Notas sobre o Romance Brasileiro de Autoras Negras

Autores

  • Fernanda Rodrigues Miranda Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2017.122429

Palavras-chave:

Romance, autoria negro-feminina, Maria Firmina dos Reis, Marilene Felinto, Ana Maria Gonçalves.

Resumo

Como escritoras negras constituem sua voz autoral no romance? Abordaremos a questão a partir da leitura de Úrsula (1859), As mulheres de Tijucopapo (1982) e Um defeito de cor (2006), romances escritos por autoras negras em diferentes momentos da história. No texto de Maria Firmina dos Reis, a autoria negra se constitui no discurso, não se apóia em índices de auto-referencialidade da escritora, posto não haver registros de sua imagem nem maiores detalhes de sua biografia. Na obra de Marilene Felinto, inexiste correspondência entre o posicionamento da autora frente a escrita literária negra e a construção da personagem narradora, cuja trajetória se pauta na intersecção raça, classe, gênero, localidade. Por fim, Ana Maria Gonçalves ficcionaliza a própria constituição de seu lugar autoral ao inventar um manuscrito da historia narrada, investindo na autoria enquanto agenciamento coletivo de enunciação negra, mesclando sua voz a Luiza Mahin – signo de grande potência para o feminismo negro. 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

BASTIDE, Roger. A poesia afro-brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 1943.

CÉSAR, Ana Cristina. Excesso inquietante. In: FREITAS FILHO, Armando (Org.) Escritos no Rio. Rio de janeiro: Editora da UFRJ/Brasiliense, 1983.

CUTI (Luis Silva). Literatura negro-brasileira. São Paulo: Selo Negro, 2010

DALCASTAGNÈ, Regina. Literatura brasileira contemporânea, um território contestado. Editora Horizonte, 2012.

DELEUZE, Gilles. Critica e Clinica. São Paulo: Ed. 34, 1997.

DIOGO, Luciana Martins. Da Sujeição à subjetivação: a literatura como espaço de construção da subjetividade, os casos das obras Úrsula e A escrava, de Maria Firmina dos Reis. Dissertação (mestrado em Instituto de Estudos Brasileiros) Universidade de São Paulo: 2016.

DUARTE, Eduardo de Assis. Por um conceito de literatura afro-brasileira. In: Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

FONSECA, Maria Nazareth Soares. “Literatura negra, literatura afro-brasileira: como responder à polêmica? In: SOUZA, Florentina; LIMA, Maria Nazaré. (Org). Literatura afrobrasileira. Salvador: Centro de estudos afro-orientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006.

FOUCAULT, Michel. O que é um autor? São Paulo: Paisagens, 2000.

GONÇALVES, Ana Maria. Um defeito de cor. Rio de Janeiro: Record, 2014.

GOODY, Jack. Da oralidade à escrita – reflexões antropológicas sobre o ato de narrar. In:

FRANCO, Moretti (Org.). A cultura do romance. Tradução Denise Bottmann. São Paulo, Cosac e Naify, 2009

LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico. De Rousseau a internet. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2008.

LORDE, Audre. Sister Ousider. Essays and Speeches. Ed. Berkeley, CA: Crossing Press, 2007.

MAGRIS, Claudio. “O romance é concebível sem o mundo moderno?”. In: MORETTI, Franco (Org.). A cultura do romance. São Paulo: Cosac e Naify, 2009.

MBEMBE, Achille. Critica da razão negra. Trad. Marta lança. Lisboa: Antígona, 2014.

MIRANDA, Fernanda Rodrigues de. Os Caminhos Literários de Carolina Maria de Jesus:

Experiência Marginal e Construção Estética. Dissertação (Mestrado em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa). São Paulo: USP, 2013.

MOURA, Clóvis. Escravismo, colonialismo, imperialismo e racismo. In: Revista Afro-Ásia, UFBA, Nº 14, 1983. Disponível em: http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia_n14_p124.pdf. Último acesso: 20/10/2016.

REIS, Maria Firmina dos. Úrsula. Organização, atualização e notas por Luiza Lobo. Rio de Janeiro: Presença; Brasília: INL, 1988.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças. Cientistas, instituições e a questão racial no Brasil (1870-1930). São Paulo: Cia das Letras, 2005.

SILVA, Mário Augusto Medeiros da. A descoberta do insólito: Literatura Negra e Literatura Periférica no Brasil (1960-2000). Rio de Janeiro: Editora Aeroplano, 2013.

VIANNA, Lúcia Helena. Poética Feminista – Poética da Memória. In: Poéticas e Políticas Feministas. Organizado por Claudia de Lima Costa e Simone Pereira Schmidt. Florianópolis: Editora Mulheres, 2004.

Downloads

Publicado

2017-06-10

Como Citar