O processo de expansão e diversificação das instituições dedicadas ao ensino e à produção científica e tecnológica tem sido caracterizado pela intensificação das disputas pelo sentido da formação superior e do conhecimento científico. Nesse contexto, o discurso da inovação e do desenvolvimento social e econômico acaba por assumir um papel importante na redefinição das relações entre o setor público e privado no ordenamento das políticas de ciência, tecnologia e inovação. Este artigo procura compreender o modo como as recentes transformações no regime jurídico institucional do sistema de ciência e tecnologia do país têm dado novos contornos a essas relações. A partir de pesquisa histórica sobre a trajetória de atuação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e de pesquisa documental em relatórios e documentos, analisamos o processo de elaboração e implementação do projeto
The process of expansion and diversification of institutions dedicated to education, and scientific and technological production has been characterized by the intensification of disputes over the meaning of higher education and scientific knowledge. In this context, the discourse of innovation and social and economic development has taken an important role in redefining the relationships between the public and the private sectors in the planning of science, technology and innovation policies. This article seeks to understand how the recent transformations in the institutional legal regime of the science and technology system in the country has given new contours to these relations. Based on historical research on the trajectory of the Technological Research Institute (IPT) and documentary research, in reports and documents, we analyze the process of elaboration and implementation of the IPT Open Experience project. We conclude that the legal reforms and the performance of a new group of agents in the IPT ambit contributed to the establishment of a new institutional arrangement directed to the leasing of the Institute to the private sector.
Ao longo das três últimas décadas, o processo de expansão e diversificação das instituições dedicadas ao ensino e à produção científica e tecnológica foi caracterizado pela intensificação das disputas pelo sentido da formação superior e do conhecimento científico. No âmbito das esferas de produção científica, pesquisas de diferentes áreas disciplinares e abordagens teóricas buscaram apontar para o papel determinante da ciência na produção e na acumulação de vantagens diferenciais no contexto de reestruturação competitiva do capitalismo global. Ao postular a necessidade de reorganizar os modos de produção do conhecimento a fim de contribuir para a inovação tecnológica capaz de gerar valor econômico, tais pesquisas conferem uma nova função à ciência (
Ainda, esses estudos, ao passo que buscam descrever e analisar as mudanças contemporâneas no modo de organização e produção do conhecimento científico, também acabam por prescrever um conjunto de mudanças na organização do trabalho acadêmico e da prática de pesquisa. O intuito é aproximar as instâncias de produção e reprodução do conhecimento ao setor produtivo, através, sobretudo, da busca pela inovação e pela valorização econômica do conhecimento. Mudanças dessa ordem foram difundidas pela implementação de políticas governamentais em diferentes países que, seguindo orientações de organismos internacionais, reformaram o arcabouço jurídico institucional das políticas de ciência e tecnologia, adotando novos dispositivos e mecanismos de incentivo à produção científica e tecnológica e à regulamentação da propriedade intelectual (
No Brasil, a emergência do discurso da inovação orientou as reformas nas políticas de ciência e tecnologia levadas a cabo ao longo das últimas duas décadas, produzindo novos ordenamentos jurídicos direcionados a estreitar as relações entre instituições públicas de educação, ciência e tecnologia e as empresas. Partindo de uma perspectiva histórica, alguns trabalhos têm enfatizado o papel desempenhado por cientistas na difusão do discurso da inovação e do desenvolvimento econômico de base científica e tecnológica na elaboração e estruturação dessas políticas (
As mudanças recentes no regime jurídico concernente ao sistema brasileiro de produção científica e tecnológica, tal como a
Nesse sentido, este artigo pretende analisar os efeitos dessas alterações jurídico-institucionais na organização e no funcionamento de uma instituição pública de ciência e tecnologia, reconstruindo os processos de mudança nas diretrizes institucionais de organização das práticas científicas e tecnológicas ao longo de sua história, destacando a trajetória dos principais agentes envolvidos. Mais especificamente, o artigo tem como objetivo compreender em que medida essas mudanças no ordenamento jurídico impactaram a organização e atuação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), analisando as relações estabelecidas entre essa esfera pública de produção científica e tecnológica e o setor produtivo no âmbito da elaboração e implementação do projeto
As diferentes mudanças ocorridas na organização do IPT ao longo de sua trajetória já foram analisadas por trabalhos recentes que, de modo geral, estão interessados em compreender as respostas institucionais às modificações ocorridas no ambiente externo (
A trajetória do IPT está relacionada tanto ao processo de institucionalização da pesquisa na área de engenharia no país quanto às estratégias de desenvolvimento da indústria nacional. Deste prisma, as tensões entre a busca por garantias de condições à produção científica e tecnológica e o atendimento às demandas do setor produtivo marcaram sua trajetória institucional, embora tenham assumido diferentes sentidos ao longo de sua história.
