Ciclos de bloqueios de rodovia em Novo Progresso (Amazônia)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2024.230477

Palavras-chave:

Mobilizações sociais, Bloqueio de rodovia, Estado, Política, Territorialidades

Resumo

A partir de bloqueios da rodovia BR-163 Cuiabá-Santarém no Sudoeste do Pará, este trabalho discute como essa ação coletiva foi priorizada como forma de interlocução com o sistema político e institucional por agentes sociais heterogêneos e desiguais, que ocasionalmente se aliaram entre si: grandes a pequenos produtores rurais; pequenos agricultores; garimpeiros; mineradoras; empresários; comerciantes; madeireiras; e indígenas. A pesquisa se baseia em etnografia na região, com foco no município de Novo Progresso. Analisa reportagens, pesquisas acadêmicas e documentos administrativos. De modo a demonstrar essa dinâmica das mobilizações sociais e suas relações com o governo federal, analiso ciclos de protestos que permearam dezenas de bloqueios da rodovia desde 2002. Ao debater com a literatura sobre movimentos sociais e confrontos políticos, o presente estudo revela um grande papel de representantes políticos e sociais tradicionais e de pautas referidas a territorialidades nessas ações coletivas na BR-163 paraense. Argumento pela importância de analisar mobilizações fora dos grandes centros urbanos protagonizadas não só por agentes subalternizados, mas também dominantes, reacionários e/ou socialmente desiguais.

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Publicado

2024-12-30

Edição

Seção

Dossiê: Para Além do Centro: Atores Coletivos Periféricos, Movimentos Sociais e Territórios Marginais na Política de Confronto Pós-Junho de 2013

Como Citar

Barbosa, R. L. (2024). Ciclos de bloqueios de rodovia em Novo Progresso (Amazônia). Plural, 31(2), 217-236. https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2024.230477