Mulheres das águas: do grito da pesca ao grito da pescadora artesanal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2024.230091

Palavras-chave:

Cartografia, Movimentos sociais pesqueiros, Pescadoras artesanais, Trabalho reprodutivo, Território tradicional pesqueiro

Resumo

As pescadoras artesanais lutam pelo reconhecimento do território tradicional pesqueiro. Como essa questão ecosófica torna-se uma questão ético-política da luta e da estética da existência das mulheres no trabalho da pesca artesanal? Quais modos de resistência as mulheres produzem em defesa da igualdade na relacionalidade de gênero e representatividade nos movimentos sociais pesqueiros? Cartografar processos de subjetivação e enunciação da luta das mulheres em defesa da vida resultou neste relato de pesquisa. Compõem esta cartografia: encontros, assembleia, Grito da pesca e entrevista cartográfica. O protagonismo das mulheres evidencia-se: a) na invenção de outros espaços de luta e reinvenção de si contra o não reconhecimento como pescadora; b) na defesa do trabalho artesanal contra a negação e exclusão política da vida de humanos e não humanos pelo Estado e c) nas incidências políticas e no enfretamento de problemas psicossociais relacionados com racismo ambiental e impactos socioambientais de empreendimentos econômicos. Essas mulheres constroem processos singulares ecosóficos para operar, social e politicamente, no tensionamento dos movimentos sociais pesqueiros em prol de vidas vivíveis e reconhecíveis.

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Biografia do Autor

  • Cassio Marques Ribeiro, Escola de Saúde Pública do Ceará

    Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Piauí - UFPI e Psicólogo pela mesma instituição. Educador Popular em Saúde e Especialista em Saúde da Família e Comunidade pela Escola de Saúde Pública do Ceará - ESP/CE. Interessado em Saúde Coletiva, Cartografia e Esquizoanáilse dos processos de subjetivação em Arte, Saúde e Cuidado de Si, principalmente em "cenários da vida precária".

  • Antônio Vladimir Félix-Silva, Universidade Federal do Delta do Parnaíba

    Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Delta do Parnaíba-UFDPar/Parnaíba-PI. Doutor em Ciências Psicológicas pela Universidade de Havana (Cuba). Atualmente, coordena o TeArES - Tenda de Artes e Educação em Saúde e está vinculado à linha de pesquisa Psicologia, Saúde Coletiva e Processos de Subjetivação (PPGPsi/UFPI) e ao grupo de pesquisa Política, Produção de Subjetividade e Práticas de Resistência (UFRN). Pesquisador vinculado ao Observatório da Pesca Artesanal, co-fundador do Acolhe Trans e membro do Conselho Pastoral dos Pescadores - CPP(PI/CE). Realiza pesquisas com Esquizoanálise e Cartografia dos Processos de Subjetivação em Saúde e Educação da Diferença em Contextos de vidas precárias, Movimentos Sociais Pesqueiros (MPP e ANP), Comunidades Tradicionais Pesqueiras e Movimentos Minoritários, tais como: Hip-hop; Slam das Minas; Artistas de Rua; Marisqueiras; Pescadoras e Pescadores Artesanais; Pessoas em Situação de Rua; População LGBTTQIA+; Transexualidade; Transfeminismo; Feminismos; Comunidades de Terreiro/RENAFRO Saúde; Pessoas em Situação de Cárcere; Pessoas com Sofrimento Psíquico em Conflito com a Lei; Juventude, Crianças e Adolescentes em Conflito com a Lei; Profissionais, Familiares e Usuários da Rede de Saúde e da Rede de Atenção Psicossocial.

  • Osmar Rufino Braga, Universidade Federal do Delta do Parnaíba

    Educador Popular, Graduado em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, Mestre e Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará. É professor efetivo da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar). É membro do Grupo de Pesquisa Diálogos e Reflexões em Educação, vinculado ao CNPq. O trabalho de doutorado, ancorado na Pesquisa-ação, discutiu sobre autobiografização e formação de jovens na periferia, utilizando um dispositivo de pesquisa próprio, apresentando um método inovador de trabalho com as juventudes. Tem experiência na área da educação, juventudes, planejamento, monitoramento e avaliação de programas sociais em ONGs. Tem atuado com os seguintes temas: formação sociopolítica de adultos, adolescentes e jovens; semiárido e educação do campo.Foi professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), e do Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos (ICEC).

  • Alessandra Sávia da Costa Masullo, Universidade Federal do Ceará

    Doutoranda em Educação na Universidade Federal do Ceará. Possui graduação em Pedagogia pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (2022), graduação em Serviço Social pela Universidade Estadual do Ceará (2007), mestrado em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará (2015), pós-graduação em História e Cultura Africana e dos Afrodescendentes pela Universidade Federal do Ceará (2010), pós-graduação em Serviço Social, Políticas Públicas e Direitos Sociais pela Universidade Estadual do Ceará (2010).É atuante do Movimento Negro. É colaboradora da Articulação Nacional das Pescadoras Artesanais - ANP. Educadora Popular em Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz. É integrante do NACE - Núcleo de Africanidades Cearenses, da Universidade Federal do Ceará, integrante do NEGRACT- Núcleo de estudos sobre Gênero, Raça, Classe e Trabalho, da Universidade Federal do Delta do Parnaíba. Estuda pretagogia, educação das relações étnico-raciais, oralidades, tradição oral africana, educação antirracista, educação popular, religiosidade/espiritualidade de matrizes afrobrasileira e indígena..Canta, compõe, toca percussão. É filha das Águas. Tem amor pelo Mar, por gatos, fotografia, poesia. Vivencia sua relação com a ancestralidade - espiritualidade vinda dos povos negros e indígenas no seu cotidiano. Possui experiência com Movimentos Sociais, ONGs, com Serviço Social, Educação Popular, Educação Popular e Saúde, Educação para as Relações Étnico-Raciais, Arte e Cultura, Juventudes. É brincante de Coco, de Ciranda e Maracatu Cearense. Integra o grupo de cantoras e tiradores de loa do Maracatu Cearense Nação Iracema e do Axé de Oxóssi. É uma das fundadoras do grupo de Coco Maria das Vassouras, Samba pelo Samba e Sembakoco.

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Publicado

2024-12-30

Edição

Seção

Dossiê: Para Além do Centro: Atores Coletivos Periféricos, Movimentos Sociais e Territórios Marginais na Política de Confronto Pós-Junho de 2013

Como Citar

Ribeiro, C. M., Félix-Silva, A. V., Braga, O. R., & Masullo, A. S. da C. . (2024). Mulheres das águas: do grito da pesca ao grito da pescadora artesanal. Plural, 31(2), 32-52. https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2024.230091