Desde sua criação, em 1899, enquanto Gabinete de Resistência de Materiais, a instituição se desenvolveu por meio de uma relação próxima com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, sendo dirigida por docentes diretamente vinculados à Escola até 1968. O Gabinete inicia suas atividades como um espaço de capacitação técnica e formação de profissionais. Porém, o engajamento dos docentes na instituição e o desenvolvimento e ampliação de suas estruturas tecnológicas acaba por incorporar a produção de conhecimento científico e tecnológico a esse escopo de atuação. A institucionalização da prática científica e tecnológica ocorre quando o então Laboratório de Ensaios de Materiais é transformado em Instituto de Pesquisas Tecnológicas, em 1934, e se consolida com sua transformação em autarquia estadual, em 1944, por meio dos esforços de seus dirigentes por maior autonomia administrativa e financeira na execução de suas atividades.
Entre o final dos anos 1968 e o início dos anos 1990, o Instituto passou por um importante processo de expansão, promovido por engenheiros pesquisadores da própria instituição
Se até a década de 1980 sua consolidação permitiu criar uma ampla estrutura técnica que serviu para aglutinar pesquisadores, técnicos e docentes da Escola Politécnica em projetos de pesquisa científica e tecnológica, mudanças na estrutura de organização do espaço acadêmico das engenharias, e também na estabilidade financeira da instituição, alteraram esse quadro. Por um lado, transformações no sistema de avaliação da ciência e da universidade levaram à intensificação das práticas de pesquisa no âmbito da própria Escola Politécnica, fazendo diminuir as atividades de pesquisa no Instituto. Por outro lado, a crise orçamentária das instituições públicas de ensino, ciência e pesquisa, agravada nos anos 1990, caracterizada pela diminuição no repasse direto de recursos públicos e na diminuição da participação das empresas públicas no financiamento à pesquisa, orientou novas estratégias para assegurar os recursos necessários à sua manutenção. Como consequência dessas transformações, houve uma redução expressiva em sua estrutura de pesquisa e em seu quadro técnico
A partir da década de 1990, são colocados em prática distintos projetos de reorganização do Instituto, encaminhados por diferentes grupos que estiveram à sua frente. Uma primeira fase de reorganização do IPT pode ser enquadrada no período que se inicia em 1994 e se estende até 2006, quando a instituição foi dirigida por três diretores superintendentes vinculados à área de administração pública e universitária. Diante da queda no repasse orçamentário do Estado e da abertura do mercado nacional, que impactou nos aportes econômicos realizados sobretudo pelas empresas públicas, o IPT recorre à implementação de processos de racionalização de sua gestão, tendo como foco a diversificação de suas fontes de recursos (
Durante a gestão do economista Milton Campanário, entre 1995 e 1998, foi desenvolvido o projeto de “Revitalização e Equacionamento Financeiro do IPT”, que buscava reorganizar as instâncias administrativas do Instituto por meio da adoção de uma metodologia de gestão empresarial. É nesse contexto que ocorre a desvinculação da dotação orçamentária do Estado dos recursos relativos ao investimento. Enquanto os repasses públicos passam a se limitar à manutenção de sua infraestrutura e do seu corpo técnico e científico, os recursos para investimento em pesquisas de base científica e tecnológica e operacionalização dos serviços prestados passam a depender da captação de receita própria. Para tanto, o projeto de revitalização do Instituto ancorou-se na definição de áreas estratégicas de sustentação, com o objetivo de “prover apoio tecnológico ao setor industrial; ser instrumento de políticas públicas e manter, aprimorar e ampliar o acervo tecnológico” (
Já no início dos anos 2000, o Instituto passa então a intensificar sua atuação de prestação de serviços tecnológicos junto às administrações públicas e às micro e pequenas empresas. Durante a gestão do engenheiro Plínio Asmann, por exemplo, o IPT desenvolveu, em parceria com o governo estadual e o SEBRAE, dois grandes projetos para esse setor: o Programa de Apoio Tecnológico à Exportação e o Projeto de Unidades Móveis de Atendimento, que buscavam prover soluções de melhoria na qualidade de produtos e processos desenvolvidos por micro e pequenas empresas. Entretanto, a despeito das estratégias adotadas para racionalizar sua gestão administrativa e diversificar sua fonte de recursos, o Instituto continuou a enfrentar problemas orçamentários, intensificados pelas progressivas reduções nos repasses do governo estadual. É ainda neste cenário que, já na gestão de Guilherme Ary Plonski, em 2002, foi criada a Fundação de Apoio ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (FIPT)
