Qual o lugar da mulher negra nos estudos da academia? Uma investigação da produção stricto sensu sobre a mulher negra no Brasil

Autores

  • Tales Gandi Veloso de Andrade Universidade Estadual de Montes Claros
  • Virgínia Marinely Almeida e Pessoa Universidade Estadual de Montes Claros
  • Viviane Santos Miranda Universidade Estadual de Montes Claros
  • Romilda Sergia Oliveira Universidade Estadual de Montes Claros

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2024.224349

Palavras-chave:

Mulher Negra, Produção Científica, Stricto Sensu, Interseccionalidade, Decolonialidade

Resumo

Observando a relação interseccional que atravessa a vivência das mulheres negras, o seu enfrentamento cotidiano a desafios que coadunam marcadores de raça, classe e gênero, o presente artigo tem por objetivo analisar o olhar da academia sobre tais mulheres, essencialmente a partir da pós-graduação stricto sensu. Buscou-se identificar, através de um estudo quali-quantitativo, como a temática é abordada nas instituições de ensino superior brasileiras e as características associadas a sua produção: onde estão sendo produzidas (universidades, programas de pós-graduação, estados e capitais), qual o perfil dos autores, bem como o contraste de sua produtividade com outras temáticas étnico-raciais. A pesquisa contou com uma amostra de 2.723 teses e dissertações reunidas em um recorte de cinco anos, de 2017 a 2021. A partir dos dados e das análises desenvolvidas, foi possível identificar que a maior parte das produções stricto sensu advém de universidades públicas, que a maioria das autoras são mulheres, que as humanidades lideram dentre as áreas do conhecimento e que, apesar de outras temáticas étnico-raciais se encontrarem em expansão nos últimos anos, as produções sobre a mulher negra vêm diminuindo. Algumas das causalidades apontadas são os cortes de bolsas no âmbito da educação superior, que corroboram para a intensificação da fragilidade social a qual tais mulheres já se encontram submetidas.

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Biografia do Autor

  • Tales Gandi Veloso de Andrade, Universidade Estadual de Montes Claros

    Graduando do 8º período de Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), pesquisador junto ao Núcleo de Estudos Espaço Feminino (NEFE); bolsista de iniciação científica pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG); e professor extensionista no Núcleo de Atividades para Promoção da Cidadania (NAP-Unimontes).

  • Virgínia Marinely Almeida e Pessoa, Universidade Estadual de Montes Claros

    Analista de Sistemas. Bacharel em Sistemas de Informação pela Faculdade Santo Agostinho. Graduanda do 6º período de Ciências Sociais pela Unimontes.

  • Viviane Santos Miranda, Universidade Estadual de Montes Claros

    Advogada. Bacharel em Direito pela Unimontes. Graduanda do 8º período de Ciências sociais pela Unimontes. Pesquisadora junto ao NEFE

  • Romilda Sergia Oliveira, Universidade Estadual de Montes Claros

    Psicóloga. Mestra em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Doutoranda em Psicologia Social pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG; Docente do Departamento de Política e Ciências Sociais da Unimontes, Coordenadora do NEFE

Referências

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Publicado

2024-10-07

Edição

Seção

Dossiê "Feminismos e antifeminismos na política "

Como Citar

Andrade, T. G. V. de ., Pessoa, V. M. A. e, Miranda, V. S. ., & Oliveira, R. S. (2024). Qual o lugar da mulher negra nos estudos da academia? Uma investigação da produção stricto sensu sobre a mulher negra no Brasil. Plural, 31(1), 31-50. https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2024.224349