Desinformações sobre gênero e sexualidade e as disputas pelos limites da moralidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v15i2p179-203

Palavras-chave:

Desinformação, Gênero, Sexualidade, Moralidade

Resumo

O artigo analisa a circulação da desinformação no Brasil considerando seu substrato sociocultural. Investiga histórias falsas sobre gênero e sexualidade compartilhadas em 2019, argumentando que elas se inscrevem em um terreno de disputas morais. A pesquisa coletou fake news e boatos sobre esses dois marcadores nos bancos de dados de agências de fact-checking. As características narrativas das histórias falsas foram averiguadas via análise textual qualitativa e as fontes de publicação foram identificadas por pesquisa reversa em motores de busca. Dentre os principais resultados, constata-se que ao menos 65 peças de desinformação abordaram gênero e sexualidade, a maioria delas referindo-se a eventos que pautaram a agenda pública.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Thales Vilela Lelo, Universidade de São Paulo

    Pesquisador de Pós-Doutorado no Departamento de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, sob financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas. 

  • Lorena Caminhas, Universidade Estadual de Campinas

    Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas. Pesquisadora do Grupo de Estudos Interdisciplinares em Ciência e Tecnologia (GEICT/UNICAMP). 

Referências

Allcott, H., & Gentzkow, M. (2017). Social media and fake news in the 2016 election. Journal of Economic Perspectives, 31(2), 211-236. https://dx.doi.org/10.1257/jep.31.2.211

Andersen, J., & Søe, S. (2019). Communicative actions we live by: The problem with fact-checking, tagging or flagging fake news: The case of Facebook. European Journal of Communication, 35(2), 126-139. http://dx.doi.org/10.1177/0267323119894489

Anderson, C. (2020). Fake news is not a virus: On platforms and their effects. Communication Theory, 31(1), 42-61. https://doi.org/10.1093/ct/qtaa008

Avaaz. (2018). Eleições e fake news. IDEIA Big Data. https://bityli.com/mezMI

Bakir, V., & McStay, A. (2017). Fake news and the economy of emotions: Problems, causes, solutions. Digital Journalism, 6(2), 154-175. https://dx.doi.org/10.1080/21670811.2017.1345645

Baptista, E., Rossini, P., Oliveira, V., & Stromer-Galley, J. (2019). A circulação da (des)informação política no WhatsApp e no Facebook. Lumina, 13(3), 29-46. https://doi.org/10.34019/1981-4070.2019.v13.28667

Barbosa, M. (2019, 21 de agosto). Estatuto das Famílias é questionado e sai da pauta para ganhar novo parecer. Congresso em Foco. https://bit.ly/2Tmauzw

Bastos dos Santos, J., Freitas, M., Aldé, A., Santos, K., & Cunha, V. (2019).

WhatsApp, política mobile e desinformação: A hidra nas eleições presidenciais de 2018. Comunicação & Sociedade, 41(2), 307-334. https://doi.org/10.15603/2175-7755/cs.v41n2p307-334

Benevides, B., & Nogueira, S. (2020). Dossiê dos assassinatos e da violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2019. Expressão Popular. https://bit.ly/2TgqFOW

Bennett, W., & Livingston, S. (2018). The disinformation order: Disruptive communication and the decline of democratic institutions. European Journal of Communication, 33(2), 122-139. https://doi.org/10.1177%2F0267323118760317

Blake-Turner, C. (2020). Fake news, relevant alternatives, and the degradation of our epistemic environment. Inquiry. https://doi.org/10.1080/0020174X.2020.1725623

Brown, E. (2019). Propaganda, misinformation, and the epistemic value of democracy. Critical Review, 30(3-4), 194-218. https://doi.org/10.1080/08913811.2018.1575007

Bulgarelli, L., & Fontgaland, A. (2019). Violência contra LGBTs+ nos contextos eleitoral e pós-eleitoral. Gênero e Número. https://bit.ly/3yaHBoQ

Butler, J. (1990). Gender trouble: Feminism and subversion of identity. Routledge.

Butler, J. (2004). Undoing gender. Routledge.