Assim, essa primeira fase de reorganização do IPT pode ser caracterizada pelo sentido assumido pelas estratégias de racionalização de suas atividades de atuação e de diversificação de suas fontes de recurso, isto é, estavam orientadas à prestação de serviços tecnológicos ao setor privado e ao estabelecimento de convênios com o governo do estado. No âmbito da produção científica e tecnológica do Instituto, suas condições de realização foram atreladas à receita obtida na prestação desses serviços, de modo que a organização de suas práticas científicas foi impactada pela escassez de recursos.
Uma segunda fase de reorganização do IPT compreende o período entre 2008 e 2018, quando o discurso em torno da inovação e a mobilização estratégica das reformas jurídicas das políticas de ciência e tecnologia passam a orientar mais diretamente os processos de reorganização do Instituto a fim de retomar suas condições para investimento em pesquisa. Em 2008, no início da gestão do engenheiro João Fernando Gomes de Oliveira, é lançado o Projeto Moderniza, com o objetivo de recuperar as condições de produção científica e tecnológica do Instituto, com foco no “desenvolvimento e na inovação tecnológica”, realizando investimentos em três áreas: formação e ampliação de recursos humanos, expansão e capacitação laboratorial e investimentos em novas tecnologias. Para tanto, houve uma inflexão na lógica do repasse orçamentário estadual ao IPT que, durante quatro anos, acompanhou crescimento. Também foram importantes os recursos obtidos a partir das mudanças nas políticas de ciência e tecnologia, estabelecidas com a Lei da Inovação de 2004.
A reforma jurídico-institucional promovida pela Lei de Inovação de 2004 abriu espaço para uma série de articulações institucionais e jurídicas entre universidades, instituições de pesquisa e empresas, tais como o compartilhamento de espaços, recursos humanos e materiais entre instituições públicas de ensino e pesquisa e empresas; a flexibilização das condições de trabalho de pesquisadores em instituições de ciência e tecnologia públicas e o investimento direto de recursos da união e das agências de fomento nas empresas, no apoio às atividades de pesquisa e desenvolvimento (
Nesse sentido, no âmbito do IPT, a Lei de Inovação, naquele momento, significou uma possibilidade estratégica de diversificação de suas fontes de recurso, orientada para a realização de projetos de pesquisa, em articulação com agências de fomento e empresas. Seus efeitos na organização do Instituto podem ser observados na criação, em 2009, de duas estruturas administrativas importantes: a Diretoria de Inovação e a Gerência de Gestão Tecnológica
Essas mudanças conferem um novo sentido à organização administrativa e institucional da produção científica e tecnológica do Instituto, tal como indicado na revisão de sua missão institucional, também em 2009: “criar e aplicar soluções tecnológicas para aumentar a competitividade das empresas e promover a qualidade de vida” (
Isso permite afirmar que, ainda que a geração de receita com atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico e a preocupação em impactar a competitividade do setor produtivo tenham se colocado como meta institucional do Instituto, este não prescindiu da definição de uma agenda estratégica de pesquisa. Isso porque ele procurou contemplar determinadas áreas de interesse de seus pesquisadores que fossem condizentes com a modernização de sua estrutura tecnológica, além de corresponder às possibilidades de garantia das fontes de recursos emergentes
Essa fase também se caracterizou por estratégias que buscavam transformar a cultura e a prática científica de seus pesquisadores e técnicos na direção de desenvolver capacitações específicas que permitiriam ampliar as formas de atuação do IPT em relação à articulação e proposição de projetos com empresas. Para tanto, entre 2009 e 2011, o Instituto estabeleceu um convênio com a empresa de consultoria internacional
