“A maior zoeira” na escola: experiências juvenis na periferia de São Paulo

Autores

  • Cristiane Gonçalves da Silva Universidade Federal de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.11606/k729g110

Palavras-chave:

antropologia, juventude, cidade, periferia

Resumo

O livro é resultado de tese de doutorado em Antropologia Social de Alexandre Barbosa Pereira, concluída em 2010 na Universidade de São Paulo, que, nos termos do próprio autor, se configura na interface entre antropologia, estudos culturais e educação. A condição juvenil, interesse central da obra, é apreendida em múltiplas experiências, caracterizando a etnografia como multissituada, interessada em temas e não em objetos delimitados. Juventude e cidade são categorias orientadoras da etnografia realizada em cinco escolas; quatro públicas, em bairros da zona Sul e Norte de São Paulo e uma escola privada em bairro de classe média no centro-leste, onde o autor assumiu a condição de professor durante a realização da pesquisa. Nesse processo, identificou elementos comparativos e singulares em cada escola, além da observação realizada em outros espaços: lan houses, bailes funk, eventos culturais e de lazer, salas de discussão na internet. A leitura nos convida a dar atenção às inquietações do autor geradas nos encontros com jovens nos bairros periféricos e ao amplo debate teórico que estabelece com pesquisadores interessados, como ele, na condição juvenil e na escola, privilegiando o debate sobre as relações lúdicas e jocosas. Pereira reafirma, do começo ao fim do trabalho, interesse pelas experiências juvenis periféricas que pautam as experiências escolares e são por elas pautadas e pelos nexos existentes entre a noção de juventude, categoria relacional e contextualizada, e a cidade. A escrita é organizada em três capítulos que descrevem, na ordem, as experiências juvenis na periferia, na escola e na zoeira de modo intercambiado. A experiência etnográfica é descrita como tensa e conflituosa e orientada pela definição de escola como uma das agências responsáveis pela definição de juventude, como detentora de estruturas globais configuradas por dispositivo disciplinar, no sentido foucaultiano, e de uma realidade específica. Destacam-se as tecnologias que alteram as relações sociais na contemporaneidade e a zoeira como categoria central na compreensão das práticas lúdicas e jocosas que podem, não raramente, utilizar agentes tecnológicos. É desestabilizadora da rotina e regras escolares, é agonística. Carrega também doses de machismo, racismo e outros preconceitos, além de flertar com a criminalidade. Pela experiência juvenil, o autor apreende a forma como se constitui a experiência escolar na desestabilização da disciplina, tomada na dissonância em relação aos discursos e práticas de controle da escola. As zoeiras questionam a eficácia disciplinar e, ao mesmo tempo, reafirmam preconceitos. Ao final da introdução, inspirado pelas reflexões dos estudos culturais, destaca a forma como a periferia se define pela condição subalterna do jovem periférico sem desembocar numa condição de passividade.

Biografia do Autor

  • Cristiane Gonçalves da Silva, Universidade Federal de São Paulo

    Pós-doutoranda do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo e do Programa de Pós-Doutorado da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires. Docente da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)/ Instituto de Saúde e Sociedade - Campus Baixada Santista

Referências

PEREIRA, Alexandre Barbosa. “A maior zoeira” na escola – Experiências juvenis na periferia de São Paulo. São Paulo: Editora UNIFESP, 2016, 235pp.

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Publicado

2017-07-30

Edição

Seção

Resenhas

Como Citar

Silva, C. G. da . (2017). “A maior zoeira” na escola: experiências juvenis na periferia de São Paulo. Ponto Urbe, 20, 1-7. https://doi.org/10.11606/k729g110