Plutarco e os Lágidas: representação identitária e propaganda imperial

Autores

  • Felipe Aiala de Mello Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2177-4218.v12i2p279-301

Palavras-chave:

Plutarco, Vidas Paralelas, Lágidas, Oriente, Propaganda Imperial

Resumo

Este artigo busca analisar as representações identitárias dos Lágidas e do Oriente forjadas por Plutarco em Vidas Paralelas. Ao falar de um lugar ideologicamente marcado, sob o ponto de vista de um cidadão de uma polis grega (Queroneia) que viveu sob o domínio romano, Plutarco reconfigura fatos, dados, enfim, a própria história, com uma escrita de cunho biográfico, documental e histórico e, ao mesmo tempo, estrategicamente, dramático, teatral, emocionado e moralizante. Busca-se mostrar que Plutarco, ao forjar a representação da dinastia Ptolomaica, o faz sob uma perspectiva imperialista e orientalista, coadunando com a ideologia romana. As principais categorias analíticas utilizadas na consecução deste texto são imperialismo, orientalismo e representação/identidade. A metodologia utilizada na análise baseia-se na forma tradicional do trabalho do historiador, qual seja, a das críticas internas e externas das fontes, aliada à análise de conteúdo. Vemos que Plutarco, a partir de dicotomias opositivas estereotipadas sustentadas por preceitos helênicos, subjuga os Lágidas e o Oriente, em prol de uma suposta superioridade baseada em uma hierarquização cultural e moral, em sintonia com a propaganda romana.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Felipe Aiala de Mello, Universidade Federal de Minas Gerais

    Doutorando do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Minas Gerais, mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Pesquisador do MAAT-UFRN (Grupo de Estudo de História Antiga).

Referências

Fontes

Plutarco. (1953). Vidas Paralelas. Tradução do francês para o português de Padre Vicente Pedroso. São Paulo: Editora das Américas.

Obras

Aburto, L. L. (2011). “El helenismo y sus límites. Algunas notas sobre el concepto de helenismo y su evolución”. In Limes – Revista de Estudios Clásicos. nº 21. Limes: Universidad Metropolitana de Ciencias de la Educación, (pp. 107-128).

Bakhitin, M. (1993). “Biografia e autobiografia antigas”. In Questões de Literatura e de Estética – A Teoria do Romance. São Paulo: Universidade Estadual de São Paulo – UNESP, (pp. 250-262).

Beck, M. (2014). (ed.). A companion to Plutarch. Pondicherry: Blackwell.

Bevan, E. R. (1934). Histoire des Lagides – 323-30 av. J.-C. Paris: Payot.

Boulogne, J. (1994). Plutarque, un aristocrate grec sous l’occupation romaine. Lille: Presse de l’Université de Lille.

Callatay, F. (2015). Cléopâtre, usages et mésusages de son image. Liège: Académie Royale de Belgique.

Erskine, A. (2010). Roman Imperialism. Edinburgh: Edinburgh University Press.

Flacelière, R. (1963). “Rome et ses empereurs vus par Plutarque” In L’Antiquité Classique. nº XXXII, (pp. 28-47).

Flacelière, R. (1964). La Sagesse de Plutarque. Paris: Presses Universitaires de France.

Foss, M. (1987). The Search for Cleopatra. New York: Arcade Publishing.

Funari, P. P. A. (org.). (2003). A vida quotidiana na Roma Antiga. São Paulo: Annablume, (pp. 11-15).

Gaudefroy, O. (2017). Cléopâtre l’immortelle – de l’histoire à la légende. Paris: Arléa.

Goldsworthy, A. (2012). Antônio e Cleópatra. Lisboa: A esfera dos Livros.

Grant, M. (1972). Cleopatra – A Biography. London: Weidenfeld and Nicolson.

Guarinello, N. L. (2009). “Império Romano e Identidade Grega”. In FUNARI, P. P. A.; SILVA; M. A. O. (eds.). Políticas e Identidades no Mundo Antigo. São Paulo: Fapesp/Annablume, (pp. 147-161).

Gurval, R. A. (1998). Actium and Augustus – The Politics and Emotions of Civil War. Michigan: The University of Michigan Press.

Huzar, E. G. (1988a). “Alexandria ad Aegyptum in the Julio-Claudian Age” In HAASE, W.; Temporini, H. (eds.). Aufstieg und Niedergang der Römischen Welt II.10.1. Berlin/ New York: Walter de Gruyter, (pp. 619-668).

