As origens intelectuais do fascismo e suas reinvenções: entre a “revolução conservadora” e o Tradicionalismo

Autores

  • Francisco Thiago Rocha Vasconcelos Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), em Redenção - CE, Brasil https://orcid.org/0000-0003-3807-3187

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2022.193358

Palavras-chave:

Fascismo; Tradicionalismo; Neoliberalismo; Pensamento Político.

Resumo

Neste artigo, abordamos o fascismo a partir de suas fundamentações teóricas, tematizando as continuidades entre suas origens intelectuais e os desenvolvimentos mais recentes no pensamento e na prática política. Nosso ponto de partida foi a interpretação de Karl Polanyi sobre as origens intelectuais da “revolução conservadora”, movimento intelectual e político europeu do início do século XX. Em seguida, traçamos paralelos com o pensamento de Julius Evola, expoente do Tradicionalismo, corrente intelectual que desperta especial interesse no pensamento político da extrema direita ou da nova direita atuais. Demonstramos como os princípios intelectuais do fascismo permanecem sendo tendências latentes ou explícitas de desenvolvimento ao longo da história, servindo de fundamento para a restrição da democracia e para o manejo da política de massas em tempos de crise do capitalismo através do apoio a populismos de direita.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ALEKSEEVICH, Kanaev A (2020). Ernst Niekisch, Nacional Bolchevismo e a União Soviética. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em História). São Petersburgo: Universidade de São Petersburgo.

ALEXANDER, James (1994). The Karl Marx of Fascism. Journal of Historical Review, v. 14, n. 5, p. 10-18. Disponível em: http://library.flawlesslogic.com/pareto.htm. Acesso em 18/02/2022.

ARENDT, Hannah (2013). Origens do totalitarismo: antissemitismo, imperialismo, totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras.

AUGUSTO, André G. (2017). Visão de mundo aristocrática e a contrarrevolução conservadora. niepmarx. Blog. https://www.niepmarx.blog.br/MManteriores/MM2017/anais2017/MC45/mc453.pdf (acesso em 15/02/2022).

BARBIERI, Cássio Guilherme (2021). Racismo, degenerescência e temporalidade. Gavagai - Revista Interdisciplinar de Humanidades, v. 8, n. 2, p. 73-92.

BREUER, Stefan (1993). Anatomie der konservativen Revolution. Darmstadt.

DA EMPOLI, Giuliano (2019). Os Engenheiros do Caos. São Paulo: Vestígio.

DE BENOIST, Alain.Benoist (1982). Pour un “gramscisme de droite”. Anais do Colloque National du GRECE. Paris.

DE BENOIST, Alain.Benoist (1986). Europe, Tiers Monde, même combat. Paris : R. Laffont.

DUGIN, Aleksandr; CARVALHO, Olavo de (2012). Os EUA e a Nova Ordem Mundial: Um Debate Entre Alexandre Dugin e Olavo de Carvalho. Campinas: CEDET.

DUGIN, Aleksandr (2012). A Quarta Teoria Política. Budapeste: Arktos Media.

DUPEUX, Louis (1994). La Nouvelle Droite ‘Révolutionnaire-Conservatrice’ Allemande Et Son Influence Sous La République De Weimar. Revue D’histoire Moderne Et Contemporaine, vol. 41, no. 3, 1994, pp. 471–488. http://www.jstor.org/stable/20529989 (acesso em 15/02/2022).

ECO, Umberto (2018). O fascismo eterno. Rio de Janeiro: Record.

EVOLA, Julius (1941). Sintesi di dottrina della razza. Milano: Ar.

EVOLA, Julius (2007). Autodefesa. Boletim Evoliano. ano 1, n. 1, p. 19-24, 2007 [‘Autodifesa’. L’Eloquenza, no. 12, November–December, 1951]. http://legiaovertical.blogspot.com/ (acesso em 25/04/2022).

EVOLA, Julius (1989). Revolta contra o mundo moderno. Lisboa: Dom Quixote.

EVOLA, Julius (2010). The path of cinnabar. The intellectual autobiography of Julius Evola. Londres: Arktos.

EVOLA, Julius (2020). O fascismo visto da direita política. Edição Kindle.

