Entre o verso e o anverso da feminilidade: o Mal em Crônica da casa assassinada

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2020.172835

Palavras-chave:

Mal, Desejo, Interdição, Transgressão, Feminilidade , Crônica da casa assassinada

Resumo

Este artigo procura refletir sobre os perfis femininos com os quais Lúcio Cardoso escreveu sua poética do Mal: Crônica da casa assassinada (1959), considerando a presença do discurso forjado pela tradição cristã para interditar e cercear o desejo, anulando qualquer caminho direcionado ao prazer e ao conhecimento de si. Apesar de castrador, esse discurso não extingue a flamejante chama do desejo, ao contrário, transforma-se em esteio à germinação da semente da rebeldia, geradora de personagens transgressoras de preceitos morais e religiosos. Logo, constata-se a condição humana insatisfeita – eis o sustentáculo imprescindível à difusão do Mal.

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Biografia do Autor

  • Romildo Biar Monteiro, Universidade Federal do Ceará (UFC)

    Mestre em Letras pela Universidade Federal do Ceará. Atualmente é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Letras da referida instituição, onde trabalha com o mal na literatura, principalmente nas literaturas portuguesa e brasileira. Pesquisador do Grupo de Estudos Vertentes do Mal na Literatura e bolsista da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP.

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Publicado

2020-12-20

Como Citar

Entre o verso e o anverso da feminilidade: o Mal em Crônica da casa assassinada. (2020). Opiniães, 17, 104-126. https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2020.172835