Reflexões sobre relações interseccionais de poder nas trajetórias de mulheres relações-públicas no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2238-2593.organicom.2023.207469

Palavras-chave:

Relações internacionais de poder, Relações públicas, Maternidades, Racismo

Resumo

O artigo analisa as construções de sentido sobre as relações interseccionais de poder que marcaram a trajetória de quatro mulheres que atuam como relações-públicas. Buscamos responder à questão: de que modo essas relações de poder sustentam as desigualdades vivenciadas pelas relações-públicas no Brasil? A partir da abordagem teórico-metodológica da Análise de Discurso Crítica, os resultados mostram a predominância do discurso da meritocracia, que naturaliza a discriminação vivenciada pelas mulheres, expressa pela naturalização da maternidade, a individualização do trabalho do cuidado e o não reconhecimento do racismo estrutural, entre outros.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Maria Aparecida Ferrari, Universidade de São Paulo. Escola de Comunicações e Artes

    Professora Associada II, da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo Livre-Docente em Relações Públicas pela USP Doutora em Ciência da Comunicação pela USP, com período de estudos na Universidade de Maryland (EUA) Mestra em Ciências da Comunicação pela USP Graduada em Ciências Sociais pela USP e em Relações Públicas pela Faculdade de Comunicação Social Anhembi

  • Kalliandra Quevedo Conrad, Universidade Tecnológica Federal do Paraná

    Docente do curso de bacharelado em Comunicação Organizacional da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) .Doutora e mestra em Comunicação pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Pesquisadora de Pós-Doutorado no Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Vice coordenadora do Grupo de Pesquisa Comunicação, Gênero e Desigualdades da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/CNPq). 

  • Sandra Milena Ortega Restrepo, Universidade de São Paulo

    Mestre em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Bolsista CAPES. Especialista em Marketing pela Pontificia Universidad Bolivariana, Colombia. Graduada em Relações Públicas pela Universidad de Medellín, Colombia

Referências

ADI, Ana.; AYME-YAHIL, Edna. (eds.). Women in PR. Research and opinions about the status, challenges and future of women working in PR/Communications. Berlim: Quadriga University of Applied Sciences, 2020. Disponível em: https://www.quadriga-hochschule.com/app/uploads/2021/03/QHS_Women-in-PR_Adi-Ayme-Yahil_0.pdf. Acesso em 31 jan. 2023.

AKTAŞ, Melike. Women in Public Relations: Reflections from Academic Research. In: ADI, A.; AYME-YAHIL, E. (eds.). Women in PR. Research and opinions about the status, challenges and future of women working in PR/Communications. Quadriga University of Applied Sciences, 2020, p. 9-18.

BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. Cadernos Pagu, v. 26, p. 329-376, 2006.

BERTAUX, Daniel. El enfoque biográfico: su validez metodológica, sus potencialidades. Proposiciones, n. 29, marzo de 1999. Traducido por el TCU 0113020 de la Universidad de Costa Rica, de “L’approche biographique: Sa validité méthodologique, ses potentialités”, publicado en Cahiers lnternationaux de Sociologie, vol. LXIX, París, 1980, p. 197-225.

BLAY, Eva Alterman; AVELAR, Lúcia. 50 Anos de Feminismo: Argentina, Brasil e Chile: A construção das mulheres como atores políticos e democráticos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Fapesp, 2017.

BENTO, Cida. O pacto da branquitude.1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

BRASIL. Lei 5.377, de 11 de dezembro de 1967. Disciplina a Profissão de Relações Públicas e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l5377.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%205.377%2C%20DE%2011%20DE%20DEZEMBRO%20DE%201967.&text=Disciplina%20a%20Profiss%C3%A3o%20de%20Rela%C3%A7%C3%B5es%20P%C3%BAblicas%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias. Acesso em 01 fev. 2023.

CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque (org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 312-321.

CLINE, Carolyn Garrett. The velvet ghetto: The impact of the increasing number of women in public relations and business communication. San Francisco, CA: IABC Foundation, 1986.

