“A gente se uniu pela dor”: coletivos de mães e práticas de (re)existência frente à violência de estado no Ceará

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2024.230470

Palavras-chave:

luta, movimentos sociais, feminismos, resistência, violência

Resumo

Este artigo objetiva refletir de que maneira a atuação em coletivos sociais opera como dispositivo de re-existência frente à violência de Estado. Trata-se de uma pesquisa-inter(in)venção, realizada junto a mulheres integrantes de coletivos políticos organizados do Ceará, mais especificamente o “Mães do Curió” e o “Vozes do Sistema Socioeducativo e Prisional”. Durante a pesquisa, além da participação em mobilizações sociais desses coletivos, três mulheres foram entrevistadas. Dialogando com autoras e autores da Psicologia Social e pensadoras feministas, principalmente com viés interseccional e/ou de(s)colonial, na seção de resultados é evidenciado como a atuação em coletivos políticos atua como um dispositivo de apoio psicossocial para essas mães, que no caso dos coletivos acompanhados tiveram seus filhos assassinados ou encarcerados pelo Estado, possibilitando uma outra forma de lidar com suas dores e lutos.

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Biografia do Autor

  • Jéssica Silva Rodrigues, Universidade Estadual do Ceará

    Professora no curso de psicologia da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Doutora e Mestre em Psicologia na Universidade Federal do Ceará (UFC). Especialista em Saúde Mental pelo programa de Residência Integrada em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará (RIS - ESP/ CE). Integrante do VIESES/UFC.

  • João Paulo Pereira Barros, Universidade Federal do Ceará

    Doutor em Educação pela UFC. Professor Adjunto do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFC. Coordenador do Grupo de Pesquisas e Intervenções sobre Violência, Exclusão Social e Subjetivação (VIESES/UFC).

  • Carla Jéssica de Araújo Gomes, Universidade Federal do Ceará

    Graduada em Psicologia e Mestra em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Membro do Grupo de Pesquisas e Intervenções sobre Violência, Exclusão Social e Subjetivação (VIESES/UFC). Docente do Centro Universitário Christus (UNICHRISTUS).

  • Levi de Freitas Costa Araújo, Universidade Federal do Ceará

    Graduando em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Membro do Grupo de Pesquisas e Intervenções sobre Violência, Exclusão Social e Subjetivação (VIESES/UFC).

  • Ana Thais de Albuquerque Norões Boutala, Universidade Federal do Ceará

    Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Membro do Grupo de Pesquisas e Intervenções sobre Violência, Exclusão Social e Subjetivação (VIESES/UFC).

  • Antonio Caio Renan Silva Penha, Universidade Federal do Ceará

    Graduando em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Membro do Grupo de Pesquisas e Intervenções sobre Violência, Exclusão Social e Subjetivação (VIESES/UFC).

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Publicado

2024-12-30

Edição

Seção

Dossiê: Para Além do Centro: Atores Coletivos Periféricos, Movimentos Sociais e Territórios Marginais na Política de Confronto Pós-Junho de 2013

Como Citar

Rodrigues, J. S., Barros, J. P. P., Gomes, C. J. de A., Araújo, L. de F. C., Boutala, A. T. de A. N., & Penha, A. C. R. S. (2024). “A gente se uniu pela dor”: coletivos de mães e práticas de (re)existência frente à violência de estado no Ceará. Plural, 31(2), 53-73. https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2024.230470