Chamada de artigos (2023.1) - Dossiê: "Modelos de Interpretação do Mediterrâneo Antigo"

2022-08-03

          Nas últimas décadas, os estudos sobre História Antiga — e os estudos históricos em geral — têm sido profundamente remodelados, ganhando novos objetos e novos métodos de interpretação. Trata-se de colocar, ao mesmo tempo, novas perguntas a antigos objetos de estudo, sejam estas provenientes de novos documentos, como os trazidos à luz pela arqueologia, seja porque compõe o quadro amplificado sobre o qual propomos antigas questões.

          Essas novas perguntas fazem com que a área se renove constantemente. Dentre as metodologias que começam a transformar a área, destacam-se abordagens que visam a análises mais amplas temporal e, sobretudo, espacialmente. Desde o consagrado Corrupting Sea (2000), dos historiadores Nicholas Purcell e Peregrine Horden, dedicado aos estudos da História do Mediterrâneo — em oposição à História no Mediterrâneo, proposta por Fernand Braudel —, a questão do espaço de análise do Mundo Antigo tem sido uma questão relevante para os Estudos Clássicos. Recentemente, temos visto pesquisas que partem das premissas da História do Mediterrâneo e do processo de mediterranização, para ampliar suas abordagens e tratar i) ora de uma história mais globalizante — que vislumbra estudos que articulem os povos das margens do Mediterrâneo com povos que ocupam outros espaços —; ii) ora da formação das redes de contato que o processo de integração desse espaço faz surgir e refluir. No primeiro caso, temos a forte influência das metodologias e dos debates relativos à História Global abordando processos de integração, desintegração e crises vivenciados e enfrentados por diferentes grupos humanos em momentos chave da Antiguidade. No segundo, cada vez mais temos visto o aparato instrumental das Análises das Redes Sociais integrando pesquisas de redes de dimensões e escalas distintas, que se formam e se modificam no mesmo período histórico. 

          Nesse sentido, é possível fazer-se a seguinte pergunta: até que ponto essa virada nos estudos brasileiros dos mundos pré-capitalistas vem acompanhada de novas metodologias e novos aparatos instrumentais? Quais são os limites dessa novas perspectivas e métodos de análise?

          O atual número da revista Mare Nostrum propõe essa reflexão para os pesquisadores e estimula o envio de contribuições que lidem com questões metodológicas dessa natureza e/ou que debatam novas abordagens e novas metodologias de interpretação do Mundo Antigo, com especial ênfase nas metodologias da História Global e da Análise das Redes Sociais. Convidamos pesquisadoras e pesquisadores das diversas áreas do conhecimento para enviarem suas contribuições para esse importante debate teórico-metodológico. O espaço da revista está aberto tanto para revisões bibliográficas quanto para apresentação de estudos que apresentem a aplicação de métodos que dialogam com a temática aqui discutida. 

 

Organizadores do dossiê:

Prof. Dr. Norberto Luiz Guarinello (USP)

Prof. Dr. Bruno dos Santos Silva (USP)

Profa. Dra. Thais Rocha da Silva (USP/Oxford University)

 

Prazo para submissão de artigos: 31 de Maio de 2023

 

Lembramos ainda que a Revista Mare Nostrum aceita a submissão de artigos de tema livre e resenhas críticas em regime de fluxo contínuo. Não deixe de enviar o seu manuscrito!