Silêncio, conflito ou denúncia? A vulnerabilidade dos sujeitos entre a autonomia e heteronomia nos ambientes organizacionais

Autores

  • Luiz Alberto de Farias Universidade de São Paulo. Escola de Comunicações e Artes
  • Ágatha Camargo Paraventi Faculdade Cásper Líbero

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2238-2593.organicom.2022.195436

Palavras-chave:

Denúncias , Cultura de integridade, Silêncio organizacional, Mapeamento de conflitos, Conflitos, Desenvolvimento moral

Resumo

Este artigo reflete sobre o fenômeno do desenvolvimento da cultura moral nos ambientes organizacionais, problematizando o papel e os significados dos processos de escuta e participação que podem promovê-lo. Observamos o que influencia a posição de vulnerabilidade dos sujeitos que se dispõem, por responsabilidade moral, a contribuir para evitar desvios de conduta. A partir do fenômeno do silêncio organizacional, discutimos a importância da comunicação como espaço relacional que encoraja o conflito para construir o código moral da cultura.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Luiz Alberto de Farias, Universidade de São Paulo. Escola de Comunicações e Artes

    Livre docente em Opinião Pública pela Universidade de São Paulo (USP). Doutor em Comunicação e Cultura pela USP. Professor associado da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Professor titular da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp).

  • Ágatha Camargo Paraventi, Faculdade Cásper Líbero

    Doutora em Ciências da Comunicação pela USP. Mestre em Ciências da Comunicação pela USP. Professora dos cursos de Pós-Graduação em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas e em Comunicação Pública da ECA-USP. Professora da Faculdade Cásper Líbero.

Referências

AGUILAR, Francis J. A ética nas empresas: maximizando resultados através de uma conduta ética nos negócios. Tradução de Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.

ALFORD, C. Fred. Whistle-blower narratives: the experience of choiceless choice. Social Research, Baltimore, v. 74, n. 1, p. 223-248, 2007.

ANDRADE, Julio A. Reconceptualising whistleblowing in a complex world. Journal of Business Ethics, Berlin, v. 128, n. 2, p. 321-335, 2015.

BALDISSERA, Rudimar. Comunicação organizacional: uma reflexão a partir do paradigma da complexidade. In: OLIVEIRA, Ivone de Lourdes; SOARES, Ana Thereza Nogueira (org.). Interfaces e tendências da comunicação no contexto das organizações. Rio de Janeiro: Editora Senac, 2012. p. 148-177.

BIRD, Frederic B.; WALTERS, James A. Moral muteness. Californian Management Review, Berkeley, v. 32, n. 1, p. 73-88, 1989.

BRASIL. Decreto nº 8.420, de 18 de março de 2015. Regulamenta a Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, que dispõe sobre a responsabilização administrativa de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3M7eSHQ. Acesso em: 31 maio 2022.

BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação. Disponível em: https://bit.ly/3a9OY92. Acesso em: 31 maio 2022.

BUTLER, Judith. Rethinking vulnerability and resistance. In: BUTLER, Judith; GAMBETTI, Zeynep; SABSAY, Leticia (ed.). Vulnerability in resistance. Durham: Duke University Press, 2016. p. 12-27.

CHIU, Randy K. Ethical judgement, locus of control, and whistleblowing intention: a case study of mainland Chinese MBA students. Managerial Auditing Journal, Bingley, v, 17, n. 9, p. 581-587, 2002. doi: https://doi.org/10.1108/02686900210447588.

CIALDINI, Robert B. et al. Managing social norms for persuasive impact. Social Influence, Abingdon, v. 1, n. 1, p. 3-15, 2006. doi: https://doi.org/10.1080/15534510500181459.

CIALDINI, Robert. B. Crafting normative messages to protect the environment. Current Directions in Psychological Science, London, v. 12, n. 4, p. 105-109, 2003.

DEETZ, Stanley. A ascensão dos modelos de governança de stakeholders e o consequente redesenho da comunicação. In: KUNSCH, Margarida M. Krohling; OLIVEIRA, Ivone de Lourdes (org.). A comunicação na gestão da sustentabilidade das organizações. São Caetano do Sul: Difusão, 2009. p. 85-106.

DEETZ, Stanley. Comunicação organizacional: fundamentos e desafios. In: MARCHIORI, Marlene (org.). Comunicação e organização: reflexões, processos e práticas. São Caetano do Sul: Difusão, 2010. p. 83-102.

DEGEORGE, Richard. Business ethics. New York: MacMillan, 1990.

DI NAPOLI, Ricardo Bins. Dilemas morais. In: TORRES, João Carlos Brum (org.). Manual de ética: questões de ética teórica e aplicada. Petrópolis: Vozes, 2014. p. 200-221.

DOZIER, Janelle Brinker; MICELI, Marcia P. Potential predictors of whistle-blowing: a prosocial behavior perspective. Academy of Management Review, Briarcliff Manor, v. 10, n. 4, p. 823-836, 1985. doi: https://doi.org/10.2307/258050.

DROIT, Roger-Pol. Ética: uma primeira conversa. Tradução de Anália Correia Rios. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.

EISENBERGER, Robert; HUNTINGTON, Robin; HUTCHISON, Steven; SOWA, Debora. Perceived organizational support. Journal of Applied Psychology, Washington, DC, v. 71, n. 3, p. 500-507, 1986. doi: https://doi.org/10.1037/0021-9010.71.3.500.

FEBRABAN. Guia Boas práticas de compliance. São Paulo: Febraban, 2018. Disponível em: https://bit.ly/38LbDZ4. Acesso em: 3 jun. 2022.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Editora LTC, 1989.

GIOVANINI, Wagner. Compliance: a excelência na prática. São Paulo: [s. n.], 2014.

