A cidade em processo

Autores

  • Ariane Daniela Cole Universidade Presbiteriana Mackenzie; Faculdade de Comunicação e Artes

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v0i22p82-92

Palavras-chave:

Arte, cidade, história da arte, fenomenologia, percepção, processo de criação

Resumo

O presente artigo propõe uma aproximação entre o processo de criação artística e a constituição da cidade por meio da história da arte, da fenomenologia da percepção e da crítica genética, ciência que estuda os processos de criação artística. Essa aproximação é realizada tanto do ponto de vista da constituição e transformação das cidades quanto da interlocução e interação entre arte e cidade. Tanto a história da arte como a fenomenologia e a crítica genética observam o quanto a memória e a imaginação, junto da percepção, são constituintes da subjetividade e instrumentos de elaboração da realidade; pela percepção observamos a realidade que passa a fazer parte de nosso ser. Para a fenomenologia de Merleau-Ponty (1969), o mundo se configura a partir da experiência original, em um nível pré-reflexivo, no qual o corpo é a sede do diálogo entre o mundo e o eu. Assim, para o autor, a forma não é algo externo ao ser; para ter alguma espécie de significação é necessário haver uma comunicação entre a objetividade e a subjetividade, já que a forma é expressão de algo percebido e elaborado. Nesse sentido, percepção, memória e imaginação são agentes importantes na construção do próprio real, tanto individual quanto coletivamente. No bojo desta análise emergem a interlocução entre arte e cidade e a importância da visualidade como manifestação da percepção e da expressão. Já a aproximação com a crítica genética se dá pela análise dos fenômenos que se apresentam nos processos que envolvem a criação artística e a constituição e transformação da cidade, na busca de identificar semelhanças, correspondências, paralelismos. Assim, observaremos o complexo movimento de criação, no qual interagem ações que abrigam tanto a pesquisa, a experimentação, o acaso, os testes, a coleta e armazenamento de informações, apropriações, descartes, assim como transgressões, ajustes, desvios e retornos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ALBERTI, Leon Battista. Da pintura. Tradução de Antonio da Silveira Mendonça. 2. ed. Campinas: Unicamp, 1992.

ARGAN, Giulio Carlo. História da arte como história da cidade. Tradução de Pier Luigi Cabra. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Tradução de Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

BRISSAC PEIXOTO, Nelson. Ver o invisível. In: NOVAES, Adauto (Org.). Ética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

BRISSAC PEIXOTO, Nelson. Paisagens urbanas. São Paulo: Senac/Marca D’Água, 1996.

GOMBRICH, E. H. Arte e ilusão. Tradução de Raul de Sá Barbosa. São Paulo: Martins Fontes, 1986.

GOMBRICH, E. H. História da arte. Tradução de Álvaro Cabral. São Paulo. Círculo do Livro, 1972.

LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

MERLEAU-PONTY, Maurice. O olho e o espírito. Tradução de Gerardo Dantas Barretto. Rio de Janeiro: Grifo Edições, 1969.

OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artistica. Rio de Janeiro: Campus, 1990.

OSTROWER, Fayga. A construção do olhar. In: NOVAES, Adauto (Org.). O olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

PALLAMIN, Vera. Forma e percepção, considerações a partir de Maurice Merleu-Ponty. São Paulo: FAUUSP, 1996.

SALLES, Cecília Almeida. Gesto inacabado: O processo de criação artística. São Paulo: Fapesp/Annablume, 1998.

Downloads

Publicado

2007-12-01

Edição

Seção

Artigos