As moedas das mulheres imperiais

Autores

  • Tais Pagoto Bélo Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2177-4218.v11i1p259-286

Palavras-chave:

Mulheres imperiais, Moedas, Roma

Resumo

Este artigo visa expor a imagem pública de algumas mulheres do final da República e início do Império através de exemplares de moedas que datam do período do Principado, que se estabeleceu com Augusto (27 a.C.), até a morte de Nero (68 d.C.). Tem-se o intuito de ilustrar como, nesse período, essas mulheres melhoraram sua visibilidade na vida pública, por meio de afazeres ligados à família imperial, que as levaram ao Patronato e, consequentemente, à autopropaganda, englobando suas imagens em moedas, como uma forma de se demonstrar poder.

As mulheres dessa época eram restritas à vida privada e doméstica devido à existência da patria potestas, que era significante e marcava as relações de poder do pai dentro da família romana, classificando a mulher como desigual ao homem. A conquista das mulheres em terem seus nomes lembrados, através de estátuas, placas e moedas, era algo recente no final da República e início do Império, tendo sido estabelecida através do Patronato. A lembrança da pessoa, dessa forma, era importante e poderia repercutir por gerações na família.

As moedas com representações das mulheres imperiais possibilitam não somente reconstruir cronologicamente a existência delas na história, mas também revelam que elas eram ativas na vida pública.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Tais Pagoto Bélo, Universidade de São Paulo

    Pós-doutoranda do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo.

Referências

Cassio Dio. (1914–27). Roman History. (E. Cary, trad.).W. Heinemann.

Plutarch. (1965). Mark Antony. In: I. Scott-Kilvert (translated and introduction), Makers of Rome. Penguin Books.

Tacitus, P. C. (1952). The Annals and The Histories. (J. A. Church, W. J.Brodribb& J.Great, trads.).PenguinClassics.

Balandier, g. (1980). O poder em cena. EDUnB.Barrett, A. A. (1996). Agrippina: sex, power, and politics in the early empire. Yale University Press.

Bélo, T. P. (2014). Boudica e as facetas femininas ao longo do tempo: nacionalismo, feminismo, memória e poder.[Tese de doutoramento, Universidade Estadual de Campinas].

Bélo, T. P. & Funari, P. P. A. (2017). As romanas e o poder nos Anais de Tácito. Clássica: Revista Brasileira de Estudos Clássicos. 30(2), 75–90.

Bilge, S. (2009). Théorisations féministes de l’intersectionnalité. Diogène, 1 (225),70–88.

Bielman, A. (2012). Female patronage in the Greek Hellenistic and Roma Republican periods. In: S. L. James &S.Dillon (Eds.). A companion to women in the ancient world. Willey-Blackwell.

Bobbio, N. et al. (Org.). (1986). Dicionário de política. EDUnB.

Brennan, P. (2007). Faces of power. In:P.Brennan,M. Tunner&L.Wright (Orgs.). Faces of power: imperial portraiture on Roman coins. The University of Sidney.

Taís Bélo. As moedas das mulheres imperiais.

Busino, G. (1980). Propaganda. In Enciclopedia Einaudi.Giulio Einaudi, 11,275–295.

Deniaux,E. (2006). Patronage. In N. Rosenstein &R.Morstein-Marx (Eds.). A companion to the roman republic.Blackwell Publishing Ltd.

Dixon, S. (1983). A family business: women’s role in patronage and politics at Rome, 80 –44 B.C. Classica et Mediaevalia,34, 91–112.

Filho, E. P. & Vasconcelos, E. (2007). Foucault: da microfísica à biopolítica.In M.Rago& A. L.Martins (Orgs). Revistaaulas: dossiê Foucault,1(3), 1–22.

Fischler, S.(1994). Social Stereotypes and Historical Analysis: the case of the imperial women at Rome. In Women in Ancient Societies(pp.115–133). Routledge.

Florenzano, M. B. (1991). Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. (9 ed.). Vozes.

Florenzano, M. B. (2015). A moeda romana na Antiguidade: uma introdução à história e aos significados das emissões monetárias. InM. B.Florenzano, A. M.Ribeiro &V. L.Monaco (Orgs.). A coleção de moedas romanas da Universidade de São Paulo, Museu Paulista, Museu de Arqueologia e Etnologia. MAE/USP.

Foucault, M. (2001). História da sexualidade I: a vontade de saber. (14 ed). Graal.

Fustel de Coulanges, N. D. (1890). Les origines du système feodal. Hachette.

Gardner, J. F. (1990). Women in Roman law and society. Routledge.

Godechot, J. (1952). La propagande. Annales,34, 515–517.

Gonçalves, A. T. M. (2002). A construção da imagem imperial: formas de propaganda nos governos de Septímio Severo e Caracala. [Tese de pós-graduação, USP].

Gonçalves, A. T. M. (2014). Entre gregos e romanos: história e literatura no mundo clássico. Revista Tempo, 20. 1–14.

Harvey, T. (2020). Julia Augusta: images of Rome’s first empress on the coins of the Roman empire.Routledge: Tayor & Francis Group.

Hidalgo de La Vega, M. J. (1995). El intellectual, la realeza y el poder politico en el imperio romano.Ediciones Universidad.

Mare Nostrum, ano 2020, v. 11, n. 1.

Hodder, I. (1986). Reading the past: current approaches to interpretation in archaeology.Cambridge University Press.