GLOBAL BUSINESS ETHICS SURVEY. The link between supervisor leadership and workplace behaviors. Virgínia: GBES, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3t78Ujv. Acesso em: 31 maio 2022.

GLOBAL BUSINESS ETHICS SURVEY. The state of ethics & compliance in the workplace. Virgínia: GBES, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3aaTYdE. Acesso em: 31 maio 2022.

GURGEL, Thais; MOÇO, Anderson. Como se resolve a indisciplina? Nova Escola, São Paulo, 1 out. 2009. Disponível em: https://bit.ly/3PR6109. Acesso em: 31 maio 2022.

HABERMAS, Jürgen. Consciência moral e agir comunicativo. Tradução de Guido de Almeira. 2. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.

HALL, Stuart. Estudos culturais: dois paradigmas. In: HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013. p. 131-159.

HEINEMAN JUNIOR, Ben W. Avoiding integrity landmines. Harvard Business Review, Cambridge, abr. 2007. Disponível em: https://bit.ly/3x1EoKj. Acesso em: 31 maio 2022.

HONNET, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. Tradução de Luiz Serpa. São Paulo: Editora 34, 2009.

IAVELBERG, Catarina. A delação e os afetos. Gestão Escolar, São Paulo, 1 nov. 2012. Disponível em: https://bit.ly/3z7U68d. Acesso em: 17 fev. 2022.

JONES, Thomas M. Ethical Decision Making by individuals in organizations: an issue-contingent model. Academy of Management Review, Briarcliff Manor, v. 16, n. 2, p. 366-395, 1991.

KAPTEIN, Muel. How much you see is how you respond: the curvilinear relationship between the frequency of observed unethical behavior and the whistleblowing intention. Journal of Business Ethics, Berlin, v. 175, p. 857-875, 2022. doi: https://doi.org/10.1007/s10551-020-04663-6.

KENNY, Kate; FOTAKI, Marianna. The costs and labour of whistleblowing: bodily vulnerability and post-disclosure survival. Journal of Business Ethics, Berlin, 2021. doi: https://doi.org/10.1007/s10551-021-05012-x.

KOHLBERG, Lawrence. The claim to moral adequacy of a highest stage of moral judgment. The Journal of Philosophy, New York, v. 70, n. 18, p. 630-646, 1973.

LINDBLOM, Lars. Dissolving the moral dilemma of whistleblowing. Journal of Business Ethics, Berlin, v. 76, n. 4, p. 413-426, 2007.

LIPPMANN, Walter. Opinião pública. Tradução de Jacques A. Wainberg. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

MARCHIORI, Marlene. Cultura e comunicação organizacional: um olhar estratégico sobre a organização. São Caetano do Sul: Difusão, 2008.

MICELI, Marcia P.; NEAR, Janet P. Whistleblowing: reaping the benefits. Academy of Management Perspectives, Briarcliff Manor, v. 8, n. 3, p. 65-72, 1994.

MILGRAM, Stanley. Some conditions of obedience and disobedience to authority. Human Relations, Thousand Oaks, v. 18, n. 1, p. 57-76, 1965. doi: https://doi.org/10.1177/001872676501800105.

NEAR, Janet. P.; MICELI, Marcia P. Organizational dissidence: the case of whistle-blowing. Journal of Business Ethics, Berlin, v. 4, p. 1-16, 1985. doi: https://doi.org/10.1007/BF00382668.

PARAVENTI, Ágatha Camargo. Engajamento de stakeholders para sustentabilidade e as contribuições do modelo PARC de Stanley Deetz (2009). Communicare, São Paulo, v. 16, n. 1, p. 76-97, 2017.

PARAVENTI, Ágatha Camargo. Relações públicas, ética e relações de poder: um estudo grounded theory sobre danos e limites morais. 2020. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.

PIAGET, Jean. The moral judgment of the child. New York: The Free Press, 1965.

SCHEIN, Edgar H. Guia de sobrevivência da cultura corporativa. Rio de Janeiro: José Olympio, 2001.

SOLOMON, Robert C. Ética e excelência: cooperação e integridade nos negócios. Tradução de Maria Luiza X. A. Borges. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

VANDEKERCKHOVE, Wim; TSAHURIDU, Eva E. Risky rescues and the duty to blow the whistle. Journal of Business Ethics, Berlin, v. 97, n. 3, p. 365-380, 2010.

VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

VERHEZEN, Peter. Giving voice in a culture of silence. From a culture of compliance to a culture of integrity. Journal of Business Ethics, Berlin, v. 96, n. 2, p. 187-206, 2010. doi: https://doi.org/10.1007/s10551-010-0458-5.

VINHA, Telma Pileggi; TOGNETTA, Luciene Regina Paulino. Construindo a autonomia moral na escola: os conflitos interpessoais e a aprendizagem dos valores. Diálogo Educacional, Curitiba, v. 9, n. 28, p. 525-540, 2009. doi: https://doi.org/10.7213/rde.v9i28.3316.

VIOLÊNCIA doméstica e familiar contra a mulher: Ligue 180 e tudo o que você precisa saber. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Brasília, DF, 21 jul. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3MYa1dn. Acesso em: 31 maio 2022.

Downloads

Publicado

2022-11-18

Como Citar

FARIAS, Luiz Alberto de; PARAVENTI, Ágatha Camargo. Silêncio, conflito ou denúncia? A vulnerabilidade dos sujeitos entre a autonomia e heteronomia nos ambientes organizacionais. Organicom, São Paulo, Brasil, v. 19, n. 38, p. 62–81, 2022. DOI: 10.11606/issn.2238-2593.organicom.2022.195436. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/organicom/article/view/195436.. Acesso em: 19 abr. 2024.