A potencialidade das roupas na expressão política e na subjetivação de mulheres trans
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-7714.no.2016.117490Palavras-chave:
Mulheres trans, Política, Performance de gênero, Aparência, SubjetivaçãoResumo
Este artigo visa discutir parte de uma pesquisa realizada para compreender a relação entre a aparência de mulheres trans e seu respectivo potencial político. A partir dos conceitos de subjetivação, estética e política de Jacques Rancière, e da teoria de gênero proposta por Judith Butler, a pesquisa busca, através da realização de entrevistas semiestruturadas, descobrir como essas mulheres valem-se de recursos da ordem do visível para performar gênero e, ao mesmo tempo, dão a ver questões de sua exclusão sistemática dos espaços de discurso presentes na sociedade. O esforço empreendido foi no sentido de tentar entender como mulheres trans, particularmente as aqui entrevistadas, através da maquiagem, das roupas, do cuidado com os cabelos e de tantos outros artifícios que fazem parte da aparência visível, se apropriam criativamente de seus corpos, elaboram uma linguagem própria e inventam uma forma de vida cuja potência está no ato de aparecer, na construção de uma cena enunciativa argumentativa e performática animada pelo dissenso.
Downloads
Referências
Referências
ARENDT, H.A vida do espírito: o pensar, o querer, o julgar. Tradução Antônio Abranches, César Augusto R. de Almeida e Helena Martins. 2. v. 5. ed. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.
BARTHES, R. Sistema da moda. São Paulo: Companhia Editora Nacional; USP, 1979.
BATTISTELLI, P. Apsicologia e a moda. In: SORCINELLI, P. (Org.). Estudar a moda: corpos, vestuários, estratégias. 2. ed. São Paulo: Senac,2008. p. 81-85.
BEAUVOIR, S.O segundo sexo, volume 2.2. ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1967.
BERTOLAZO, I. N. O conceito de espaço da aparência em Hannah Arendt. Facnopar,Apucarana, v. 4, n. 1, p.1-21, jan. 2013. Disponível em: <http://bit.ly/2iQd9db>. Acesso em: 22 mar. 2013.
BRAGA, J. Reflexões sobre a moda. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2008.
BUTLER, J. Cuerpos que importan:sobre los límites materiales y discursivos del “sexo”. Buenos Aires: Paidós, 2002.
______. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
______. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 2015.
CALANCA, D. História e moda. In: SORCINELLI, P. (Org.). Estudar a moda:corpos, vestuários, estratégias. 2. ed. São Paulo: Senac,2010. p. 47-55.
CHAMBERS, S. The lessons of Rancière. Oxford: Oxford University, 2013.
CRANE, D.A moda e seu papel social: classe, gênero e identidade das roupas. São Paulo: Senac, 2006.
DASGUPTA, S. Words, bodies, times: queer theory before and after itself. Borderlands, Sidney, v. 2, n. 8, p. 1-20, 2009.
FOUCAULT, M.Ética,sexualidade e política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
______. O corpo utópico, as heterotopias. São Paulo: N-1 Edições, 2013.
GOLDENBERG, M. (Org.). O corpo como capital: estudos sobre gênero, sexualidade e moda na cultura brasileira. Barueri: Estação das Letras e Cores, 2015.
KOLLIAS, H. How queer is the demos? Politics, sex, and equality. Borderlands, Sidney, v. 2, n. 8, 2009, p. 1-15.
MARQUES, A. Política da imagem, subjetivação e cenas de dissenso.Discursos Fotográficos, Londrina, v. 10, n. 17, p. 61-86, 2014.
MAYRINK, A. Desafios metodológicos na leitura de Rancière em conjunto com a apropriação da aparência por mulheres trans. In: MARTINO, L. M.; MARQUES, A. (Orgs.). Teorias da comunicação: processos, desafios e limites. São Paulo: Plêiade, 2015. p. 91-108.
MOTTA, E. O lugar maldito da aparência. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2013.
MUZZARELLI, M. G. Um outro par de mangas. In: SORCINELLI, P. Estudar a moda: corpos, vestuários, estratégias. 2. ed. São Paulo: Senac, 2010. p. 19-29.
OLIVEIRA, A. L. G. Os homens transexuais brasileiros e o discurso pela (des)patologização da transexualidade. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GÊNERO, 10., 2013, Florianópolis. Anais eletrônicos. Florianópolis: Instituto de Estudos de Gênero, 2013, p. 1-7. Disponível em: <http://bit.ly/2kKVDbO>. Acesso em: 23 mar. 2016.
PEREIRA, O. P.; TIMM, F. B.; GONTIJO, D. C. Alteridade e violência: travestis e mulheres transexuais em situação de prostituição no DF. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO GÊNERO, 9., 2010, Florianópolis. Anais. Florianópolis: Instituto de Estudos de Gênero, 2010, p. 1-9. Disponível em: <http://bit.ly/2kmJGLV>. Acesso em: 27 dez. 2016.
RANCIÈRE, J. A partilha do sensível: estética e política. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2009.
______. Dissenting words: a conversation with Jacques Rancière (interview by Davide Panagia). Diacritics, Baltimore,v.30, n.2, p.113-126, 2000.
______. Estética e política: a partilha do sensível.Com entrevista e glossário por G.Rockhill.Tradução V. Brito. Porto: Dafne, 2010.
______. La mésentente: politique et philosophie.Paris: Galilée, 1995.
______. O espectador emancipado. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
SCOTT, J. (Org). Sociologia: conceitos-chave. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
SIBILIA, P. A técnica contra o acaso: os corpos inter-hiperativos da contemporaneidade. Revista Famecos. Porto Alegre, v. 18, n. 3, p. 638-656, set./dez. 2011
STALLYBRASS, P. O casaco de Marx: roupas, memórias, dor. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Proposta de Aviso de Direito Autoral Creative Commons
1. Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution CC Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.