Produzindo e reproduzindo: parentesco e nomeação
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-3341.pontourbe.2024.224811Palavras-chave:
Nomeação, Parentesco, BurocraciaResumo
Este artigo é parte da pesquisa de mestrado dedicada ao estudo da nomeação, burocracias e da noção de Pessoa. Aqui descrevo e analiso como diferentes elementos simbólicos interagem nas configurações familiares para produzirem e localizarem crianças nas teias do parentesco. Elementos de negociação, memória ou homenagens aos mortos, nomes interditos, nomes alterados face aos modos como se desenvolveu a gestação etc. Durante a pesquisa, interessado em saber o que levava à escolha de determinados nomes para nomearem crianças, fui apresentado a alguns “causos”. Estes nos dão elementos para pensarmos algumas dinâmicas de parentesco e de sua produção. É a partir de dois destes “causos” que busco desdobrar análises sobre simbolismos, imaginário, projeção, processo de gestação, memórias, filiações e localização desta criança em determinado ponto da família. Ao final, sendo a nomeação uma obrigação, discuto quais as implicações nas dinâmicas de produção do parentesco quando mães/pais não nomeiam.
Downloads
Referências
BESNARD, Philippe; DESPLANQUES, Guy. Un Prénom Pour Toujours: La cote des prénoms hier, aujourd'hui et demain. Paris: Éditions Balland, 1991.
BOURDIEU, Pierre. Razões Práticas: sobre a teoria da ação. 9 ed. Campinas, SP: Papirus, 2008
BRASIL. Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 dez. 1973.
CARSTEN, Janet (org.). Ghosts of memory: essays on remembrance and relatedness. Oxford, UK: Blackwell Publishing, 2007.
CARSTEN, Janet. A matéria do parentesco. R@ u, v. 6, n. 2, p. 103-118, 2014.
CARSTEN, Janet. After Kinship. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.
CHARTON, Laurence; LEMIEUX, Denise. Quand les parents choisissent noms et prénoms: pratiques et rites de nomination au Québec du XXI e siècle. Recherches familiales, n. 1, p. 113-124, 2015.
COELHO, Maria Claudia; VICTORA, Ceres. A antropologia das emoções: conceitos e perspectivas teóricas em revisão. Horiz. antropol., Porto Alegre, ano 25, n. 54, p. 7-21, maio/ago. 2019.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA – CNJ. Resolução nº 485, de 18 de janeiro de 2023. Dispõe sobre o adequado atendimento de gestante ou parturiente que manifeste desejo de entregar o filho para adoção e a proteção integral da criança. Brasília, DF: Conselho Nacional de Justiça, 2023.
COULMONT, Baptiste. Sociologie des prénoms. Paris: La Découverte, 2011.
DAS, Veena. Critical Events: An Anthropological Perspective on Contemporary India. New Delhi: Oxford University Press, 1995.
DAY, Sophie. Threading Time in the Biographies of London Sex Workers. In: CARSTEN, Janet (org.). Ghosts of memory: essays on remembrance and relatedness. Oxford, UK: Blackwell Publishing, 2007. pp. 172-193.
DUARTE, Luiz Fernando Dias. Indivíduo e Pessoa na experiência da saúde e da doença. Ciência & Saúde Coletiva, v. 8, n. 1, p. 173-183, 2003.
FERNANDES, Camila. Figuras da Causação: as novinhas, as mães nervosas e mães que abandonam os filhos. Rio de Janeiro: Editora Telha, 2021.
FINE, Agnés; OUELLETTE, Françoise-Romaine (dirs). Le nom dans les sociétés occidentales contemporaines. Toulouse: Presses universitaires du Mirail, 2005.
FONSECA, Claudia. Mães “abandonantes”: fragmentos de uma história silenciada. Revista Estudos Feministas, v. 20, p. 13-32, 2012.
