A escrita autobiográfica de Maura Lopes Cançado como forma de resistência ao desaparecimento precoce da mulher na sociedade brasileira

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2021.181332

Palavras-chave:

Autobiografia, Maura Lopes Cançado, Simone de Beauvoir

Resumo

O presente artigo analisa a obra autobiográfica Hospício é Deus: diário I (1965), de Maura Lopes Cançado, à luz dos conceitos de condição e ambivalência sujeito-objeto presentes n’O segundo sexo (2009), de Simone de Beauvoir. Para que o percurso analítico pudesse ser viabilizado, utilizou-se Philippe Lejeune (2008) como principal referencial teórico na conceituação da autobiografia. A análise foi dividida em três momentos, sendo o primeiro destinado à contextualização dos conceitos de Beauvoir e ao desenvolvimento de sua escrita autobiográfica. Posteriormente, inicia-se o diálogo entre as discussões propostas n’O segundo sexo e a gênese da autobiografia na vida de Maura Lopes Cançado, com ênfase para o papel das narrativas em primeira pessoa na transformação de sua condição no contexto social ao qual estava inserida. Por fim, a escrita autobiográfica é apresentada como uma forma de resistência ao silenciamento e ao desaparecimento da perspectiva feminina em uma sociedade patriarcal. Dessa forma, pretende-se demonstrar como a publicação do diário autobiográfico Hospício é Deus: diário I inaugurou a autobiografia feminina neste formato e contexto no Brasil, além de marcar a quebra do paradigma da superficialidade e futilidade imposto pelo patriarcado às narrativas em primeira pessoa a partir da perspectiva feminina.

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Biografia do Autor

  • Tamiris Tinti Volcean, Universidade de São Paulo – USP

    Tamiris Tinti Volcean é jornalista, pedagoga e mestre em Comunicação Midiática pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" e doutoranda em Literatura Brasileira pelo Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São Paulo.

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Publicado

2021-07-31

Como Citar

A escrita autobiográfica de Maura Lopes Cançado como forma de resistência ao desaparecimento precoce da mulher na sociedade brasileira . (2021). Opiniães, 18, 198-213. https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2021.181332