CODATO, Adriano; LEITE, Fernando. Classe social. In: ALMEIDA, Heloisa Buarque; SZWAKO, José (org.). Diferenças, igualdade. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2009. p. 20-68.

COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Interseccionalidade. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2021.

FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. 2. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2016.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. Tradução Coletivo Sycorax. São Paulo: Elefante, 2017.

FERRARI, Maria Aparecida. A influência dos valores organizacionais na determinação da prática e do papel dos profissionais de relações públicas: estudo comparativo entre organizações do Brasil e do Chile. 2000. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.

FERRARI, Maria Aparecida. Contexto Global e latino-americano da comunicação e relações públicas In: GRUNIG, James E.; FERRARI, Maria Aparecida; FRANÇA, Fábio. Relações públicas: teoria, contexto e relacionamentos. 2. ed. revisada e ampliada. São Caetano do Sul: Difusão, 2011.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. ISBN: 85-224-3169-8.

GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural da Amefricanidade. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque (org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 340-352.

GRUNIG, Larissa. A.; TOTH, Elizabeth. L.; HON, Linda Childers. Women in public relations: how gender influences practice. New York: Guilford, 2001.

GURGEL, Luciana. Estudo em 12 países expõe abismo de gênero no comando das redações, com Brasil “na lanterna”. Media Talks, 22 mar. 2022. Disponível em: https://mediatalks.uol.com.br/2022/03/22/estudo-mostra-baixa-participacao-de-jornalistas-mulheres-no-comando-das-redacoes/. Acesso em: 06 fev. 2023.

HOOKS, Bell. Intelectuais negras. Revista estudos feministas, Florianópolis, v. 3. n. 2, p. 464-478, segundo semestre 1995.

HOOKS, Bell. Teoria feminista: da margem ao centro. São Paulo: Perspectiva, 2019.

HOLLANDA, Heloisa Buarque de. (org.). Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. 440 p.

HOLTZHAUSEN, Derina. Public relations as activism: postmodern approaches to theory & practice. New York: Routledge, 2016.

KERGOAT, Danièle. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. In: HIRATA, Helena; LABORIE, Françoise; LE DOARÉ, Hélène; SENOTIER, Danièle (org.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Editora UNESP, 2009. p. 67-75.

KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São Paulo: Summus, 1986.

L’ETANG, Jaquie. Relaciones públicas: conceptos, práctica y crítica. Barcelona: UOC, 2009.

LEITE, Tayná. Desromantizar é preciso. Gestar, parir, amar não é só começar. Belo Horizonte: Letramento, 2019. p. 60-68.

LEITE, Tayná. A mulher que habita em mim: onde ela foi parar? Gestar, parir, amar não é só começar. Belo Horizonte: Letramento, 2019. p. 121-129.

LEITE, Tayná. Quem paga essa conta? Gestar, parir, amar não é só começar. Belo Horizonte: Letramento, 2019. p. 131-151.

MAHER, Jane Maree. Skills, Not Attributes: Rethinking Mothering as Work. Journal of the Motherhood Initiative for Research and Community Involvement, [S. l.], v. 6, n. 2, 2004. Disponível em: https://jarm.journals.yorku.ca/index.php/jarm/article/view/4917. Acesso em: 12 dez. 2022.

MELO, Hildete Pereira de; CASTILHO, Marta. Trabalho reprodutivo no Brasil: quem faz?. Revista de economia contemporânea, v. 13, n. rev. econ. contemp., 2009 13(1), jan. 2009. DOI: https://doi.org/10.1590/S1415-98482009000100006 Disponível em https://www.scielo.br/j/rec/a/n6MkFMkdcWNq4JfhfzW7DQh/abstract/?lang=pt#. Acesso em 4 jan. 2023.

OLIVEIRA-CRUZ, Milena Freire de. Classe, gênero e dinâmica da vida social. Publicidade e desigualdade: leituras sobre gênero, classe e trabalho feminino. Porto Alegre: Sulina, 2018.