FONSECA, Claudia; BRITES, Jurema. Ritos de recepção: nomes, batismos e certidões como formas de inscrição da criança no mundo social. In: SOUSA, Sônia M. Gomes (org.). Infância e Adolescência: múltiplos olhares. Goiânia: Ed. UCG, 2003.
FORTIER, Corinne. Quand la ressemblance fait la parenté. In: I GENÉ, Enric Porqueres (eds.). Défis contemporains de la parenté. Paris: Éditions de l’EHESS, 2019. Pp: 251-276.
FORTIER, Corinne. De troublantes ressemblances: un sentiment de parenté. Corps, n. 10, p. 105-113, 2012.
GEERTZ, Clifford. Person, time and conduct in Bali: an essay in Cultural Analysis. Yale University: Southeast Asia Studies, 1966. (Cultural report Series, n. 14).
INGOLD, Tim. Nomear como contar histórias: falando de animais entre os Koyukon do Alasca. In: Estar Vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015. pp. 243-257.
KELMER, João. Parentes de Sangue, Parentes de Penas: nomeando pessoas e relações entre os Bororo. 2021. 265f. Dissertação (Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social). Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.
LE BRETON, David. Por uma Antropologia das emoções. Blog do Sociofilo, [online], 2019. Disponível em: https://blogdolabemus.com/2019/05/13/por-uma-antropologia-das-emocoes-por-david-le-breton/. Acesso em: 21 abr. 2024.
LEMIEUX, Denise. Nommer le premier enfant. Discours et pratiques de parents québécois dans un contexte de changements familiaux et juridiques. In: FINE, Agnès, OUELLETTE, Françoise-Romaine (dir.). Le nom dans les sociétés occidentales contemporaines. Toulouse: Presses Universitaires du Mirail, 2005. pp 163-189.
MACHADO, Igor José de Renó. O inverso do embrião: reflexões sobre a substancialidade da pessoa em bebês prematuros. Mana, v. 19, p. 99-122, 2013.
MARTIN, Anais. “Who do I look like?”: Kinning and resemblance in the experience of French donor conceived adults. Antropologia, v. 6, n. 2, out. 2019.
MAUSS, Marcel. Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a de 'eu'. In: MAUSS, Marcel (org.). Sociologia e antropologia. São Paulo: UBU Editora, 2017. pp. 387-417.
PINA-CABRAL, João de. O limiar dos afectos: algumas considerações sobre nomeação e constituição social de pessoas. Texto apresentado na Aula Inaugural do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Unicamp, São Paulo, abr. 2005.
PINA-CABRAL, João de; VIEGAS, Susana de Matos. Nomes: género, etnicidade e família. Coimbra: Almedina, 2012.
PINA-CABRAL, João de. Dossiê: “Outros nomes, histórias cruzadas: os nomes de pessoas em português. Etnográfica, v. 12, n. 1, 2008.
RAMOS, Alcida Rita. How the Sanumá acquire their names. Ethnology, v. 13, pp. 171-185, 1974.
RAMOS, Alcida Rita. Nomes Sanumá entre gritos e sussurros. Etnográfica, v. 12, n. 1, maio 2008
RINALDI, Alessandra de Andrade et al. O fazer da “entrega voluntária”: moralidades, acusações e biopolítica sobre corpos que gestam. Antropolítica, v. 55, n. 2, 2023.
ROCHA, Juliana Nunes da. Direito de quem e de quê?: o cenário da Entrega Voluntária no Brasil, seus desdobramentos e efeitos. 2024. 145f. Dissertação (Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2024.
VICENTE, André Luiz Coutinho. “Eu tenho um nome, e quem não tem?”: nomeação, escolhas e práticas de registro. 2024. 188f. Dissertação (Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social) – Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2024.
WATSON, Rubie. The named and the nameless: gender and person in Chinese society. American Ethnologist, n. 13, pp. 619-631, 1986.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 André Luiz Coutinho Vicente

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.