O conceito de aura, de Walter Benjamin, e a indústria cultural

Autores

  • Bráulio Santos Rabelo de Araújo Universidade de São Paulo; Faculdade de Direito

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v0i28p120-143

Palavras-chave:

Indústria cultural, Walter Benjamin, cultura e tecnologia

Resumo

Trata-se de uma análise do texto A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica, de 1935, de Walter Benjamin, no qual o autor analisa as alterações provocadas pelas novas técnicas de produção artística na esfera da cultura, e desenvolve, como elemento principal, a tese de a reprodutibilidade técnica provocar a superação da aura pela obra de arte. Tendo como apoio o contraste do texto de Benjamin com o texto A indústria cultural: O esclarecimento como mistificação das massas, de Theodor Adorno e Max Horkheimer, de 1947, e a observação da produção do cinema, da música e do livro (artes necessariamente reprodutíveis), este artigo (a) analisa a tese da superação do conceito de aura pela obra de arte na era da reprodutibilidade técnica, (b) contrasta essa tese com a reflexão sobre indústria cultural de Adorno e Horkheimer e com as características da obra de arte produzida no decorrer do século 20 e início do século 21, e (c) apresenta as contribuições que podem ser retiradas dessa análise para a atual reflexão a respeito dos impactos da Internet e das tecnologias digitais sobre a produção cultural contemporânea. Como resultado principal e do qual decorre outras conclusões, o artigo considera que as técnicas analisadas por Benjamin, apesar de terem tornado a obra de arte independente de um substrato único, não a emanciparam de seu caráter aurático. Os elementos centrais da aura (autenticidade e unicidade) não foram superados, mas, ao contrário, adaptaram-se às mudanças técnicas, adaptação essa que ocorreu em torno da industrialização, a qual marcou a produção cultural no século 20.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ADORNO, Theodor W. On jazz. Essays on music. Londres: University of California, 2002.

ADORNO, Theodor W.; BENJAMIN, Walter. Correspondencia (1928-1940). Madri: Editorial Trotta, 1998.

ADORNO, Theodor W.; BENJAMIN, Walter. HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

ARANTES, Paulo. Benjamin, Adorno, Horkheimer, Habermas – Vida e Obra. In: BENJAMIN, Walter et al. Textos escolhidos. 2 ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

ASCARELLI, Tulio. A atividade do empresário. Tradução de Erasmo Valladão A. e N. França. Revista de Direito Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro. São Paulo: Malheiros, ano XLII, n. 132, p. 203-215, 2003.

BENHAMOU, Françoise. A economia da cultura. Cotia: Ateliê Editorial, 2007.

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. Obras escolhidas: Magia e técnica, arte e política. 6 ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

CEVASCO, Maria Elisa. Dez lições sobre estudos culturais. São Paulo: Boitempo, 2003.

CHAUÍ, Marilena. Cidadania cultural: O direito à cultura. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2006a.

CHAUÍ, Marilena. Cultura e democracia. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2006b.

COMPARATO, Fabio Konder. Estado, empresa e função social. Revista dos Tribunais, São Paulo: Tribunais, v. 85, n. 732, p. 38-46, 1996.

DÉBORD, Guy. La société du spectacle. 3 ed. Paris: Gallimard, 1992.

DUCASSE, Isodore. Poésies. Paris: Tristram, 1870.

EARP, Fábio Sá; KORNIS, George. A economia da cadeia produtiva do livro. Rio de Janeiro: BNDES, 2005.

FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS; Plural Consultoria de Pesquisa. Direitos de propriedade, eficiência econômica e estruturas sociais num mercado de bens culturais: O mercado de música brega no Pará. Relatório de Análise Econômica. São Paulo: Fundação de Pesquisas Econômicas, 2007.

FOUCAULT, Michel. O que é um autor. 2 ed. Lisboa: Passagens, 1992.

GATTI, Luciano Ferreira. O foco da crítica: Arte e verdade na correspondência entre Adorno e Benjamin. 2008. 298f. Tese (Doutorado) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008.

GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988. 12 ed. São Paulo: Malheiros, 2007.

HABERMAS, Jürgen. Mudança estrutural da esfera pública: Investigações quanto a uma categoria de sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.

HARVEY, David. The condition of postmodernity. Cambridge, Massachussets: Blackwell, 1990, c1989.

HOBSBAWM, Eric. Age of extremes. Londres: Abacus, 1996.

KEHL, Maria Rita. Fetichismo. In: KEHL, Maria Rita; BUCCI, Eugênio. Videologias. São Paulo: Boitempo, 2004.

KLEINER, Dmytri; RICHARDSON, Joanne. Copyright, copyleft and the creative anti commons. Disponível em: www.remixtures.com. Acesso em: 15 dez. 2007.

LATOURNERIE, Anne. Petite histoire des batailles du droit d’auteur. Disponível em: http://multitudes.samizdat.net/article168.html. Acesso em: 11 maio 2007.

LEMOS, Ronaldo; CASTRO, Oona. Tecnobrega: O Pará reinventando o negócio da música. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2008.

LÉVY, Pierre. Cyberculture. Paris: Odile Jacob, 1997.

MARCUSE, Herbert. Comentários para uma redefinição de cultura. Cultura e sociedade. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997a.

MARCUSE, Herbert. Sobre o caráter afirmativo de cultura. Cultura e sociedade. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997b.

MELOT, Michel. La notion d’originalité et son importance dans la définition des objets d’art. In:

MOULIN, Raymonde. Sociologie de l’art. Paris: La Documentation Française, 1986.

NOBRE, Marcos. Objeções marxistas? Adorno e Benjamin na “encruzilhada de magia e positivismo” dos anos 30. Cadernos de Filosofia Alemã, São Paulo, v. 3, p. 45-59, 1997.

PALHARES, Taisa. Teoria da arte e reprodutibilidade técnica. In: M. NOBRE (Org.). Curso livre de teoria crítica. Campinas: Papirus, 2008.

ROB, Rafael; WALDFOGEL, Joel. Music Downloading, Sales Displacement, and Social Welfare in a Sample of College Students. Journal of Law and Economics, Chicago, v. 49, p. 29-62, 2006.

SALOMÃO FILHO, Calixto. Direito concorrencial: As estruturas. 2 ed. São Paulo: Malheiros, 2002.

VICENTE, Eduardo. Música e disco no Brasil. 2001. 333f. Tese (Doutorado) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.

WIGGERSHAUS, Rolf. A Escola de Frankfurt: História, desenvolvimento teórico e significação política. Rio de Janeiro: Difel, 2006.

WILLIAMS, Raymond. Cultura. 2 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

WILLIAMS, Raymond. The politics of modernism. Londres: Verso, 1989.

WILLIAMS, Raymond. The sociology of culture. Chicago: University of Chicago Press, 1995.

Downloads

Publicado

2010-12-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

O conceito de aura, de Walter Benjamin, e a indústria cultural. (2010). PosFAUUSP, 28, 120-143. https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v0i28p120-143