Assim, novos mecanismos de controle e regulação são estabelecidos, por meio da definição de critérios relacionados às competências gerenciais e negociais no processo de avaliação de seus pesquisadores. Embora não seja objetivo deste trabalho compreender os efeitos desse processo na cultura e na prática científica do IPT, importa destacar o sentido que lhe é posto por seus dirigentes. A proposta aqui passa pela mudança na forma de atuação dos institutos de pesquisa tecnológica, através da transformação de seus pesquisadores e técnicos em “agentes de inovação”, dotados de novas competências capazes de identificar “demandas e oportunidades” e, assim, possibilitar aos institutos atuar como gestores de “todo o processo de inovação”, articulando projetos de “grande porte” entre agências governamentais e de fomento, outras instituições de pesquisa e empresas (
Entre 2012 e 2018, durante a gestão de Fernando Landgraf, essa tendência será intensificada. Ao longo desse período, o Instituto passou por uma nova fase de recessão dos repasses orçamentários do estado, impactando os recursos diretos disponíveis para investimento, e acarretando a redução de seu corpo profissional e técnico
De todo modo, neste período, a despeito das dificuldades orçamentárias e da diminuição de seu quadro profissional e técnico, o IPT logrou aumentar sua participação em projetos de pesquisa e desenvolvimento
Finalmente, a partir de 2019, o IPT entra em uma nova fase de reorganização, com a implementação do projeto
Em janeiro de 2019, o engenheiro Jefferson de Oliveira Gomes
Nos âmbitos administrativo e operacional, o Instituto promoveu algumas medidas de reorganização de sua infraestrutura tecnológica e gerencial e de redução de seu quadro de funcionários
Do ponto de vista institucional, a nova gestão redefine a visão do IPT: “desenvolver e incorporar inovação nos negócios, potencializada pelo aporte do conhecimento e da infraestrutura do IPT, pelo modelo
O Programa teve seu modelo jurídico elaborado pelo primeiro diretor do projeto, o administrador Rodrigo Teixeira
A Lei de Inovação de 2004, em seu art. 4º, determinava a possibilidade de celebração de contratos ou convênios pelas instituições de ciência e tecnologia, para o compartilhamento de seus laboratórios, equipamentos, instrumentos, materiais e demais instalações com micro e pequenas empresas para atividades voltadas à inovação tecnológica e com empresas nacionais e organizações de direito privado para a realização de atividades de pesquisa. O Marco Legal instituiu novos dispositivos que modificaram essas possibilidades. A inclusão do art. 3B não só garantiu às agências de fomento e às instituições de ciência e tecnologia a possibilidade de “criação, a implantação e a consolidação de ambientes promotores da inovação”, como também permitiu a cessão de uso de imóveis diretamente às empresas, ICTs e entidades, bem como o compartilhamento de seus recursos com empresas de qualquer porte, incluindo não apenas as nacionais, como também as estrangeiras
Assim, o projeto do
O chamado
A modalidade de participação empresarial de
Diferentemente das estratégias observadas na fase anterior de reorganização do Instituto, as transformações operadas, sobretudo com o projeto
Finalmente, vale indicar que, ao longo dos últimos três anos, essas transformações foram acompanhadas da entrada de novos agentes no Instituto. Em 2020, houve uma recomposição da sua diretoria: a engenheira ambiental Cláudia Echevenguá Teixeira assume a Diretoria de Inovação e Negócios, o engenheiro químico Adriano Marim de Oliveira é nomeado para a Diretoria de Operações e Alessandro Pansato Rizzato
Em entrevista recente, o então diretor presidente do IPT, Jefferson de Oliveira Gomes, declarou
