As pedras e as cores. Transfigurações do nigredo e jornada circular em Evocações, de Cruz e Sousa

Autores

  • Manuella Miki Souza Araujo Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2018.143048

Palavras-chave:

Cruz e Sousa, Transfiguração, Pedras, Nigredo, Primeira natureza

Resumo

Ao se valer do princípio alquímico de transfiguração, o poeta Cruz e Sousa conjuga as polaridades da arte e da vida, do criador e da criatura, dos desertos da África e do gélido Polo Norte, sintetizados em imagens derivadas da colorida opala. Em sua tentativa de transfigurar-se, é por meio desse princípio que se articula também a viagem interior do sujeito na obra Evocações, bem como a transição das formas do poema em prosa e da prosa poética, ali cambiantes como as cores do crepúsculo. O presente estudo centra a sua análise no poema em prosa de abertura, denominado “Iniciado”, em especial em seu primeiro parágrafo, que serve de prelúdio cifrado para a totalidade do difuso enredo, desdobrado ao longo dos variados 33 textos que compõem o livro em questão. Neste primeiro parágrafo, o eu poético transgride a rigorosa sequência de transformações da Grande Obra, quando desloca a etapa final do rubedo para o começo, e tenta desviar da fase primordial do nigredo, ocultada no desfecho de sua operação estética. Esse movimento de inversão é análogo àquele do poeta viajante, que foge de sua primeira natureza, identificada à mãe negra, mas acaba por confrontá-la nos textos derradeiros de Evocações

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Manuella Miki Souza Araujo, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    Mestre (2013) e doutoranda da área de Literatura Brasileira, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Bolsista CNPq.

Referências

BERNARD, Suzanne. “Baudelaire et le lyrisme moderne”, in: Le poème en prose: de Baudelaire jusqu’a nos jours. Paris: Librarie A. – G. Nizet, 1994, p.103-129.

CUNHA, Euclides da. Os sertões: (Campanha de Canudos). Edição, prefácio, cronologia, notas e índices Leopoldo M. Bernucci. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.

ELIADE, Mircea. Ferreiros e alquimistas. Tradução Roberto Cortes de Lacerda. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

HINDLE, Maurice. “Introdução”, in: SHELLEY, Mary. Frankenstein, ou o Prometeu moderno. Tradução de Christian Schwatz. Introdução e notas de Maurice Hindle; posfácio de Ruy Castro. 1ª ed. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2015, p.07-55.

LEMINSKI, Paulo. “Jesus A.C.”, in: Vida: Cruz e Sousa, Bashô, Jesus e Trótski – 4 biografias – 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p.155-240.

LIMA, Tania Andrade; SILVA, Marília Nogueira da. “Alquimia, ocultismo e maçonaria: o ouro e o simbolismo hermético nos cadinhos (séculos XVIII e XIX), in: Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Sér. v. 8/9. p. 9-54 (2000-2001). Editado em 2003. Consultado em: 11/05/17.

RUFINONI, Simone Rossinetti. A forma negra da morte (um estudo do satanismo no poema em prosa de Cruz e Sousa). Dissertação de mestrado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1999.

SHELLEY, Mary. Frankenstein, ou o Prometeu moderno. Tradução de Christian Schwatz. Introdução e notas de Maurice Hindle; posfácio de Ruy Castro. 1ª ed. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2015.

SOUSA, João da Cruz e. Evocações. Edição fac-similar. Apresentação de Esperidião Amin Helou Filho. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1986.

VILLIERS DE L’ISLE-ADAM, Auguste. A Eva Futura. Tradução de Ecila de Azeredo Grünewald. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001.

Downloads

Publicado

2018-07-29

Como Citar

As pedras e as cores. Transfigurações do nigredo e jornada circular em Evocações, de Cruz e Sousa. (2018). Opiniães, 12, 30-49. https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2018.143048