Martín, C. A.; González, M. G. (2010). “Traducción, Introducción, comentarios y notas” In Plutarco. Vidas Paralelas – Alexandre y César. Madrid: Gredos.

Martins, P. (2007). “Os bons, os maus e os feios – historiografia do pensamento greco-romano” In Discutindo Literatura. v. 19. São Paulo, (pp. 22-26).

Mattingly, D. J. (2011). Imperialism, Power, and Identity – Experiencing the Roman Empire. Princeton: Princeton University Press.

Mello, F. A. (2019). Identidades e espaços – as representações de Cleópatra e do Egito em ‘Vida de Antônio’, de Plutarco (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.

Momigliano, A. (1993). The Development of Greek Biography. Cambridge: Cambridge University Press.

Pinheiro, J. (2012). “Roma nas Vidas Paralelas de Plutarco” OLIVEIRA, F.; TEIXEIRA, C.; DIAS, P. B. (eds.). Espaços e Paisagens – Antiguidade Clássica e Heranças Contemporâneas. v. I. Língua e Literaturas: Grécia e Roma. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra/Annablume, (pp. 237-245).

Pinheiro, J. (2013). Tempo e espaço da paideia nas Vidas de Plutarco. Série Supplementum. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra.

Revell, L. (2009). Roman Imperialism and Local Identities. Cambridge: Cambridge University Press.

Rochette, B. (1997). “Grecs, Romains et Barbares – à la recherche de l’identité ethnique et linguistique des Grecs et des Romains” In Revue Belge de Philologie et d’Histoire. nº 75-1, (pp. 37-57).

Rodrigues, N. S. A. (2013). “The one ‘Of the Inimitable life’ – Metaphor for Alexandria in Plutarch” In Sousa, R.; FIALHO, M. C.; Haggag, M.; Rodrigues, N. S. (eds.). Alexandrea ad Aegyptum – The Legacy of Multiculturalism in Antiquity. Porto: Edições Afrontamento, (pp. 62-73).

Rodrigues, N. S. A. (2002). “Plutarco, historiador dos Lágidas – o caso de Cleópatra VII Filopator” In Ferreira, José Ribeiro (org.). Plutarco educador da Europa. Actas do Congresso. Coimbra/Porto: Universidade de Coimbra/Fundação Eng. António de Almeida, (pp. 127-149).

Said, E. (2007). Orientalismo – o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Cia das Letras.

Sartre, M. (2018). Cléopâtre – un rêve de puissance. Paris: Tallandier.

Schiff, S. (2011). Cleópatra – uma biografia. Rio de Janeiro: Zahar.

Schmidt, T. S. (1999). Plutarque et les Barbares – la rhétorique d’une image. Louvain-Namur: Éditions Peeters.

Scott, K. (1919). “Octavian’s Propaganda and Anthony’s ‘De Sua Ebrietate’” In ClassPhil 24/2, (pp. 133-141).

Scott, K. (1933). “The Political Propaganda of 44-30 B.C.” In MAAR. nº 11, (pp. 7-49).

Shohat, E. (2004). “Des-orientando Cleópatra – um tropo moderno da identidade” In Cadernos Pagu. Campinas, v. 23. (pp. 11-54).

Siani-Davies, M. (1997). Ptolemy XII – Auletes and the Romans. In Historia – Zeitschrift fur Alte Geschichte. (pp. 306-340).

Silva, M. A. O. (2003). “A biografia antiga – o caso de Plutarco”. In Revista Métis – História e Cultura. v. 2. nº 3, (pp. 23-34).

Silva, M. A. O. (2009). “Plutarco e os romanos” In FUNARI, P. P. A.; SILVA, M. A. O. (eds.). Política e identidades no Mundo Antigo. São Paulo: Annablume. (pp. 163-178).

Sirinelli, J. (2000). Plutarque – un philosophe dans le siècle. Paris: Fayard.

Swain, S. (1996). Hellenism and Empire – language, classicism, and power in the Greek World AD 50-250. Oxford: Clarendon Press.

Woolf, G. (2011). Tales of the barbarians – ethnography and empire in the Roman west. Chichester: Wiley-Blackwell.

Ziegler, K. (1964). Plutarchos von Chaironeia. Stuttgart: Alfred Druckenmüller Verlag.

Downloads

Publicado

2021-08-04

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Plutarco e os Lágidas: representação identitária e propaganda imperial. (2021). Mare Nostrum, 12(2), 279-301. https://doi.org/10.11606/issn.2177-4218.v12i2p279-301