Em São Paulo, em um raio de 3,5km do Butantã, você vai pegar 40% das startups brasileiras de base tecnológica; vai pegar o PIB brasileiro, que é a Avenida Paulista, Faria Lima e Berrini; vai pegar uma bela de uma universidade chamada USP; vai pegar o Instituto Butantã; o IPT, que são vizinhos... Você pega um centro nervoso econômico com tamanha quantidade de gente. Enquanto o percentual de pessoas no ensino superior brasileiro é de 16%, nessa região, que tem Paraisópolis e Favela do Jaguaré, o índice de pessoas no ensino superior é de quase 40%, e também em cursos técnicos. Então, resultado prático: ali você tem um espaço interessante para que haja crescimento. Mas já tem, faz tempo, nunca foi nada diferente disso. A diferença agora, com a Lei, o Marco Legal da Inovação, é que se você tem uma empresa de biotecnologia, se você tem uma startup de biotecnologia, o que você precisa? Precisa de laboratório pra usar. Se você quer montar uma empresa de inteligência artificial com sensores pra serem aplicados com sistemas 5G em automóveis, do que você precisa? De equipamentos [...] O que aconteceu nos últimos 20 anos é que você teve um grande investimento em tecnologias nas universidades brasileiras e nos centros de pesquisa. Por que a gente não faz também com que esses laboratórios, que são super bem dimensionados, possam ser compartilhados com empresas e startups? [...] Então o que foi pedido pra mim foi o seguinte: faça as empresas gerarem ebulição para que levante capital da região, não para o IPT simplesmente, mas capital para a região. E daí a gente tem PIB, porque a gente tem plantas piloto para a construção de coisas.
O enunciado explicita a visão que tem orientado as transformações ocorridas com a implementação do projeto IPT Open Experience. Ao reivindicar que o aparato público das instituições de educação, ciência e tecnologia sejam colocados à disposição de agentes privados, ignora a missão e a função pública dessas instituições e propõe um novo modelo de aproximação entre as esferas da ciência e da economia. O excerto expõe, ainda, o objetivo mais amplo desse projeto, ao vincular a abertura dessas instituições públicas para o setor privado ao processo de reestruturação urbana e econômica da Zona Oeste da cidade de São Paulo.
Trata-se, na verdade, do projeto de criação do Centro Internacional de Tecnologia e Inovação (CITI). A iniciativa tem como objetivo aglutinar um conjunto de equipamentos públicos da região Oeste da cidade, que já foram alvo de inúmeros projetos de requalificação urbana, em torno da criação de um distrito tecnológico. O projeto está sendo realizado pela SDECTI e a menção mais antiga ao projeto é de 2018, quando se estabeleceu uma parceria entre a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e a FAPESP para a realização de estudos preliminares e a elaboração de um Termo de Referência de criação de um distrito tecnológico na região
O projeto pretende realizar uma grande transformação urbana na região próxima à cidade universitária da USP, no Butantã, com o objetivo de formar um “cinturão de empresas de inovação e tecnologia de alta intensidade” (
O projeto de criação de um Parque Tecnológico do Estado na região do Jaguaré foi lançado ainda em 2002, durante a primeira gestão do governador Geraldo Alckmin. No entanto, somente em 2011 foram iniciadas as obras de construção da sede do Parque, no terreno de 46 mil m² localizado ao lado da USP, próximo ao portão 2 da cidade universitária, no Butantã. As obras foram concluídas no final de 2014. Em 2015, o prédio se tornou a nova sede da Investe SP, organização social ligada à Secretaria de Fazenda e Planejamento e voltada para a promoção de investimento, exportação e inovação. Desde então, a proposta de abrigar empresas de base tecnológica nunca se efetivou e o formato mudou diversas vezes. Recentemente, a SDECTI realizou um estudo de pré-viabilidade dessa segunda fase do CITI, em parceria com a InvestSP, Urbit e Kolx, o qual contempla a proposição de um modelo de estruturação de complexos empresariais na área do Parque, focados em novas tecnologias e integração com diferentes usos e agentes econômicos. Além disso, foi autorizada a criação de um Grupo de Trabalho para iniciar o processo de realização de uma parceria público-privada, com o objetivo de conceder a área para execução de serviços de construção, operação, manutenção e exploração comercial
A terceira e a quarta etapa preveem a ampliação dos espaços para a instalação de laboratórios e centros de inovação de empresas,
