A raça e o gênero da estética e dos afetos: algoritmização do racismo e do sexismo em bancos contemporâneos de imagens digitais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v14i2p217-240

Palavras-chave:

Bancos de imagem, Algoritmos, Gênero, Raça

Resumo

Este artigo questiona os processos de algoritmização do racismo e sexismo em bancos de imagem digitais. Dispositivos essenciais para a manutenção da engrenagem midiática e comunicacional, estes bancos ajudam a guiar os sentidos sobre ser mulher e ser negro por meio de modos sutis de construção de subjetivação. Foram analisadas as palavras-chave
aggressiveness, kindness, beauty e ugliness, nos bancos de imagem Getty Images e Shutterstock, abrangendo as dimensões estética e afetiva dos vieses discriminatórios impregnados nestes mecanismos. Entende-se que os resultados evidenciam a opacidade tecnológica que permeia o campo produtivo destes aparatos e a algoritmização das desigualdades de gênero e raça constituídas no seio social.

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Biografia do Autor

  • Fernanda Carrera, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Professora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (PPGCOM/UFF) e do Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia (PPGEM/UFRN). Doutora em Comunicação pela UFF. Mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela UFBA.

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Publicado

2020-12-31

Edição

Seção

Em Pauta/Agenda

Como Citar

Carrera, F. (2020). A raça e o gênero da estética e dos afetos: algoritmização do racismo e do sexismo em bancos contemporâneos de imagens digitais. MATRIZes, 14(2), 217-240. https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v14i2p217-240