Qual o lugar da mulher negra nos estudos da academia? Uma investigação da produção stricto sensu sobre a mulher negra no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2024.224349Palavras-chave:
Mulher Negra, Produção Científica, Stricto Sensu, Interseccionalidade, DecolonialidadeResumo
Observando a relação interseccional que atravessa a vivência das mulheres negras, o seu enfrentamento cotidiano a desafios que coadunam marcadores de raça, classe e gênero, o presente artigo tem por objetivo analisar o olhar da academia sobre tais mulheres, essencialmente a partir da pós-graduação stricto sensu. Buscou-se identificar, através de um estudo quali-quantitativo, como a temática é abordada nas instituições de ensino superior brasileiras e as características associadas a sua produção: onde estão sendo produzidas (universidades, programas de pós-graduação, estados e capitais), qual o perfil dos autores, bem como o contraste de sua produtividade com outras temáticas étnico-raciais. A pesquisa contou com uma amostra de 2.723 teses e dissertações reunidas em um recorte de cinco anos, de 2017 a 2021. A partir dos dados e das análises desenvolvidas, foi possível identificar que a maior parte das produções stricto sensu advém de universidades públicas, que a maioria das autoras são mulheres, que as humanidades lideram dentre as áreas do conhecimento e que, apesar de outras temáticas étnico-raciais se encontrarem em expansão nos últimos anos, as produções sobre a mulher negra vêm diminuindo. Algumas das causalidades apontadas são os cortes de bolsas no âmbito da educação superior, que corroboram para a intensificação da fragilidade social a qual tais mulheres já se encontram submetidas.
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