A quarta etapa prevê a transformação do bairro da Vila Leopoldina em um polo de tecnologia, por meio da desativação da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) e a implantação de um projeto de requalificação urbanística e econômica do bairro. Os estudos realizados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), em parceria com a FAPESP, estabelece a diversificação de usos da área para exploração comercial, entre inovação, com a instalação de laboratórios experimentais, estúdios, escritórios de universidades, centro de convenções, estações de trabalho etc.; residencial, com uma oferta diversificada que inclui moradias de baixa renda, moradias compartilhadas, hotéis e moradias estudantis; comercial e de serviços, com a ampliação da estrutura já existente no bairro; e cultura e lazer, com a instalação de espaços para eventos, jardins, cinemas, museus etc. No âmbito da disponibilidade de terrenos públicos, sugere a criação de estabelecimentos públicos de educação, como ETEC e FATEC, e a realização de parcerias com instituições como o Sesc (
Este artigo procurou reconstruir a trajetória histórica de atuação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, a fim de compreender de que modo as recentes mudanças no regime jurídico institucional das políticas de ciência e tecnologia no país têm levado a uma inflexão nos modos de organização da prática científica e tecnológica da instituição. Nessa direção, o projeto
Nessa fase de expansão, o IPT foi dirigido por profissionais vinculados diretamente à instituição: Alberto Pereira de Castro, entre 1968 e 1985; Luiz Carlos Martins Bonilha, entre 1989 e 1990; Francisco de Assis Souza Dantas, entre 1990 e 1994.
Em 1981, o IPT contava com cerca de 3.100 funcionários distribuídos em 20 unidades técnicas e áreas de apoio. No início da década de 1990, o número de funcionários já era de aproximadamente 2.000 (Gusmão apud
A FIPT teve como seu primeiro presidente o economista Milton Campanário, que já havia tentado criar a fundação ainda em 1995, logo após a promulgação da Lei nº 8.958/94, que autorizava a criação de fundações de apoio no âmbito das instituições federais de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica.
O primeiro diretor da nova Diretoria de Inovação foi Fernando Landgraf, entre 2009 e 2012. A Gerência de Gestão Tecnológica foi dirigida por Flávia Gutierrez Motta, entre 2009 e 2013.
Esses dois casos mostram que a articulação com o setor privado tem uma relevância pouco significativa em termos de recursos disponibilizados. No caso do LEL, o recurso de aproximadamente R$ 90,5 milhões teve participação de governos (Governo do Estado de São Paulo e Prefeitura Municipal de São José dos Campos), universidades (ITA, USP, Unicamp, Unesp, FEI), institutos públicos de pesquisa (Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares, Instituto de Aeronáutica e Espaço; e banco e agências de fomento públicos (BNDES, FAPESP, Finep) e uma empresa pública (Embraer). Já em relação a Planta de Gaseificação de Biomassa, o recurso de R$ 80 milhões teve participação do Governo do Estado de São Paulo, institutos de pesquisa (Centro de Tecnologia Canavieira, Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, Esalq), banco e agência de fomento (BNDES, Finep) e empresas: Braskem, Oxiteno, Petrobras, RaÍzen e Vale. As cinco empresas juntas aportaram o valor de 10% do projeto. Cf.
O estabelecimento de um novo modelo de planos de negócios se configurou como um “elemento-chave” nesse processo. Após a definição institucional de quatro grandes linhas de atuação do IPT, nas áreas de pré-sal, sustentabilidade, infraestrutura e bionanomanufatura, coube aos 11 centros tecnológicos do IPT estabelecer também metas e grandes linhas estratégicas de atuação nesses mercados (
Segundo dados do Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária (SIGEO), da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, entre 2014 e 2019 o número de funcionários da instituição teve uma redução de cerca de 20%, variando de 905 funcionários para 685.
Entre 2012 e 2017 a participação de projetos de pesquisa e desenvolvimento na receita da instituição variou de 12% para 37%. Do mesmo modo, o número de patentes registradas variou de uma média anual de cinco registros para o período entre 2008 e 2012 para 11 registros anuais, entre 2013 e 2018 (
A criação da Embrapii em 2013 teve como objetivo fomentar projetos de cooperação entre empresas nacionais e instituições de pesquisa e desenvolvimento para a geração de produtos e processos inovadores. Nesse modelo, os recursos para cada projeto são divididos em uma distribuição tripartite entre a entidade, a instituição de pesquisa e a empresa privada. João Fernando Gomes Oliveira foi cofundador e primeiro presidente da Embrapii.
