Que nos diluísse em materia de nojo: moeda viva e a (de)sacralização da casa-grande em Crônica da casa assassinada de Lúcio Cardoso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2020.172474

Palavras-chave:

Lúcio Cardoso, Crônica da casa assassinada, Hermenêutica, Economia pós-colonial, Marilena Chaui

Resumo

Colocando o livro em diálogo com as teorias hermenêuticas do autor, inspiradas por Nietzsche, o presente ensaio almeja analisar os efeitos tanto temporais quanto económicos ligados à estética de fragmentação em Crônica da Casa Assassinada de Lúcio Cardoso. Recorrindo ao pensamento de Marilena Chauí e Gilberto Freyre, o foco do ensaio expande do vulto da casa-grande, na qual a vida espiritual de habitantes entrelaçava com a economia de escravidão. Cardoso escrevia numa época quando divisões políticas refletava aumentos no interesse por materialidade e marxismo brasileiro, num lado, e afiliações ressurgentes com a Igreja Católica, no outro. Por salientar a relação entre essa arquitetura colonial no romance e suas leituras de Gênesis, o ensaio procura questionar a categorização simples de Cardoso entre os católicos e, além disso, establecê-lo como um autor que, invocando filosofias de repetição, se recusa de periodização.

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Biografia do Autor

  • Leo Stephen Merlin Temple, University of Cambridge

    Doutorando no Departamento de Linguagens Modernas e Medievais e Linguística, Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

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Publicado

2020-12-20

Como Citar

Que nos diluísse em materia de nojo: moeda viva e a (de)sacralização da casa-grande em Crônica da casa assassinada de Lúcio Cardoso. (2020). Opiniães, 17, 318-339. https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2020.172474