Resistência urbana através da metanarrativa: o direito ao território mobilizado através de festas e memória social ritualizada
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2024.230491Palavras-chave:
Direito à cidade, Resistência, Memória, Identidade, RituaisResumo
Este artigo é resultado da minha pesquisa de doutorado em Sociologia, que investiga a relação entre identidade e memória local para manutenção da ocupação do Poço da Draga, em Fortaleza-CE. Objetiva compreender de que maneira as visitas podem ser vistas como formas de resistência e ativismo e de que formas a identidade e a memória ajudam a solidificar ações de resistência. Também analisa as narrativas de pertencimento utilizadas para garantir a permanência em áreas valorizadas por projetos de “revitalização urbana”. Para chegar a essa compreensão, foram analisadas as estratégias coletivas de memorialização, como os rituais de aniversário, as rodas dos Guardiões da memória e as visitas guiadas. A pesquisa teve cunho qualitativo-interpretativo, utilizando técnicas como observação participante, entrevistas semi-estruturadas e análise de documentos e dados secundários. O trabalho de campo para a tese ocorreu entre 2014 e 2018, sendo posteriormente complementado com a atualização de dados documentais e participação em visitas guiadas em 2021 e 2022. Conclui que as visitas guiadas e os aniversários despertam memórias e contribuem para a organização coletiva, constituindo resistência contra o deslocamento e, ainda que não sejam confrontos diretos, mostram-se efetivos em fortalecer a comunidade.
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