Maternidades negras como prática da liberdade
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2021.180129Palavras-chave:
Maternidades negras, Liberdade, Escrevivências, Matripotência, Conceição EvaristoResumo
O presente ensaio objetiva apresentar como as escrevivências de Conceição Evaristo reconstroem o lugar das maternidades negras como prática de liberdade, por meio de uma ética de amor calcada na inquietação sobre políticas de dominação e opressões que atravessam as “avenidas identitárias” de muitas mulheres negras. Para análise do conto “Shirley Paixão”, presente no livro Insubmissas lágrimas de mulheres, de Conceição Evaristo, colho as abordagens teórico-metodológicas de bell hooks, Oyèrónkë Oyěwùmí, Davi Reis e Thiago Prado, Audre Lorde e Jorge Silva como fundamentais para recolocar a instituição “maternidade” enquanto construção libertária e identitária de muitas mulheres negras. Shirley Paixão e tantas outras personagens evaristianas nos ensinam o que é ser uma mãe negra, sobretudo, no processo de restituição de nossa humanidade, por meio de uma confraria de mulheres. Os silêncios são múltiplos, assim como as cicatrizes, mas a expressão como esse exercício de expor sua voz, seu ponto de vista acompanhado de corporeidades negras, de transformar o silêncio em linguagem e ação, que começa na narrativa em análise, arrebenta, sangra e pare mulheres insubmissas, as quais mesmo com lágrimas nos olhos, insistem, resistem e nos provam o quanto somos donas do poder feminino.
Downloads
Referências
ANGELOU, Maya. Ainda assim eu me levanto. In: Poesias completas. Tradução de Lubi Prates. 2020, p. 175-176.
AKOTIRENE, Carla. O que é interseccionalidade? Rio de Janeiro: Editora Letramento, 2018. (Feminismos Plurais).
BERTH, Joice. Empoderamento. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019. (Feminismos Plurais).
COLLINS, Patricia Hill. Pensamento Feminista Negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. Tradução Jamille Pinheiro Dias. São Paulo: Boitempo Editorial, 2019.
EVARISTO, Conceição. Da grafia-desenho de Minha Mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita. In: ALEXANDRE, Marcos Antonio (Org). Representações performáticas brasileiras: teorias, práticas e suas interfaces. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007. p. 16-21.
EVARISTO, Conceição. Shirley Paixão. In: Insubmissas lágrimas de mulheres. Belo Horizonte: Nandyala, Rio de Janeiro: Malê, 2016a, p. 27-34.
EVARISTO, Conceição. Regina Anastácia. In: Insubmissas lágrimas de mulheres. Belo Horizonte: Nandyala, Rio de Janeiro: Malê, 2016a, p. 127-140.
EVARISTO, Conceição. Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, Fundação Biblioteca Nacional, 2016b.
EVARISTO, Conceição. No meio do caminho: deslizantes águas. In: Poemas da recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2017, p. 104-105.
EVARISTO, Conceição. Inquisição. In: Poemas da recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2017, p. 108-109.
EVARISTO, Conceição. Canção para ninar menino grande. São Paulo: Ed. Unipalmares, 2018.
GLISSANT, Édouard. Introdução a uma poética da diversidade. Tradução de Enilce do Carmo Albergaria Rocha. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005.
HOOKS, bell. O amor como a prática da liberdade. Tradução para uso didático de: hooks, bell. Love as the practice of freedom. In: Outlaw Culture. Resisting Representations. Nova Iorque: Routledge, 2006, p. 243–250, por wanderson flor do nascimento. Disponível em: https://medium.com/enugbarijo/o-amor-como-a-pr%C3%A1tica-da-liberdade-bell-hooks-bb424f878f8c. Acesso em: 15 out. 2020.
HOOKS, bell. Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra. Tradução Cátia Bocaiuva Maringolo. São Paulo: Elefante, 2019.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação - episódios de racismo quotidiano. Tradução Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
LORDE, Audre. Irmã outsider: ensaios e conferências. Tradução de Stephanie Borges. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.
MATERNIDADE ou maternagem? Afropapo com Thaís Ferreira. Aza Njeri. [S. l.: s. n.], 2020. 1 vídeo (1 h e 6 min). Publicado pelo canal Aza Njeri. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IEacCn8Us2Y&feature=youtu.be&fbclid=IwAR3NYTL0mNBNAyrxlp6mX7gkYHpDzuXFnuiOmvnTyHA8UOXyLUfUHXufk6A. Acesso em: 10 out. 2020.
OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. Matripotência: Ìyá nos conceitos filosóficos e instituições sociopolíticas [iorubás]. Tradução para uso didático de OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. Matripotency: Ìyá in philosophical concepts and sociopolitical institutions. What Gender is Motherhood? Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2016, capítulo 3, p. 57-92, por wanderson flor do nascimento. Disponível em: https://filosofia-africana.weebly.com/. Acesso em: 23 nov. 2020.
PIEDADE, Vilma. Dororidade. São Paulo: Editora Nós, 2017.
PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos orixás. Ilustrações de Pedro Rafael. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
REIS, Davi Nunes; PRADO, Thiago Martins. A narradora-ouvinte e as técnicas de encaixe de focos narrativos em Insubmissas lágrimas de mulheres, de Conceição Evaristo. Revista Olho d'água, v. 10, p. 92-106, 2018. Disponível em: http://www.olhodagua.ibilce.unesp.br/index.php/Olhodagua/article/viewFile/507/452. Acesso em: 10 out. 2020.
SILVA, Jorge Augusto de Jesus. Contemporaneidades Periféricas: primeiras anotações para alguns estudos de caso. In: SILVA, Jorge Augusto de Jesus. (Org.). Contemporaneidades periféricas. Salvador: Segundo Selo, 2019. p. 31-68.
SOUZA, Ana Lúcia Silva. Letramentos de reexistência - poesia, grafite, música, dança: hip-hop. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Josinélia Chaves Moreira
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A revista Opiniães não exerce cobrança pelas contribuições recebidas, garantindo o compartilhamento universal de suas publicações. Os autores mantêm os direitos autorais sobre os textos originais e inéditos que disponibilizarem e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.