Tudo isso e tudo aquilo: uma breve ponderação sobre contradições constitutivas do Modernismo brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2022.201262

Palavras-chave:

Modernidade, Modernismo, Sérgio Milliet, Poesia moderna, Simbolismo, Penumbrismo

Resumo

Os autores e obras brasileiras localizados nas primeiras décadas no século XX estão constantemente sob acusações de não serem verdadeiramente modernos, seja pela diferença e distância entre as realizações vanguardistas de nossos autores e as dos modelos europeus, seja pela ausência de discussão em torno da identidade nacional, seja ainda pelos contornos confusos e borrados entre identidade nacional e local. Entretanto, considerando a ponderação de Marshall Berman de que na Modernidade – e em sua expressão estética, o Modernismo –, não se é isso ou aquilo (Either/Or), mas se é isso e aquilo (Both/And), a experiência histórica e a arte moderna poderiam admitir a sobrevivência dialética das contradições, mesmo se elas, a priori, não coexistissem. A partir da análise do poema “Saudade”, publicado no livro Poemas análogos (1927), de Sérgio Milliet, em que coabitam contradições, temas decadentes, formas clássicas e imagens românticas com técnicas vanguardistas e dicção e ironia modernas, pode-se compreender e melhor interpretar o Modernismo brasileiro, refletindo sobre as contradições da experiência social da Modernidade no Brasil. Desta maneira, evita-se o encerramento da discussão nos argumentos da insuficiência, das impossibilidades, do erro, do “nunca ser moderno” que assombram o Modernismo brasileiro e latino-americano.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Gabriela Lopes de Azevedo, Universidade de São Paulo - USP

    Graduada em Letras (Português/ Francês) pela Universidade de São Paulo e pela Paris-Sorbonne. Doutoranda (doutorado direto) em Literatura Brasileira pela FFLCH-USP, sob orientação do Prof. Dr. Vagner Camilo.

Referências

ANDERSON, Perry. “Modernidade e revolução”. Tradução de Maria Lúcia Montes. Novos Estudos, n. 14, 1986, pp. 2-15. Disponível em: <https://novosestudos.com.br/produto/edicao-14/>. Acesso em: 25 set. 2022.

BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido se desmancha no ar: a aventura da modernidade. Tradução de Carlos Felipe Moisés e Ana Maria L. Ioriatti. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

BÜRGER, Peter. Teoria da vanguarda. Tradução de José Pedro Antunes. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

CĂLINESCU, Matei. As cinco faces da Modernidade: modernismo, vanguarda, decadência, kitsch, pós-modernismo. Tradução de Jorge Teles de Menezes. Belo Horizonte: Vega, 1999.

CANDIDO, Antonio. “A literatura na evolução de uma comunidade”. In: CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade: Estudos de teoria e história literária. 12. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2011a, pp. 147-176.

CANDIDO, Antonio. “Literatura e subdesenvolvimento”. In: CANDIDO, Antonio. A educação pela noite. 6. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre azul, 2011b, pp. 169-196.

CLARK, T. J. A pintura da vida moderna: Paris na arte de Manet e de seus seguidores. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

COMPAGNON, Antoine. Baudelaire l’irréductible. Paris: Flammarion, 2014.

COUTO, Ribeiro. [O que é o penumbrismo]. Destinatário: Rodrigo Octavio Filho. Belgrado, 10 mar. 1957. Disponível em: <https://www.correioims.com.br/carta/o-que-e-o-penumbrismo/>. Acesso em: 19 ago 2022.

GOLDSTEIN, Norma Seltzer. “Traços penumbristas na poesia de Manuel Bandeira”. Soletras, n. 25, pp. 59-69, 2013. DOI: <https://doi.org/10.12957/soletras.2013.7314>. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/soletras/article/view/7314>. Acesso em: 25 set. 2022.

GORELIK, Adrián. Das vanguardas a Brasília: Cultura urbana e arquitetura na América Latina. Tradução de Maria Antonieta Pereira. Belo Horizonte: UFMG, 2005.

LEITE, Sebastião Uchoa. Crítica de ouvido. São Paulo: Cosac Naify, 2003.

MARTINS, Carlos Alberto. “Identidade nacional e Estado no projeto modernista. Modernidade, Estado e tradição”. In: GUERRA, Abilio (org.). Textos fundamentais sobre história da arquitetura moderna brasileira (parte 1). São Paulo: Romano Guerra, 2010, pp. 279-298.

MILLIET, Sérgio. Poemas análogos. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1946.

MOTTA FILHO, Cândido. “Penumbrismo”. Klaxon. São Paulo, n. 15, pp. 11-12, 1922. Disponível em: <http://memoria.bn.br/DocReader/217417/55>. Acesso em: 25 set. 2022.

OCTAVIO FILHO, Rodrigo. [Origem do Penumbrismo]. Destinatário: Ribeiro Couto. Rio de Janeiro, 22 jan. 1957. Disponível em: <https://www.correioims.com.br/carta/origem-do-penumbrismo/>. Acesso em: 19 ago. 2022.

SIMMEL, Georg. “As grandes cidades e a vida do espírito”. In: SIMMEL, Georg. Sociologia essencial. Organização e introdução de André Botelho. Tradução de Leopoldo Waizbort. São Paulo: Penguin-Companhia, 2013, pp. 311-329.

SCHWARZ, Roberto. “As ideias fora do lugar”. In: SCHWARZ, Roberto. Ao vencedor as batatas: forma literária e processo social nos inícios do romance brasileiro. 6. ed. São Paulo: Duas cidades/ Editora 34, 2012, pp. 9-32.

Downloads

Publicado

2022-12-22

Como Citar

Tudo isso e tudo aquilo: uma breve ponderação sobre contradições constitutivas do Modernismo brasileiro . (2022). Opiniães, 21, 14-33. https://doi.org/10.11606/issn.2525-8133.opiniaes.2022.201262