Vigilância negra: O dispositivo de reconhecimento facial e a disciplinaridade dos corpos

Autores

  • Madja Elayne da Silva Penha Magno Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Josenildo Soares Bezerra Universidade Federal do Rio Grande do Norte

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2238-7714.no.2020.165698

Palavras-chave:

Dispositivo, Disciplinaridade, Vigilância Negra

Resumo

Os dispositivos de reconhecimento facial são a grande novidade da Big Data para a segurança nacional. Todavia, a tecnologia se tornou uma ameaça para populações socialmente vulneráveis, pois um estudo revela que 90% das 151 pessoas detidas com base em câmeras de reconhecimento facial são negras. O objetivo deste artigo é discutir o conceito de dispositivo disciplinar a partir de uma perspectiva foucaultiana, compreendendo a mediação algorítmica para uma vigilância e disciplinaridade dos corpos. Para esse fim, consideramos dados da Rede de Observatório da Segurança. A tecnologia não é neutra. O algoritmo é uma representação social. Como aportes teóricos, utilizamos Barbero (2014) em sua apreensão sobre mediação; Browne (2015) em uma discussão sobre vigilância negra; e Foucault abrangendo o discurso do dispositivo disciplinar.

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Biografia do Autor

  • Madja Elayne da Silva Penha Magno, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    Mestranda em Estudos da Mídia pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Mídia (PPgEM) na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

  • Josenildo Soares Bezerra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    Doutor em Estudos da Linguagem (UFRN). Professor do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Mídia (PPgEM) na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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Publicado

2020-12-12

Edição

Seção

ARTIGOS

Como Citar

Vigilância negra: O dispositivo de reconhecimento facial e a disciplinaridade dos corpos. (2020). Novos Olhares, 9(2), 45-52. https://doi.org/10.11606/issn.2238-7714.no.2020.165698