Ecoalfabetização: ensinando a ler a natureza

Autores

  • Shaula Maíra Vicentini Sampaio Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Maria Lúcia Castagna Wortmann Universidade Luterana do Brasil

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2177-580X.v2i2p133-152

Palavras-chave:

Ecoalfabetização, Representações de natureza, Estudos culturais

Resumo

Neste artigo, discutimos alguns significados atribuídos à natureza, praticados na ecoalfabetização, vertente da educação ambiental que consiste na busca por maneiras de operacionalizar a sustentabilidade ecológica, por meio da observação e do aprendizado com os sistemas naturais. Uma das representações culturais que discutimos refere um suposto afastamento ocorrido entre ser humano e natureza como a principal causa do desequilíbrio ecológico. Assim, nossos modos de vida seriam cada vez menos "naturais". Argumentamos, entre outros aspectos, que o que se entende por "natural" não possui um significado intrínseco, mas é construído na cultura. Queremos registrar ainda que essas construções definidoras do que é e do que não é "natural", possuem efeitos constitutivos, políticos e pedagógicos que atuam fortemente sobre a vida das pessoas. Desse modo, a alfabetização ecológica, ao incentivar que aprendamos com os "princípios ecológicos", promove determinadas leituras e interpretações preferenciais da natureza. Entre essas, a de que a natureza é perfeita, harmônica e sábia. Autores que criticam a ecoalfabetização identificam nela um acentuado determinismo ecológico, pois essa se valeria da transposição de regras da natureza para governar a sociedade.

Downloads

Publicado

2007-12-01

Edição

Seção

nd2070364423