É preciso nomear Ricardo: jornalismo, história de vida e escrevivência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2238-7714.no.2021.169709

Palavras-chave:

Jornalismo, Reportagem, Alteridade, Escrevivência, História de vida

Resumo

Publicada no site BuzzFeed, em outubro de 2017, a reportagem “Fofão da Augusta? Quem me chama assim não me conhece”, do jornalista Chico Felitti recebeu cerca de um milhão de acessos em menos de 24 horas. O texto conta a história de vida de um “conhecido anônimo” do centro de São Paulo, cuja identidade se revela jornalisticamente nesse perfil ampliado que se tornou um conteúdo viral. A partir desse objeto, este artigo pergunta sobre uma “escrita ética” que perpassa e constitui o jornalismo e sua relação com o tempo presente, adotando duas questões de fundo conceitual-metodológico, costuradas uma à outra: 1. um olhar sobre mídia e alteridade; e 2. uma análise aplicada a partir do conceito de “escrevivência”. Problematiza-se como o relato jornalístico, encarado como potência tensionadora do mundo, permite encontros entre sujeitos “em narrativa” e funciona como espaço de inclusão e humanização.

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Biografia do Autor

  • Frederico de Mello Brandão Tavares, Universidade Federal de Ouro Preto

    Professor Associado da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Coordenador do GT Estudos de Jornalismo da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós). Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

  • Lucas Porfírio, Universidade Federal de Ouro Preto

    Mestrando em Comunicação pela Ufop. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Jornalista pela Universidade Federal de São João del- Rei (UFSJ).

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Publicado

2021-07-30

Edição

Seção

ARTIGOS

Como Citar

É preciso nomear Ricardo: jornalismo, história de vida e escrevivência. (2021). Novos Olhares, 10(1), 27-41. https://doi.org/10.11606/issn.2238-7714.no.2021.169709