Experimentações democráticas sociocentradas na descolonização de práticas de participação: o caso do Conselho da Juventude Pataxó da Bahia
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2024.230473Palavras-chave:
Experimentações democráticas sociocentradasResumo
O ciclo participacionista inaugurado a partir do marco da Constituição Federal de 1988 abriu caminhos para movimentos sociais que apostavam na ação institucionalizada, mas se mostrou incapaz de captar demandas de diferentes camadas da população historicamente excluída. Diante disso, objetivamos compreender práticas insurgentes que, ao não orbitarem em torno do Estado, se mantêm invisibilizadas ou subteorizadas em seu potencial de expansão democrática. É o caso do Conselho da Juventude Pataxó da Bahia, analisado a partir de uma etnografia militante, com o devido suporte teórico-conceitual. Teoricamente, nos valemos de perspectivas descolonizadoras para uma ampliação ontoepistêmica da política, para reconstruir, nesta base, um referencial teórico e analítico centrado na categoria de “experimentação democrática sociocentrada (EDS)”. Concluímos que EDSs simultaneamente criam, restituem e reinventam práticas e saberes de uma democracia substantivamente vivida, revelando potências políticas e inovações públicas para a descolonização das práticas participativas. O CONJUPAB convida a se abrir para a capacidade revolucionária dos movimentos sociobiocentrados e das culturas políticas tradicionais em buscar soluções para os problemas públicos, com/apesar/contra/para além do Estado.
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