Espaços livres e arborização: uma análise do subúrbio ferroviário do Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2359-5361.paam.2019.161067Palavras-chave:
Espaços livres, Arborização, Subúrbio ferroviário, Morfologia urbana, Rio de JaneiroResumo
O subúrbio ferroviário da cidade do Rio de Janeiro, localizado na Área de Planejamento 3 – AP3 possui as maiores concentrações de população de número de domicílios e densidade demográfica dentre as áreas de planejamento da cidade, assim como o maior percentual de residentes em assentamentos precários. Nessa região, destacam-se ainda, a elevada ocupação do solo e a consequente carência de espaços livres públicos, representados por praças, parques e espaços de lazer em geral. Este artigo busca apresentar a análise multi-métodos de identificação, quantificação e categorização dos espaços livres e da arborização existentes no subúrbio ferroviário na cidade do Rio de Janeiro. A análise dos espaços livres comprovou o alto índice de ocupação do solo urbano, onde, aproximadamente 64% do território estudado compõem-se de terrenos ocupados, sendo o maior índice de ocupação por Área de Planejamento. A pesquisa destacou também a carência de espaços livres públicos, sendo a AP3 a região que apresenta o menor percentual de distribuição desses espaços por hectare da cidade. Através da quantificação da massa arbórea existente, identificou-se que 83% de toda a área arborizada encontra-se em espaços livres privados em contrapartida ao restante incidente nos espaços públicos demonstrando assim a importância dos espaços livres privados para a manutenção da arborização no território analisado. Em uma região consolidada, altamente adensada e caracterizada por elevadas médias de temperatura, o sistema de espaços livres públicos e privados e a arborização se apresentam como importantes elementos para melhoria do microclima, atuando de maneira compensatória às deficiências existentes na estrutura urbana local. Espera-se que tal análise possa ser instrumento útil capaz de evidenciar a relevância da vegetação no sistema de espaços livres, atuando de forma colaborativa com as políticas públicas de gestão do território e de qualificação da paisagem.
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