Casa Valéria Cirell e o nacional-popular

Autores

  • Edite Galote Carranza Universidade Paulista

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v21i35p118-138

Palavras-chave:

Arquitetura moderna. História da arquitetura paulista. Contracultura. Ecologismo. Cultura popular. Projeto.

Resumo

Decorridos mais de vinte anos da morte da arquiteta italiana, naturalizada brasileira, Achillina di Enrico Bo Bardi (Lina Bo), seu trabalho continua presente e despertando interesse de artistas, arquitetos e pesquisadores, nacionais e internacionais. As recentes exposições “O interior está no exterior”, na Casa de Vidro, de curadoria do suíço Hans Ulrich Obrist, e a “Sesc Pompeia: 30 anos”, com a reedição de “Cidadela da Liberdade: Lina Bo Bardi e o Sesc Pompeia”; os livros “Sutis substâncias da Arquitetura”, de O. Oliveira, decorrente de pesquisa de doutorado sobre a obra da arquiteta, e “Lina por escrito: Textos escolhidos de Lina Bo Bardi”, organizado por S. Rubino e M. Grinover; ou, ainda, o nome da arquiteta citado sete vezes no prefácio de J. M. Montaner ao livro “Brasil: Arquiteturas após 1950” confirmam o interesse e sinalizam que ainda há muito a ser investigado em seu trabalho de crítica, design, cenografia e Arquitetura, repleto de subjetividade artística, ideais e filosofia de fundo. Entre suas obras arquitetônicas, a Casa Valeria Cirell, 1958, em São Paulo, merece atenção especial, embora seja menos lembrada que o Masp ou o Sesc Pompeia, dois exemplos de sucesso de público e crítica. Este artigo tem como objetivo analisar a casa e sua estreita relação com o conceito de nacional-popular, a fim de iluminar o entendimento da obra, a qual é um exemplar de sua Arquitetura alternativa ao status quo, bem como outras atividades da arquiteta, por estarem intimamente relacionadas às transformações socioculturais brasileiras e à “filosofia da práxis” de Antonio Gramsci.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Edite Galote Carranza, Universidade Paulista
    É mestre pelo Instituto Presbiteriano Mackenzie, doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, com a tese “Arquitetura Alternativa: 1956-1979”. Atualmente é diretora da G&C Arquitectônica e da revista eletrônica 5% arquitetura+arte ISSN 1808-1142; professora da Universidade São Judas e Universidade Paulista.

Referências

ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. 736 p.

ARQUITETURA e desenvolvimento nacional. Depoimentos de arquitetos paulistas. São Paulo: PINIIABSP, maio 1979.

ARTIGAS, João Batista Vilanova. Vilanova Artigas: arquitetos brasileiros. São Paulo: Instituto Lina Bo e P.M. Bardi: Fundação Vilanova Artigas, 1997. 215 p.

BARDI, Lina Bo. Ao “limite” da casa popular. Revista Mirante das Artes e etc., São Paulo, n. 2, p. 20, abril 1967.

BARDI, Lina Bo. Casa de Vidro. Coordenação de Marcelo C. Ferraz. Lisboa: Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, Editorial Blau, 1999. 31 p.

BARDI, Lina Bo. Casas de Vilanova Artigas. Revista Habitat, São Paulo, n.1, p. 2-16, out./dez. 1950.

BARDI, Lina Bo. Contribuição propedêutica ao ensino da teoria da arquitetura. São Paulo: Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, 2002. 95 p.

BARDI, Lina Bo. Lina Bo Bardi. Coordenação de Marcelo Carvalho Ferraz, 3. ed. São Paulo: Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2008. 333 p.

BARDI, Lina Bo. Lina por escrito - textos escolhidos de Lina Bo Bardi. Organização de Silvana Rubino e Marina Grinover. São Paulo: Cosac Naify, 2009. 194 p.

BARDI, Lina Bo. O novo Trianon, 1957-67. Revista Mirante das Artes e etc., São Paulo, n. 5, p. 20-23, set./out. 1967.

BARDI, Lina Bo. Residência no Morumbí. Revista Habitat, São Paulo, n. 10, p. 31-39, jan./mar. 1953.

BARDI, Lina Bo. Uma aula de arquitetura. Revista Projeto, São Paulo, n. 133, p. 103-108, 1990.

BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. 454p.

CAMARGO, Mônica Junqueira de. Joaquim Guedes. São Paulo: Cosac Naify, 2000. 127 p.

CARPEAUX, Otto Maria. História da literatura ocidental. v. IV. Brasília: Edições do Senado Federal, 2008. 802 p.

CARVALHO, Isabel C. M. A invenção ecológica: narrativas e trajetórias da educação ambiental no Brasil. 2 ed. Porto Alegre: UFRGS Editora, 2002. 229 p.

COELHO, Frederico. Eu, brasileiro, confesso minha culpa e o meu pecado: cultura marginal no Brasil das décadas de 1960 e 1970. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. 334 p.

CORONA, E.; LEMOS, C. A. C. Dicionário da arquitetura brasileira. 2 ed. São Paulo: Companhia das Artes, 1998. 479 p.