FAUSTO, Ruy (2017a). O ciclo do totalitarismo. São Paulo: Perspectiva.

FAUSTO, Ruy (2017b). Caminhos da Esquerda. São Paulo: Companhia das Letras.

FAYE, Guillaume (1998). L’Archéofuturisme. L’Aencre.

FERREIRA, Marcos Farias; TERRENAS, João (2016). Good-bye, Lenin! Hello, Putin! O discurso geoidentitário na política externa da nova Rússia. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 20, p. 43-78.

FINCHELSTEIN, Federico (2019). Do fascismo ao populismo na história. São Paulo: Almedina.

HOBSBAWM, Eric (1995). Era dos Extremos: O breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras.

HUNTINGTON, Samuel (1997). O choque de civilizações e a recomposição da ordem mundial. Rio de Janeiro: Objetiva.

HUXLEY, Aldous (1973). A filosofia perene: uma interpretação dos grandes místicos do Oriente e do Ocidente. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

KLEMPERER, Klemens von (1951). Towards a Fourth Reich? The History of National Bolshevism in Germany. The Review of Politics, vol. 13, n. 2, p. 191-210. http://www.jstor.org/stable/1404764 (acesso em 15/02/2022).

KONDER, Leandro (2009). Introdução ao Fascismo. São Paulo: Expressão Popular.

LACLAU, Ernesto (2005). On populist reason. Londres: Verso.

LOSURDO, Domenico (2003). Para uma crítica da categoria de totalitarismo. Crítica marxista, p. 51-79.

LOSURDO, Domenico (2017). “Stálin e Hitler: irmãos gêmeos ou inimigos mortais?” In: JINKINGS, Ivana (org). 1917: o ano que abalou o mundo. São Paulo: Boitempo.

LUKÁCS, György (2009). “Concepção aristocrática e concepção democrática de mundo”. In: LUKÁCS, György (org.). O jovem Marx e outros escritos de filosofia. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ.

MERLIO, Gilbert (2003). Y a-t-il eu une ‘Révolution Conservatrice’ sous la République de Weimar? Revue Française D’Histoire Des Idées Politiques, n. 17, p. 123-41. http://www.jstor.org/stable/24610230 (acesso em 15/02/2022).

MELLO, Natália N (2012). Dirigindo o desenvolvimento político: a produção teórica e a política externa dos Estados Unidos nas décadas de 1950 e 1960. São Paulo: Humanitas.

MIGUEL, Luís F. (2016). Desigualdades e Democracia: o debate da teoria política. São Paulo: Unesp.

MISES, Ludwig von (2002). Liberalism in the classical tradition. São Francisco: Cobden Press.

MOUNK, Yascha (2019). O povo contra a democracia – por que nossa liberdade corre perigo e como salvá-la. São Paulo: Companhia das Letras.

MÜLLER, Jan-Werner (2011). “Getting a grip on populism”. Dissent. https://www.dissentmagazine.org/blog/getting-a-grip-on-populism (acesso em 01/06/2022)

PAXTON, Robert O (2007). A Anatomia do fascismo. São Paulo: Paz e Terra.

POGGI, Tatiana (2015). Faces do Extremo: o neofascismo nos EUA 1970-2010. Curitiba: Prismas.

POLANYI, Karl. (1935). “The essence of fascism”. In: LEWIS, John; POLANYI, Karl; KITCHIN, Donald K. (orgs.), Christianity and the Social Revolution, Nova Iorque: Ayer Co. Pub., p. 359‑94.

POPPER, Karl (1987). A Sociedade Aberta e Seus Inimigos. São Paulo: Ed. Itatiaia/USP.

PRADO, Michele (2021). Tempestade Ideológica. Bolsonarismo: a alt-right e o populismo iliberal no Brasil. São Paulo: Editora Lux.

RANCIÈRE, Jacques (2013). “L’introuvable populisme”. In: BADIOU, Alain; BOURDIEU, Pierre; BUTLER, Judith; DIDI-HUBERMAN, Georges; KHIADRI, Sadri; RANCIÈRE, Jacques. Qu’est-ce qu’un peuple?. Paris: La Fabrique.

