A construção social do caricaturista na Primeira República

a imprensa ilustrada nos domínios da arte, da política e da intelectualidade

Autores

  • Janine Figueiredo de Souza Justen Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2020.169751

Palavras-chave:

caricatura, imprensa, prosopografia, identidades estratégicas, O Malho

Resumo

Este artigo investiga as dinâmicas de circulação e as condições de acesso e manutenção do grupo de caricaturistas na cidade do Rio de Janeiro na virada do século XX. Sob uma perspectiva prosopográfica, o espaço da imprensa ilustrada da época é delimitado em relação à posição ocupada pela revista O Malho naquele contexto e às posições de seus colaboradores e dirigentes. Com o objetivo de reconstituir representações e práticas a fim de identificar estratégias de distinção dos agentes em pauta, individual e coletivamente, foram coletadas informações biográficas sobre 45 pessoas, entre caricaturistas, jornalistas, escritores e fotógrafos (que muitas vezes acumulavam essas funções), dentre as quais se destacam as que dizem respeito aos percursos escolar e profissional e aos engajamentos. A metodologia abarca a análise de trajetórias, bem como a análise de correspondências múltiplas (ACM). Os resultados apontam para a implantação de um projeto híbrido de “identidades estratégicas”, deslocando-se do espaço da imprensa aos domínios da arte, da política e da intelectualidade.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Barbosa, Marialva. História cultural da imprensa: Brasil – 1800-1900. Rio de Janeiro: Mauad X, 2010.
Barbosa, Marialva. História cultural da imprensa: Brasil, 1900-2000. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.
Boltanski, Luc. L’espace positionnel: multiplicité des positions institutionnelles et habitus de classe. Revue Française de Sociologie, Paris, n.14, 1973, p.3-26.
Boni, Paulo César. “Augusto Malta, o documentarista das transformações urbanas do Rio de Janeiro”. Discursos fotográficos, Londrina, v.6, n.9, 2010, p.213-222.
Bordignon, Rodrigo da Rosa. Elites políticas e intelectuais no Brasil: Condições de diversificação e estratégias de carreira (1870-1920). Tese de doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2015.
Bourdieu, Pierre. “L’illusion biographique”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, Paris, n.62/63, 1986, p.69-72.
Cardoso, Pedro Sanchez. A Lithos Edições de Arte e as transições de uso das técnicas de reprodução de imagens. Dissertação de mestrado. Faculdade de História da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008.
Casanova, Pascale. A República Mundial das Letras. São Paulo: Estação Liberdade, 2002.
Ciarlini, Daniel. “Espaços, gêneros e prestígio na vida literária”. Letras em Revista, Teresina, v. 8, n. 2, 2017, p.181-194.
Collovald, Annie. “Identité(s) stratégique(s)”. Actes de la Recherche en Sciences Sociales, Paris, n.73, 1988, p.29-40.
Coradini, Odaci Luiz. “Grandes Famílias e "Elite Profissional" na Medicina no Brasil”. Revista História, Ciências, Saúde, Manguinhos, n.3, 1997, p. 425-466.
De Luca, Tania Regina. Leituras, projetos e (re)vista(s) do Brasil (1916-1944). São Paulo: Editora Unesp, 2011.
Dos Anjos, José Carlos. Elites Intelectuais e a Conformação da Identidade Nacional em Cabo Verde. Revista Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, n.3, 2003, p.579-596.
Fonseca, Joaquim. Caricatura: A imagem gráfica do humor. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1999.
Fonseca, Leticia. Uma Revolução Gráfica: Julião Machado e as revistas ilustradas no Brasil, 1895-1898. São Paulo: Blucher, 2016.
Grill, Igor; Reis, Eliana. “Dos Campos aos Domínios das "Elites" no Brasil”. Revista Tomo, São Cristóvão, n.32, 2018, p.163-210.
Grynszpan, Mario. “Os Idiomas da Patronagem: um estudo da trajetória de Tenório Cavalcanti”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 5, n.14, 1990, p.73-90.
Justen, Janine. A caricatura e o imperativo da modernidade: o papel da revista O Malho nas reformas urbanas do Rio de Janeiro. Tese de doutorado. Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2020.
Lima, Herman. História da caricatura no Brasil. Vol.3 e 4. Rio de Janeiro: José Olympio, 1963.
Lustosa, Isabel. “Humor e política na Primeira República”. Revista USP, São Paulo, n.53, n.p., 1989.
Lustosa, Isabel. “Roteiro para Herman Lima”. Catálogo da exposição “Outros céus, outros mares”. Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro, 1998.
Luz, Angela. “Salões Oficiais de Arte no Brasil - um tema em questão”. Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFRJ. Rio de Janeiro, 2006. p.59-64.
Magno, Luciano. História da caricatura brasileira: os precursores e a consolidação da caricatura no Brasil. Rio de Janeiro: Gala Edições, 2012.
Maringoni, Gilberto. Angelo Agostini: A Imprensa Ilustrada da Corte à Capital Federal, 1864-1910. São Paulo: Devir Livraria, 2010.
Muruci, Lucio. SETH: Um capítulo singular na caricatura brasileira. Tese de doutorado. Faculdade de História da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2006.
Saliba, Elias. Raízes do Riso. A representação humorística na história brasileira: da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
Silva, Rogério. Modernidade em desalinho: costumes, cotidiano e linguagens na obra humorística de Raul Pederneiras (1898-1936). São Paulo: Paco, 2017.
Vale, Rony. “Humor, humoristas e problemas de topia discursiva”. Revista Linguagem em (Dis)curso – LemD, Tubarão, v. 15, n. 2, 2015, p. 267-283.
Velloso, Monica. Modernismo no Rio de Janeiro: Turunas e Quixotes. Petrópolis: KBR, 2015.
Velloso, Monica. Percepções do moderno: as revistas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

Downloads

Publicado

2020-12-21

Edição

Seção

Dossiê: "Sociologia do Jornalismo. Por uma agenda de pesquisa"

Como Citar

Justen, J. F. de S. (2020). A construção social do caricaturista na Primeira República: a imprensa ilustrada nos domínios da arte, da política e da intelectualidade. Plural, 27(2), 31-60. https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2020.169751