Do contrato sexual ao reconhecimento: repensando a prostituição por um olhar teórico-crítico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2021.184139

Palavras-chave:

contrato sexual, Prostituição, Justiça, Reconhecimento, Redistribuição

Resumo

A partir de um breve panorama das críticas do socialismo clássico à prostituição, discutindo a pauta “abolicionista”, propomos uma forma, entre as várias possíveis, de dar continuidade a esses argumentos no âmbito da teoria política contemporânea. O que fazemos é colocar duas autoras socialistas, a princípio dissidentes, em diálogo para analisar o fenômeno da prostituição: 1. Apresentamos a concepção de Carole Pateman sobre a prostituição. 2. Acatamos a crítica de Nancy Fraser ao modelo de Pateman, e utilizamos sua própria teoria crítica da justiça para analisar a questão da prostituição, explorando possíveis aproximações e distanciamentos entre ambas. 3. Apontamos para um possível caminho de se “ler” a prostituição, pelas chaves dos critérios de justiça do reconhecimento e da redistribuição. 4. Buscamos, em suma, reivindicar o papel da teoria política em discutir temas caros ao feminismo, como o da prostituição, tentando contribuir com a abertura e a continuidade dessas discussões nessa área disciplinar.

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Biografia do Autor

  • Tarine Guima, Universidade de São Paulo

    Mestranda em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) e membra do DesJus - Seminários em Desigualdades e Injustiças/CEBRAP. https://orcid.org/0000-0001-6411-4961

  • Thaís de Almeida Lamas

    Mestra em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Paulo (EFLCH-Unifesp) e graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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Publicado

2021-12-22

Edição

Seção

Dossiê "Marxismo, feminismo e a teoria social"

Como Citar

Do contrato sexual ao reconhecimento: repensando a prostituição por um olhar teórico-crítico. (2021). Plural, 28(2), 28-46. https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2021.184139