Cabañes, J. (2020). Digital disinformation and the imaginative dimension of communication. Journalism & Mass Communication Quarterly, 97(2), 435-452. https://doi.org/10.1177/1077699020913799

Carrara, S. (2015). Moralidades, racionalidades e políticas sexuais no Brasil contemporâneo. Mana, 21(2), 323-345. https://doi.org/10.1590/0104-93132015v21n2p323

Carvalho, M. (2019, 16 de dezembro). Brasil sobe em ranking de igualdade de gênero, mas ainda ocupa a 92a posição. Estadão. https://bit.ly/3x7dSNq

Coady, D. (2019). The trouble with ‘Fake News’. Social Epistemology Review and Reply Collective, 8(10), 40-52. https://wp.me/p1Bfg0-4w5

Costa, S. (2020, 14 de novembro). 1 ano: Sites religiosos e ativistas digitais que propagam desinformação. Bereia. https://bit.ly/3jCcI8M

Edelman. (2020). Edelman Trust Barometer 2020. https://bit.ly/3hJAFsf

Egelhofer, J., & Lecheler, S. (2019). Fake news as a two-dimensional phenomenon: A framework and research agenda. Annals of the International Communication Association, 43(2), 97-116. https://doi.org/10.1080/23808985.2019.1602782

Fallis, D. (2015). What is disinformation? Library Trends, 63(3), 401-426. https://doi.org/10.1353/lib.2015.0014

Faragó, L., Kende, A., & Krekó, P. (2019). We only believe in news that we doctored ourselves: The connection between partisanship and political fake news. Social Psychology, 51(2), 77-90. https://doi.org/10.1027/1864-9335/a000391

Fassin, D. (2008). Beyond good and evil? Questioning the anthropological discomfort with morals. Anthropological Theory, 8(4), 333-344. https://doi.org/10.1177/1463499608096642

Gelfert, A. (2018). Fake news: A definition. Informal Logic, 38(1), 84-117. https://doi.org/10.22329/il.v38i1.5068

Gentile, F. (2018). A direita brasileira em perspectiva histórica. Plural, 25(1), 92-110. https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2018.149017

Gomes, W., & Dourado, T. (2019). Fake news, um fenômeno de comunicação política entre jornalismo, política e democracia. Estudos em Jornalismo e Mídia, 16(2), 33-45. https://doi.org/10.5007/1984-6924.2019v16n2p33

Habgood-Coote, J. (2018). Stop talking about fake news! Inquiry, 62(9-10), 1033-1065. https://doi.org/10.1080/0020174X.2018.1508363

Humprecht, E. (2018). Where fake news flourishes: A comparison across four Western democracies. Information, Communication & Society, 22(13), 1973-1988. https://doi.org/10.1080/1369118X.2018.1474241

Jones-Jang, S., Mortensen, T., & Liu, J. (2019). Does media literacy help identification of fake news? Information literacy helps, but other literacies don’t. American Behavioral Scientist, 65(2), 371-388. https://doi.org/10.1177/0002764219869406

Leite, V. (2019). “Em defesa das crianças e da família”: Refletindo sobre discursos acionados por atores religiosos “conservadores” em controvérsias públicas envolvendo gênero e sexualidade. Sexualidad, Salud y Sociedad, (32), 119-142. https://doi.org/10.1590/1984-6487.sess.2019.32.07.a

Levy, N. (2017). The bad news about fake news. Social Epistemology Review and Reply Collective, 6(8), 20-36. http://wp.me/p1Bfg0-3GV

Livingstone, S. (2018). Audiences in an age of datafication: Critical questions for media research. Television & New Media, 20(2), 170-183. https://doi.org/10.1177/1527476418811118

Marres, N. (2018). Why we can’t have our facts back. Engaging Science, Technology, and Society, 4, 423-443. https://doi.org/10.17351/ests2018.188

McKay, S., & Tenove, C. (2020). Disinformation as a threat to deliberative democracy. Political Research Quarterly. https://doi.org/10.1177/1065912920938143

MEC mira UnB, UFF e UFBA e anuncia corte de 30% da verba por “balbúrdia”. (2019, 30 de abril). Exame. https://bit.ly/2Txu37X

Mello, P. (2019, 8 de outubro). WhatsApp admite envio maciço ilegal de mensagens nas eleições de 2018. Folha de S.Paulo. https://bit.ly/3hbVld0

Messenberg, D. (2017). A direita que saiu do armário: a cosmovisão dos formadores de opinião dos manifestantes de direita brasileiros. Sociedade e Estado, 32(3), 621-647. https://doi.org/10.1590/s0102-69922017.3203004

Meyer, M. (2019). Fake news, conspiracy, and intellectual vice. Social Epistemology Review and Reply Collective, 8(10), 9-19. https://wp.me/p1Bfg0-4tp