Huici Modenes, A. (1996). Estrategias de la persuasión: mito y propaganda política.Alfar.

Kergoat, D. (1978).Ouvriers = ouvrières? Propositions pour une articulation théorique de deux variables: sexe et classe sociale. Critiques de l’Économie Politique, 5,65–97.Kergoat, D. (2010). Dinâmica e consubstancialidade das relações sociais.Novos Estudos Cebrap, 86,93–103. [Em francês:Dynamique et consubstantialité des rapports sociaux InE.Dorlin (Org.). Sexe, race, classe: pour une épistémologie de la domination(pp. 111–125). Actuel Marx Confrontations, 2009].

Laplantine, F.&Trindade, L. (1997). O que é imaginário. Brasiliense.

Levick, B. (1982). Propaganda and the Imperial coinage. Antichthon16, 107–108.

Maia, A. C. B. (2005). Identidade e papéis sexuais: uma discussão sobre gênero na escola.InC. C. B.Maia& A. F.Maia (Orgs.). Sexualidade e Infância. CadernosCecemca,1.Cecemca MEC/SEF, 66–82.

Mazza, M. (1970). Lotte sociali e restaurazione autoritaria nel III Secolo d.C. University of Winsconsin.

Mead, M. (1969). Sexo e temperamento. Perspectiva.

Meyers, R. (2012). Female portraiture and female patronage in the high imperial period. In S. L. James &S. Dillon (Eds.). A companion to the women in the Ancient World(pp. 453–466). Blackwell Publishing.

Nolasco, S. (1993). O mito da masculinidade.Rocco.

Omena, L.M. (2007). Os Ofícios: Meios de Sobrevivência dos Setores Subalternos da Sociedade Romana. Fenix: Revista de História e estudos culturais, 4(1). Universidade de São Paulo, 01–13.

Pereira, M. E. (2002). Psicologia social dos estereótipos.EPU.

Taís Bélo. As moedas das mulheres imperiais.

Porto, V. C. (2012). As moedas romanas da Península Ibérica e da Síria-Palestina: uma tentativa de diálogo. Mare Nostrvm –Estudos sobre o Mediterrâneo Antigo. n. 3, 13–32.

Porto, V. C. (2014). A cidade como discurso ideológico: monumentalidade nas moedas do Império Romano.Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia.Supl., 18, 93–101.

Porto, V. C. (2018). O culto imperial e as moedas do Império Romano. Phoînix,24(1),138–154.

Rawson, B. (2006). Finding roman women.InN.Rosenstein &R. M.Marx(Eds.) A companion to the roman republic(pp.324–341).Blackwell Publishing.

Reis, K. C. F&Maia, A. C. B. (2009). Estereótipos sexuais e a educação sexista no discurso de mães. InT. G. M. Valle (Org.). Aprendizagem e desenvolvimento humano: avaliações e intervenções(pp. 137–154).Cultura Acadêmica.

Revell, L. (2016). Ways of being roman: discourses of identity in the roman west.Oxbow Books.

Riess, W. (2012). Rari exempli femina: female virtues on Rome. In S. L. James &S.Dillon (Orgs.). A companion on women in the Ancient World(pp. 491–501).Wiley-Blackwell.

Sampaio, A. O. & Venturini, R. L. B. (2009). Uma breve reflexão sobre a família na Roma Antiga. VI Jornada de Estudos Antigos e Medievais –Trabalhos CompletosDisponível em: http://www.ppe.uem.br/jeam/anais/2007/trabalhos/030.pdf.(recuperado em 07 de novembro de 2015).

Shanks, M.&Tilley, C. (1992). Reconstructing Archaeology: theory and practice. (2nded.). Routledge.

Sordi, M. (Ed.). (1974). Contributi dell’Istituti di Storia Antica.Università Cattolica del Sacro Cuore.

Souza, F. C. (2006). Meninos e meninas na escola: um encontro possível? Zouk.

Mare Nostrum, ano 2020, v. 11, n. 1.

pencer-Wood, S. (1999). Gendering power.InT.Sweely (Ed.). Manifesting power: gender and the interpretation of power in archaeology(pp. 175–183).Routledge.

Sutherland, C. H. V. (1986). Compliment or complemente? Dr. Levick on Imperial coin types. Numismatic Chronicle,146, 85–93.Tunner, M. (2007). Foreword. InP. Brennan,M.Tunner &L.Wright (Orgs.). Faces of power: imperial portraiture on Roman coins.The University of Sidney.

Wallace-Hadrill, A. (1986). Image and authority in the coinage of Augustus. Journal of Roman Studies,76,67–68.

Whitaker, D. C. A. (1995). Menino –Menina: sexo ou gênero? InR. V.Serbino&Grande (Orgs.). A escola e seus alunos: o problema da diversidade cultural(pp. 31–52).Unesp.

Wood, S. E. (1999). Imperial women: a study in publicimages, 40 BC–AD 68.Brill’s Scholars’ List.

Zager, I. (2014). The political role of women of the Roman elite, with particular attention to the autonomy and influence of the Julio-Claudian women (44 BCE to CE 68). [ degree of Master of Arts, University of South Africa].

Zenhas, A. (2007). Estereótipos de gênero. Disponível em:https://www.educare.pt/opiniao/artigo/ver/?id=11982&langid=1recuperado em 27 de abrilde2017).

Downloads

Publicado

2020-09-28

Edição

Seção

Dossiê

Dados de financiamento