Em 2017, os cinco parceiros do IPT que tiveram maior contribuição no seu faturamento com projetos de pesquisa e desenvolvimento foram, nesta ordem: Finep, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e Inovação (SDECTI), FIPT; Embrapii e BNDES (
Jefferson de Oliveira Gomes é engenheiro mecânico pela Universidade Federal de Santa Catarina. É mestre e doutor em engenharia mecânica pela mesma instituição. Desde 2004 atua como professor do ITA, onde foi diretor da Fraunhofer Project Center em 2017. Entre 2011 e 2015 foi gerente executivo de Inovação do SENAI/SC. Desde 2018 trabalha em projetos com o Fórum Econômico Mundial. Também foi consultor da Unesco e do Banco Mundial.
Entre 2019 e 2020, o IPT implementou um Programa de Desligamento Incentivado (PDI), o qual foi aderido por 31 profissionais do Instituto (
As sete unidades de negócio passam a ser: materiais avançados; energia; cidades, infraestrutura e meio ambiente; habitação e edificações; tecnologias digitais; bionanomanufatura; e tecnologias regulatórias e metrológicas.
Rodrigo Teixeira é administrador, habilitado em política e gestão de C&T pelo Instituto de Educação Superior de Brasília. É mestre em política científica e tecnológica pela Unicamp, sob orientação de Sérgio Luiz Monteiro Salles Filho. Foi analista de política industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre 2009 e 2010 e gerente de desenvolvimento de negócios do Instituto Euvaldo Lodi, entre 2014 e 2016. Também foi membro fundador da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), movimento coordenado pela CNI, e diretor da
Parte dessas alterações foi viabilizada por meio da Emenda Constitucional nº 85, de 26 de fevereiro de 2015, que possibilitou ao Estado a formação e o fortalecimento da inovação nas empresas, bem como nos demais entes, públicos ou privados, além da constituição e manutenção de parques e polos tecnológicos (
Essas alterações foram posteriormente incorporadas pelas regulações em âmbito estadual, em especial através do Decreto da Inovação, o decreto estadual nº 62.817, de 4 de setembro de 2017.
A empresa foi fundada em 2016, como uma consultoria de gestão empresarial especializada na criação e gestão de espaços de inovação, eventos e aprendizagem exponencial. Foi responsável pela conceituação, execução e gerenciamento do
Desde 2019, o espaço dedicado ao hub incorporou ainda a nova sede da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI). Também serão instalados nesse espaço um Centro de Inovação em Economia Circular, em parceria com o SENAI-CETIQT e a empresa Exchan4Change, além da filial do Fórum Econômico Mundial para o Centro da 4ª Revolução Industrial (C4IR).
Um exemplo disso é a grande amplitude de áreas de atuação das empresas que estabeleceram parcerias no âmbito do
Alessandro Pansanato Rizzato é químico pela Unesp e mestre e doutor em química pela mesma instituição. Atuou no setor privado, dirigindo projetos de inovação e de inovação aberta na Rhodia Solvay Group e no Instituto de Pesquisas Eldorado. É coordenador do comitê interação ICT e Empresa da ANPEI. Foi Vice-coordenador da Comissão de Tecnologia da Associação Brasileira de Indústria Química (ABIQUIM), entre 2019 e 2020, e avaliador de projetos do quadro de notáveis do SENAI.
Marcos Vinícius de Souza é administrador, formado pela EAESP/FGV, com MBA em Desenvolvimento de Clusters, pela CEPAL/ONU, e treinamento em política de inovação pela Agência de Inovação da Suécia VINNOVA, e
A entrevista foi cedida à jornalista Rosana Jatobá na 4ª edição do evento “Festival Inova Klabin”, realizado entre 21 e 25 de junho de 2021, de forma online, no perfil do YouTube da empresa. A pergunta foi a seguinte: “Eu queria que você contasse aqui pra gente um pouco mais a respeito do
Cf.:
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