Das minhas altas varandas: distância e comunicação na obra de Cecília Meireles

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DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2022.199535

Palavras-chave:

Cecília Meireles, Mar absoluto e outros poemas, Romanceiro da Inconfidência, Crônica, Varanda

Resumo

Na obra de Cecília Meireles, a varanda é, recorrentemente, um local de permanência do sujeito poético. É expressivo que esse espaço fronteiriço seja evidenciado: embora pertença à casa, projeta-se para fora dela. Nesse sentido, a varanda apresenta uma proximidade entre o espaço privado do lar e o espaço público da rua. Além de proporcionar esse contato, ela é destacada enquanto um local altaneiro e que, por esse motivo, assegura uma visão distinta do rés-do-chão. É comum, ainda, que essa distinção acentue a contemplação marítima e, portanto, destaque a localização à beira-mar. A varanda mobiliza, assim, três tópicos centrais na poética ceciliana: o aspecto de divisa, a especificidade do olhar e o tópos marítimo. Esses aspectos demonstram uma conjugação entre “mundos” e um prisma que só é possível por intermédio da vista privilegiada das varandas e dos “olhos tortos”. Fundamentado nessas considerações, o presente artigo visa explorar as significações das múltiplas varandas na obra em verso e em prosa de Cecília Meireles, sobretudo em poemas de "Mar absoluto e outros poemas" e do "Romanceiro da Inconfidência", e em crônicas publicadas em periódicos ao longo da década de 1940.

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Biografia do Autor

  • Paola Resende, Universidade Federal de Minas Gerais

    Doutoranda em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais.

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Publicado

2022-07-07

Como Citar

Das minhas altas varandas: distância e comunicação na obra de Cecília Meireles. (2022). Opiniães, 20, 61-84. https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2022.199535