O mito de Tristão e Isolda inscrito na Antiguidade: Contribuições teórico-metodológicas para além da Idade Média

Autores

  • Ana Carolina Pedroso Alteparmakian Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2177-4218.v11i1p317-349

Palavras-chave:

Gênero, Romance, Mulheres, Mitologia, Patriarcado

Resumo

O artigo se propõe a um levantamento teórico-metodológico, e também historiográfico, de três elementos que permeiam o conteúdo do mito de Tristão e Isolda. O primeiro busca analisar o significado do termo gênero, como instrumento de análise caro à ideia de “mulher medieval”; o segundo visa discutir a compreensão e difusão dos mitos durante a Antiguidade e Idade Média. E, por último, será abordada a interpretação formulada por Jean Markale, em La Femme Celte: amparado sobre a teoria da existência de sociedades ginecocratas pré-históricas, o mitólogo realiza uma análise da personagem Isolda e identifica-a com traços femininos advindos das sociedades célticas. Discutiremos, assim, a importância destes três elementos para o conhecimento mais profundo do mito tristânico, narrativa que se ampara sobre pressupostos anteriores à Idade Média, época de sua (re)emergência.

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Biografia do Autor

  • Ana Carolina Pedroso Alteparmakian, Universidade de São Paulo

    Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em História Social, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP). Possui Bacharelado e Licenciatura em História pela FFLCH/USP. Membro do LABORA/USP (Laboratório de Estudos sobre Pensamento e Cultura na Idade Média).

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Publicado

2020-09-28

Edição

Seção

Dossiê

Como Citar

O mito de Tristão e Isolda inscrito na Antiguidade: Contribuições teórico-metodológicas para além da Idade Média. (2020). Mare Nostrum, 11(1), 317-349. https://doi.org/10.11606/issn.2177-4218.v11i1p317-349