o artista enfrenta- se ao mundo com os punhos, apostando o ardor efêmero do corpo vivo na combustão do combate singular. Articulo, para a minha proposta de leitura do filme, um marco especulativo que visa alinhar as noções de “ostranenie” (Shklovsky) e de “subitaneidade” (Bohrer), bem como algumas determinações materiais do cinema.