O’REILLY, Andrea. Matricentric feminism: theory, activism, practice. Toronto: Demeter, 2016.

ORTEGA, Sandra M. R. Desafios e percalços de mulheres no exercício profissional de relações públicas: análise de histórias de vida para entender a desigualdade na profissão. 2022. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Escola de comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2022. DOI: https://doi.org/10.11606/D.27.2022.tde-09062022-142949

PERUZZO, Cicilia Krohling. Relações públicas no modo de produção capitalista. São Paulo: Summus, 1986.

PIECZKA, Magda. Looking back and going forward: the concept of the public. Public relations inquiry, v. 8, n. 3, p. 225-244, 2019. DOI: https://doi.org/10.1177%2F2046147X19870269. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/2046147X19870269. Acesso em: 7 fev. 2022.

RAMALHO, Viviane; RESENDE, Viviane de Melo. Análise de discurso (para a) crítica: o texto como material de pesquisa. Pontes, 2011.

RAMALHO, Viviane; RESENDE, Viviane de Melo. Análise de discurso crítica. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2022.

SANTAMARINA, Cristina; MARINAS, José Miguel. Histórias de vida e história oral. In: DELGADO, Juan Manuel; GUTIÉRREZ, Juan (ed.). Métodos y técnicas cualitativas de investigación en ciencias sociales. Madrid: Síntesis, 1995. p. 257- 285.

SOUZA, Ana Luiza de Figueiredo. Tensionamentos maternos na contemporaneidade: articulações com o cenário brasileiro, Revista crítica de ciências sociais [on-line], n. 123, 2020. DOI: https://doi.org/10.4000/rccs.10972. Disponível em: http://journals.openedition.org/rccs/10972. Acesso em: 17 dez. 2020.

THEODORO, Mário. A sociedade desigual: racismo e branquitude na formação do Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2022. p.15-170.

TIBURI, Marcia. Feminismo em comum: para todas, todes e todos. Rio de Janeiro: Record, 2018.

TOPIĆ, Martina (ed.). Women in public relations in England. Leeds/Brussels: Creative Media and Communications Research; Euprera, 2020. (Euprera Report v. 2., n. 1).

VIVAS, Esther. Maternidade em disputa. Mamãe desobediente: um olhar feminista sobre a maternidade. São Paulo: Timo, 2021. p. 17-121.

VERČIČ, Dejan; VAN RULER, Betteke; BÜTSCHI, Gerard; FLODIN, Bertil. On the definition of public relations: a European view. Public relations review, n. 27, p. 373-387, 2001. DOI: https://doi.org/10.1016/S0363-8111(01)00095-9

XIFRA, Jordi. Public relations anthropologies: French theory, anthropology of morality and ethnographic practices. Public relations review, n. 38, p. 565-573, 2012. DOI: https://doi.org/10.1016/j.pubrev.2012.05.003

WEY, Hebe. O processo de relações públicas. São Paulo: Summus, 1983.

YEOMANS, Liz. The ‘acceptable face of feminism’ in the UK public relations industry: senior women’s discourse and performativity within the neoliberal PR firm. In: ADI, Ana; AYME-YAHIL, Edna (eds.). Women in PR: research and opinions about the status, challenges and future of women working in PR/communications. Berlim: Quadriga University of Applied Sciences. 2020. p. 39-47. Disponível em: https://www.quadriga-hochschule.com/app/uploads/2021/03/QHS_Women-in-PR_Adi-Ayme-Yahil_0.pdf. Acesso em 31 jan. 2023.

Downloads

Publicado

2023-03-21

Como Citar

Reflexões sobre relações interseccionais de poder nas trajetórias de mulheres relações-públicas no Brasil. Organicom, [S. l.], v. 20, n. 41, p. 84–104, 2023. DOI: 10.11606/issn.2238-2593.organicom.2023.207469. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/organicom/article/view/207469.. Acesso em: 28 mar. 2024.