COSTA, Lúcio. Lúcio Costa: sôbre arquitectura. Organização de Alberto Xavier, 2 ed. Porto Alegre: UniRitter, 2007. 359 p.

COUTINHO, Carlos Nelson. As categorias de Gramsci e a realidade brasileira. In: Nicola Badaloni et al. GRAMSCI e a América Latina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. 159 p.

COUTINHO, Carlos Nelson. Gramsci. Porto Alegre: L&PM, 1981. 232 p.

COUTINHO, Carlos Nelson. Intervenções: o marxismo na batalha das ideias. São Paulo: Cortez, 2006. 191 p.

CZERNA, Renato Cirell. A filosofia jurídica de Benedetto Croce. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1955. 235 p.

CZERNA, Renato Cirell. Casa de 7 mil cruzeiros. Revista Habitat, São Paulo, n. 3, p. 4-5, abr./jun. 1951.

CZERNA, Renato Cirell. Porque o povo é arquiteto? Revista Habitat, São Paulo, n. 3, p. 3, abr./jun. 1951.

DEBORD, Guy. Guy Debord presente Potlatch:1954-1957. Paris: Gallimard, 1996. 292 p.

FONSECA, Tatiana. A recepção e a repercussão das ideias de Antônio Gramsci no Brasil: o particular conceito de sociedade civil. Revista Espaço Acadêmico, Unicamp, n. 78, ano VII, ISSN 1519-6186, nov. 2007. Disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/078/78oliveira.htm. Acesso em: 16 set. 2013.

FRAMPTON, Kenneth. História crítica da arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1997. 529 p.

GARCIA, Miliandre. A questão da cultura popular: as políticas culturais do CPC/UNE. Revista Brasileira de História Associação Nacional de História, São Paulo, v. 24, n. 57, p. 127-162, 2004.

GRAMSCI, Antonio. Concepção dialética da história. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. 341 p.

GRAMSCI, Antonio. Nosso Marx. In: CHASIN J. (Org.) Marx hoje. Cadernos Ensaio, São Paulo, 2 ed., v. 1, 227 p., 1988.

GRAMSCI, Antonio. Obras escolhidas. São Paulo: Martins Fontes, 1978. 420 p.

GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização de cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966. 244 p.

GUEDES, Joaquim. Lembrança de Lina. Revista Caramelo, São Paulo, n. 4, 1992.

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Perspectiva, 2010. 243 p.

LEMOS, Carlos A. C. Uma nova proposta de abordagem da história da arquitetura brasileira. Arquitextos, São Paulo, ano 12, n. 141, Vitruvius, fev. 2012. Disponível em: http://www.vitruvius.com. br/revistas/read/arquitextos/12.141/4214. Acesso em: 03 maio 2012.

MACCIOCCHI, Maria-Antonietta. A favor de Gramsci. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976. 301 p.

MAGALHÃES, S. F. (Org.). Arquitetura brasileira após Brasília: depoimentos. Rio de Janeiro: Edição do IABRJ, 1978. 356 p.

MARTINS, Francisco. A jangada segundo Albuquerque. Revista Habitat, São Paulo, n. 8, p. 50-57,1952.

MARWICK, Arthur. The cultural revolution of the long sixties: voices of reaction, protest, and permetion. The International History Review, v. 27, n. 4, p. 780-806, dec. 2005.

MONTANER, Josep Maria. Arquitetura e crítica. Barcelona: Gustavo Gilli, 2007. 160 p.

MONTANER, Josep Maria. Depois do movimento moderno: arquitetura na segunda metade do século XX. Barcelona: Gustavo Gilli, 2007. 272 p.

NESBITT, Kate. Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica (1965-1995). Organização de Kate Nesbitt. São Paulo: Cosac Naify, 2006. 661 p.

ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e indústria cultural. São Paulo: Brasiliense, 1988. 224 p.

OUTHWAITE, W.; BOTTOMORE, T. 1 ed. Dicionário do pensamento social do século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996. 965 p.

ROSZAK, Theodore. A contracultura: reflexões sobre a sociedade tecnocrática e a oposição juvenil. Rio de Janeiro: Vozes, 1972. 301 p.

RUBINO, Silvana Barbosa. Rotas da modernidade: trajetória, campo e história na atuação de Lina Bo Bardi, 1947-1968. 2002. 256 p. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, UNICAMP, Campinas, 2002.

SARTRE, Jean-Paul. Que é literatura? São Paulo: Ática, 1993. 231 p.

VILLA, Emílio. Construir é viver. Revista Habitat, São Paulo, n. 7, p. 3-9, 1952.

ZEIN, Ruth Verde. Arquitetura da Escola Paulista Brutalista 1953-1973. Tese (Doutorado em Arquitetura) - UFRGS, Rio Grande do Sul, 2005.

ZEVI, Bruno. Un architetto intragitto ansioso. Revista Caramelo, São Paulo, GFAU, n. 4, s/p, 1992. Eventos e catálogos de exposições

Downloads

Publicado

2014-09-10

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Carranza, E. G. (2014). Casa Valéria Cirell e o nacional-popular. PosFAUUSP, 21(35), 118-138. https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v21i35p118-138