Contranarrativas fílmicas Guarani Mbya: atos decoloniais de desobediência institucional no cinema indígena

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v13i1p231-254

Palavras-chave:

Guarani Mbya, Perspectiva Decolonial, Cineastas Indígenas, Documentário, Metalinguagem

Resumo

Este trabalho analisa a produção documental do Coletivo Guarani Mbya de Cinema. Intercalando à crítica pós-colonial os estudos fílmicos, o objetivo é compreender como os cineastas indígenas, à medida que assumem os registros audiovisuais sobre si, problematizam as versões oficiais e estereotipadas sobre o seu mundo histórico. A partir da matriz decolonial, identifica-se um regime imagético que configura atos de desobediência fílmica e histórica, além de desnudar a colonialidade do poder, do saber e do ser em volta do povo Guarani. Identificam-se também processos de metalinguagem, que confundem os espaços fílmicos e históricos, criam uma rede intrincada entre os filmes e forçam o cinema para além de suas fronteiras.

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Biografia do Autor

  • Marcos Aurélio Felipe, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    Professor associado III do Departamento de Práticas Educacionais e Currículo (DPEC), do Centro de Educação (CE), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN.

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Publicado

2019-04-30

Edição

Seção

Em Pauta/Agenda

Como Citar

Felipe, M. A. (2019). Contranarrativas fílmicas Guarani Mbya: atos decoloniais de desobediência institucional no cinema indígena. MATRIZes, 13(1), 231-254. https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v13i1p231-254