Espiar pela fresta: a sedução textual em Crônica da casa assassinada

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2020.173789

Palavras-chave:

Lúcio Cardoso, Crônica da casa assassinada, O prazer do texto, Hermenêutica, Erotismo

Resumo

Este artigo analisa o efeito de erotização do texto em Crônica da casa assassinada (1959), de Lúcio Cardoso. Buscamos compreender a questão para além propriamente do conteúdo do romance, em si já repleto de irrupções de desejos das personagens, mas identificando como o manejo da linguagem do livro se apresenta enquanto elemento sedutor. Como primeiro passo, ao comportamento voyeurístico das personagens, habituadas a se esgueirar em frinchas para espionar umas às outras, é atrelada a atividade do leitor. Em seguida, a linguagem, através das aberturas temporais, e a própria estrutura do texto, por meio da supressão de trechos das narrativas, são abordadas enquanto componentes que reforçam esse intenso jogo de aparecimento-desaparecimento visto no romance. Por fim, somamos à análise uma série de proposições críticas a respeito do papel do velamento na arte, entendendo o recurso como responsável por fornecer algo de erótico à arquitetura narrativa de Crônica da casa assassinada.

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Biografia do Autor

  • Frederico van Erven Cabala, Universidade Federal Fluminense (UFF)

    Doutorando em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Possui mestrado em Literatura Brasileira e Teoria Literária pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e especialização em Literatura Brasileira pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Desenvolve pesquisas sobre a literatura e o teatro no Brasil de meados do século XX, sobretudo as produções artísticas de Lúcio Cardoso, Oswald de Andrade e Nelson Rodrigues e suas relações com a sociedade.

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Publicado

2020-12-20

Como Citar

Espiar pela fresta: a sedução textual em Crônica da casa assassinada. (2020). Opiniães, 17, 201-219. https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2020.173789