A pesquisa em ética na educação ambiental

Autores

  • Mauro Grün Universidade do Planalto Catarinense

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2177-580X.v2i1p185-206

Palavras-chave:

Educação Ambiental, Ética Ambiental, Ecologia Radical

Resumo

Meu objetivo neste texto é traçar um panorama da pesquisa em ética ambiental salientando importantes insights e inspirações para a educação ambiental. Trata-se de estabelecer conexões entre a ética e a educação ambiental. O texto divide-se em três partes. Na primeira parte, demonstro como se deu o nascimento da ética ambiental como disciplina científica. Mostro isso a partir dos trabalhos de Routley (2003) e Naess (1995), ambos originalmente publicados em 1973. Routley argumenta que dentro da tradição ética ocidental dominante - os últimos 2.500 anos - não há lugar para a considerabilidade moral da Natureza. Esta só tem valor instrumental. No mesmo ano, Naess publicou sua plataforma da Ecologia Profunda com dezoito princípios que serviam de guia para a ação. A Ecologia Profunda advoga o bioigualitarismo biosférico, para o qual não existe hierarquia de valor entre as diferentes entidades da ecosfera - rochas, plantas, animais, rios, seres humanos e a terra como um todo -, ou seja, todas têm o mesmo valor, pelo menos do ponto de vista ético. Na segunda parte do texto, comento duas Éticas da Terra, a de Rolston (1996) e a de Callicott (1993). Rolston (1996) argumenta que a Natureza tem sido tratada quase exclusivamente como recurso natural. A mudança radical viria por meio de uma ética e de uma Educação Ambiental que passassem a admirar a Natureza em seus próprios termos. Para o filósofo, a frase "tudo é recurso" encontra paralelo na sentença "todo mundo é egoísta". Callicott (1993), por sua vez, também apregoa uma Ética da Terra holista baseada em Darwin, David Hume e Adam Smith, defendendo o ecocentrismo. Seguindo Leopold (1987), Callicott (1993) argumenta que temos deveres morais para com a comunidade - terra. Esses deveres são baseados nos "sentimentos morais" de amor, respeito, obrigação, admiração e pertença à terra. Argumento que as éticas do valor intrínseco contêm um grande potencial subversivo da ordem vigente. Ao final, proponho um casamento entre as diversas ecologias radicais como forma de empoderamento de educadores (as) ambientais.

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Publicado

2007-06-01

Edição

Seção

nd1176622583