A novidade vai além

Autores

  • Michel P. Soares

DOI:

https://doi.org/10.11606/kmaxzn27

Palavras-chave:

Virada Cultural, Dossiê

Resumo

Várzea do Carmo. Sábado a noite fica assim. Melhor iluminada do que imaginava, caminho tranquilamente pela rua semideserta, acompanhado por alguns transeuntes que seguem para o mesmo destino. Aos poucos surge a memória dos tempos de moleque, quando circulava completamente perplexo por aquele fascinante amontoado de lojas e mercadorias a preços nunca encontrados no centro de Guarulhos. Descendo a Ladeira Porto Geral, chego à Rua 25 de Março, proclamado o maior shopping a céu aberto da América Latina1. Mas à noite é diferente. A diversidade formada por sírio-libaneses, coreanos, chineses e sacoleiras cede lugar a algumas centenas de jovens que circulam pela rua em virtude da 9ª edição da Virada Cultural de São Paulo. Pela primeira vez é montado um palco numa das ruas mais visitadas da cidade, principalmente em decorrência da concentração, proposital por parte dos organizadores, das atividades no centro da cidade. Com alguma frequência caminho por estas ruas, principalmente quando me destino à zona cerealista, do outro lado do Rio Tamanduateí. “O espaço possui seus próprios valores”, conforme nos lembra Magnani (2012, p. 283). Habituado, não me assombro com o imenso fluxo de pessoas, em sua grande maioria comerciantes, lojistas e compradores varejistas. Daniel Miller (2002) observou que para algumas pessoas o ato do consumo é semelhante a um ritual sacrificial. A Rua 25 de Março é isso, um mundo ritual isolado das intenções das metrópoles modernas. Porém, sempre observei que também há espaço para o ócio e o lazer, transformando a região numa imensa feira, “local de comércio, trabalho e sociabilidade” (Sato, 2007, p. 97).

Referências

MAGNANI, José Guilherme. Da periferia ao centro: trajetórias de pesquisa em antropologia urbana. São Paulo: Editora Terceiro Nome, 2012.

MILLER, Daniel. Teoria da Compras: O que orienta as escolhas dos consumidores. São Paulo: Editora Nobel, 2002.

QURESHI, Regula Burckhardt. Music Sound and Contextual Input: a performance model for musical analysis. Ethnomusicology; 31, 1987, p. 56-87.

SATO, Leny. Processos Cotidianos de Organização do Trabalho na Feira Livre. Psicologia & Sociedade; 19, 2007, Edição Especial 1: 95-102.

DOI : 10.1590/S0102-71822007000400013

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Publicado

2013-07-30

Edição

Seção

Dossiê: Virada Cultural

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