Educação e processos de criação: relações contemporâneas

2022-08-02

Prazo de submissão ampliado: 31/10/2022

 

A crítica genética tem se ampliado e diferentes processos criativos se tornaram objetos de pesquisa e análise. Esse movimento iniciou com as diferentes manifestações artísticas e, posteriormente, integrou outras áreas, incluindo o aspecto criativo dos processos educacionais em diferentes cenários.

Citamos, por exemplo, a legislação atual relacionada ao ensino médio, a qual aponta os processos criativos como um eixo estruturante que visa a “[...] expandir a capacidade dos estudantes de idealizar e realizar projetos criativos associados a uma ou mais Áreas de Conhecimento, à Formação Técnica e Profissional, bem como a temáticas de seu interesse” (Portaria nº 1.432 de 28 de dezembro de 2018).

Ao pensarmos nas possíveis relações entre educação e processos criativos, trazemos um trecho dos escritos de Paulo Freire, no qual ele nos convoca a assumir a potência da imaginação criadora como possibilidade de desenharmos nossos sonhos.

“É necessário que a professora ou o professor deixem voar criadoramente sua imaginação, obviamente de forma disciplinada. E isto desde o primeiro dia de aula, demonstrando aos alunos a importância da imaginação em nossa vida. A imaginação ajuda a curiosidade e a inventividade da mesma forma como aguça a aventura, sem o que não criamos. A imaginação naturalmente livre, voando ou andando ou correndo livre. No uso dos movimentos do corpo, na dança, no ritmo, no desenho, na escrita, desde o momento mesmo em que a escrita é pré-escrita – é garatuja. Na oralidade, na repetição dos contos que se reproduzem dentro de sua cultura. A imaginação, que nos leva a sonhos possíveis ou impossíveis, é necessária sempre. É preciso estimular a imaginação dos educandos, usá-la no “desenho” da escola com que eles sonham”. (FREIRE, 1997a, p. 47)

Para o próximo número da Manuscrítica, convidamos a todos(as) para a submissão de artigos que contemplem processos criativos envolvidos na educação que mobilizem a construção de saberes outros e diversos, podendo acolher diferentes contextos relacionados à educação básica (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos) e à educação superior, além de práticas pedagógicas, explícitas ou não, que estão presentes em situações não escolares, como nas ações educativas de museus, ONGs, casas de cultura etc., assim como situações educacionais em processos de criação artística.

Assim, os artigos poderão abordar alguns dos temas abaixo, sem se restringir a eles.

. Propostas didáticas que envolvam a criatividade.

. A criação de um ambiente propício para o trabalho criativo.

. Os processos criativos presentes no planejamento de atividades educativas.

. Processos pedagógicos desenvolvidos nas práticas artísticas.

. Processos educativos no âmbito das instituições culturais.

. Discussões sobre o processo criativo no contexto da escola e/ou da universidade.

. A criatividade na formação de docentes.

 

Por fim, trazemos novamente Paulo Freire quando defende que “Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fizemos” (FREIRE, 1997b, p. 35). É justamente essa dimensão da nossa ação no mundo curiosa e criativa, experimentada em variados processos educacionais, que nos interessa compreender mais profundamente.

Referências:

FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d’Água, 1997a.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1997b.

A revista Manuscrítica aceita igualmente textos de temática livre, resenhas, traduções e comentários de manuscritos. As contribuições podem ser escritas em português, francês, espanhol e inglês, e devem ser enviadas por meio do site, de acordo com as normas da revista: https://www.revistas.usp.br/manuscritica.