Em busca do tempo nas ruas e praças de São Paulo

Autores

  • Fraya Frehse Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/dx14zt80

Palavras-chave:

São Paulo (história), tempo, espaço urbano, trajetória intelectual

Resumo

Como será que o cotidiano de nós, pesquisadores urbanos, nas cidades em que vivemos, repercute em nossa trajetória investigativa sobre tais cidades? Argumento neste estudo que há inquietações intelectuais derivadas de nossa condição urbana, por assim dizer. Basta assumir o urbano em termos lefebvrianos; isto é, como referência metodológica para refletir sobre as contradições históricas que impregnam a vida cotidiana na cidade como espaço que simultaneamente favorece e dificulta, de modo privillegiado, o encontro e a simultaneidade das diferenças. Situar cultural e socialmente minhas próprias inquietações intelectuais a respeito de São Paulo na história dessa cidade a partir da década de 1970, mostra que a opção investigativa dos usos das ruas e praças públicas, em particular do centro histórico paulistano, mas também abordagem específica que venho desenvolvendo acerca de tais usos derivam, entre outros, de um impacto existencial muito definido que viver e trabalhar nessa cidade tem exercido sobre minha trajetória intelectual. A São Paulo do presente me interpela constantemente acerca da relatividade dos vínculos que o tempo nutre com o espaço.

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Publicado

2016-07-30

Edição

Seção

Dossiê: Viver e pensar São Paulo e Cidade do México

Como Citar

Frehse, F. . (2016). Em busca do tempo nas ruas e praças de São Paulo. Ponto Urbe, 18, 1-17. https://doi.org/10.11606/dx14zt80