RANQUETAT JR., Cesar (2012). “O pensamento de Julius Evola no Brasil”. Disponível em: https://legio-victrix.blogspot.com/2012/05/o-pensamento-de-julius-evola-no-brasil.html. (acesso em 25/02/2022).

RANQUETAT JR., Cesar (2019). Da direita moderna à direita tradicional. Curitiba: Ed. Danúbio.

REICH, William (2001). Psicologia de Massas do Fascismo. São Paulo: Martins Fontes.

RENTO, Dave (1999). Fascism: theory and practice. London: Pluto Press.

SEDGWICK, Mark (Ed.). (2020). Contra o mundo moderno: o Tradicionalismo e a história intelectual secreta do século XX. Belo Horizonte: Ayiné.

SERVICE, Robert (2018). Camaradas. Uma história do comunismo mundial. Rio de Janeiro: DIFEL.

SHEEHAN, Thomas (1981). Myth and violence: the fascism of Julius Evola and Alain de Benoist. Social Research, p. 45-73.

SPENGLER, Oswald (1986). A decadência do Ocidente. Brasília: Ed.UnB.

STANLEY, Jason (2019). Como funciona o fascismo – a política do “nós” e “eles”. Porto Alegre: L&PM.

STERNHELL, Zeev (2009). The anti-Enlightenment tradition. New Haven: Yale University Press.

TAGUIEFF, Pierre-André (1993). Origines et métamorphoses de la nouvelle droite. Vingtième Siècle, revue d’histoire, n. 40, octobre-décembre, p. 3-22. https://www.persee.fr/doc/xxs_0294-1759_1993_num_40_1_3005 (acesso em 07/08/2021).

TEITELBAUM, Benjamin R. (2020a). Guerra pela eternidade: o retorno do Tradicionalismo e a ascensão da direita populista. Campinas: Ed. Unicamp.

TEITELBAUM, Benjamin R. (2020b). “Guerra pela Eternidade” desvenda a base ideológica que funda a nova direita. Jornal da Unicamp, Campinas. https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2020/12/10/guerra-pela-eternidade-desvenda-base-ideologicaque-funda-nova-direita (acesso em: 15/02/2022).

TRAVERSO, Enzo (2016). Espectros del fascismo. Pensar las derechas radicales en el siglo XXI. Herramienta, n. 58. Buenos Aires. https://biblat.unam.mx/pt/revista/herramienta-buenos-aires/articulo/espectros-del-fascismo-pensar-las-derechasradicales-en-el-siglo-xxi (acesso em 15/02/2022).

WOLFF, Elisabetta Cassini (2016). Evola’s interpretation of fascism and moral responsibility. Patterns of Prejudice, v. 50, n. 4-5, p. 478-94.

VASCONCELOS, Francisco Thiago (2021). A ‘guerra cultural’ neofascista no Brasil: entre o neoliberalismo e o nacional-bolchevismo. Revista de História da UEG, v. 10, p. 1-28.

VASCONCELOS, Francisco Thiago (2022a). Alain de Benoist e a Nova Direita Europeia: gramscismo de direita, revolução conservadora e fascismo cultural. Princípios, v. 41, n. 163, p. 208-39, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2022.163.009

VASCONCELOS, Francisco Thiago (2022b). ‘Para salvar a nação somos até capazes de comunismo’: o nacional-bolchevismo ontem e hoje. Almanaque de ciência política, v. 6, p. 1-34.

VASCONCELOS, Francisco Thiago Rocha; MARIZ, Silviana Fernandes (2021). O 11 de setembro como marco simbólico do revisionismo histórico à direita: ‘guerra cultural’, elitismo e geopolítica civilizacional. Locus: Revista de História, v. 27, p. 72-95. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/locus/article/view/33471 (acesso em 15/02/2022).

VAZ, João J (2018). De Alexandria ao identitarismo: presenças gnósticas na direita radical contemporânea. Dissertação (Mestrado). Estudos sobre a Europa da Universidade Aberta.

Downloads

Publicado

2022-06-30

Como Citar

Vasconcelos, F. T. R. . (2022). As origens intelectuais do fascismo e suas reinvenções: entre a “revolução conservadora” e o Tradicionalismo. Plural, 29(01), 208-231. https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2022.193358