RABELAIS ANTROPOFÁGICO: BANQUETEANDO OS NOVOS TEMPOS

Autores

  • Meriele Miranda de Souza "Université Sorbonne - Paris IV"

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-3976.v3i6p84-97

Palavras-chave:

François Rabelais, antropofagia, cultura popular, Idade Média

Resumo

 

RESUMO: Uma das principais características da obra rabelaisiana é o exagero, a hipérbole. Um exemplo claro disso é o corpo exagerado de seus protagonistas que, como se sabe, são gigantes. O exagero manifesta-se, da mesma forma, nas imagens do comer e do beber de seus personagens, configurando o motivo do banquete desmesurado, hiperbólico, de onde advém a famosa expressão do “banquete pantagruélico”. Segundo Bakhtin, o motivo do banquete ou do comer e beber em excesso é geralmente associado a comemorações das vitórias de guerra ou do nascimento, usufruindo, assim, um papel antropofágico. Isto é, os banquetes servidos pelos heróis rabelaisianos simbolizam a deglutição e a vitória do mundo popular sobre o cotidiano oficial medievalesco, assim como o nascimento de novos tempos em detrimento da visão de mundo unilateral e retrógrada ditada pelo cristianismo medieval. Os banquetes rabelaisianos, portanto, são sempre caracterizados pela alegria, pela comicidade e pelo riso, elementos tão rejeitados no dia-a-dia da cultura oficial. Com base no que foi dito, o presente artigo pretende discorrer sobre as funções do banquete e das imagens da antropofagia na obra rabelaisiana, se centrando, para isso, nos estudos de Bakhtin e de Erich Auerbach.

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Biografia do Autor

  • Meriele Miranda de Souza, "Université Sorbonne - Paris IV"
    Mestre em "literatura e vida social" pela UNESP/ Assis,  atualmente doutoranda pela Sorbonne - Paris IV em "Littérature française et comparée" sob a orientação do Maitre de conférences Jean-Charles Monferran.

Referências

AUERBACH, Erich. Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental. (Trad. de George B. Sperber). São Paulo: Edusp, Perspectiva, 1981, p.229-248.

BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na idade média e no renascimento: o contexto de François Rabelais. (Trad. de Yara Frateschi Vieira). 3. ed. São Paulo/Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1993

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SCREECH, Michael. Rabelais.Paris : Gallimard, 1992.

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Publicado

2015-09-23

Edição

Seção

ESTUDOS LITERÁRIOS

Como Citar

de Souza, M. M. (2015). RABELAIS ANTROPOFÁGICO: BANQUETEANDO OS NOVOS TEMPOS. Non Plus, 3(6), 84-97. https://doi.org/10.11606/issn.2316-3976.v3i6p84-97