Miskolci, R., & Campana, M. (2017). “Ideologia de gênero”: Notas para a genealogia de um pânico moral contemporâneo. Sociedade e Estado, 32(3), 725-747. https://doi.org/10.1590/s0102-69922017.3203008

Morris, D., Morris, J., & Francia, P. (2020). A fake news inoculation? Fact checkers, partisan identification, and the power of misinformation. Politics, Groups, and Identities, 8(5), 986-1005. https://doi.org/10.1080/21565503.2020.1803935

Nalon, T., & Ribeiro, A. (2020, 21 de maio). Como sete sites lucraram com anúncios no Google ao publicar desinformação sobre a pandemia. Aos Fatos. https://bit.ly/36fm2Yc

Nelson, J., & Taneja, H. (2018). The small, disloyal fake news audience: The role of audience availability in fake news consumption. New Media & Society, 20(10), 3720-3737. https://doi.org/10.1177/1461444818758715

Piaia, V. (2018). Rumores, fake news e o impeachment de Dilma Rousseff. Teoria e Cultura, 13(2), 22-39. https://doi.org/10.34019/2318-101X.2018.v13.12427

Pring, C., & Vrushi, J. (2019). Barômetro global da corrupção: América Latina e Caribe 2019. Transparência Internacional. https://bit.ly/369bQk4

Reuters Institute. (2020). Digital news report. https://bit.ly/3jBfXNz

Ribeiro, A. (2020, 7 de dezembro). Em dois anos de governo, Bolsonaro deu ao menos três declarações falsas ou distorcidas por dia. Aos Fatos. https://bit.ly/3hn4kqQ

Rini, R. (2017). Fake news and partisan epistemology. Kennedy Institute of Ethics Journal, 27(2), 43-64. https://bit.ly/3phGMr7

Romancini, R. (2018). Do “Kit Gay” ao “Monitor da Doutrinação”: A reação conservadora no Brasil. Contracampo, 37(2), 1-22. https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i0.1102

Roozenbeek, J., & Linden, S. (2018). The fake news game: Actively inoculating against the risk of misinformation. Journal of Risk Research, 22(5), 570-580. https://doi.org/10.1080/13669877.2018.1443491

Rubin, G. (1993). Thinking sex: Notes for a radical theory of the politics of sexuality. In M. Barale & D. Halpern (Eds.), The lesbian and gay studies reader (pp. 143-179). Routledge.

Rudnitzki, E., & Scofield, L. (2020, 16 de novembro). Página do Exército e sites governamentais ajudam desempenho de portais bolsonaristas no Google. Agência Pública. https://bit.ly/3xwthal

Sanahuja, J. (2019). La crisis de integración y el regionalismo en América Latina: Giro liberal-conservador y contestación normativa. In M. Mesa (Ed.), Ascenso del nacionalismo y el autoritarismo en el sistema internacional: anuario 2018-2019 (pp. 107-216). Ceipaz. https://bit.ly/2RSAnX5

Spartacus. (2019). Spartacus gay travel index 2019. https://bit.ly/3AvTRlR

Tandoc, E., Jr., Lim, Z., & Ling, R. (2018). Defining “fake news”. Digital Journalism, 6(2), 137-153. https://doi.org/10.1080/21670811.2017.1360143

Tatagiba, L. (2014). 1984, 1992 e 2013. Sobre ciclos de protesto e democracia no Brasil. Política e Sociedade, 13(28), 35-62. https://doi.org/10.5007/2175-7984.2014v13n28p35

Tenove, C. (2020). Protecting democracy from disinformation: Normative threats and policy responses. The International Journal of Press/Politics, 25(3), 517-537. https://doi.org/10.1177/1940161220918740

TSE diz que “kit gay” não existiu e proíbe Bolsonaro de disseminar notícia falsa. (2018, 16 de outubro). Congresso em Foco. https://bit.ly/3h8FNHf

Vandenberghe, F. (2015). A sociologia como uma filosofia prática e moral (e vice-versa). Sociologias, 17(39), 60-109. https://doi.org/10.1590/15174522-017003903

Wu, T. (2016). The attention merchants: The epic scramble to get inside our heads. Vintage.

Publicado

2021-08-31

Edição

Seção

Em Pauta/Agenda

Como Citar

Lelo, T. V., & Caminhas, L. R. P. (2021). Desinformações sobre gênero e sexualidade e as disputas pelos limites da moralidade. MATRIZes, 15(2), 179-203. https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v15i2p179-203